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22/11/2008 - 07:55

Beto Pandiani e Igor Bely completam a Travessia do Pacífico


Velejadores chegaram a Bundaberg, na Austrália, encerrando um total de 17.400 quilômetros da inédita viagem, percorrida num catamarã sem cabine de apenas 7,6 metros.

São Paulo (SP) – A Travessia do Pacífico chegou ao fim. Um ano e dois meses depois de partirem de Viña Del Mar, no Chile, Beto Pandiani e Igor Bely desembarcaram na noite desta quinta-feira em Bundaberg, na Austrália, concluindo a aventura que atravessou o Oceano Pacífico Sul a bordo do Bye Bye Brasil, um catamarã sem cabine de apenas 7,6 metros, num total de 17.400 quilômetros, enfrentando extremas dificuldades num clima de superação constante.

“O final da expedição foi muito cansativo, pois tivemos pouco vento. Mas estamos muito felizes por termos concluído esta aventura fantástica. Foi a viagem mais difícil que fiz, com várias quebras do barco e momentos de tensão, em que achei que não iríamos concluir o projeto. Foi sensacional fecharmos a expedição ao fazer mais de 17 mil quilômetros, um terço da volta ao mundo, em um barco sem cabine”, comentou Pandiani.

Ao contrário de outras etapas da viagem, a calmaria marcou o trecho entre a Nova Caledônia e a Austrália. A falta de ventos e o sol forte da região do Pacífico Sul exigiram paciência da dupla, que lutou para controlar a ansiedade após superar diversas dificuldades durante toda a travessia.

“Como o mar estava calmo, o barco foi poupado e resistiu bem neste trecho final, depois da pequena reforma que fizemos em Vanuatu. As últimas 700 milhas, entre Nova Caledônia e Bundaberg, foram de sol fortíssimo, calmaria e muita ansiedade. A gente ficava olhando para o GPS o tempo inteiro”, disse Pandiani.

No total, a expedição teve quatro etapas, divididas em nove pernas. Beto e Igor ficaram 71 dias no mar, em que consumiram 420 litros de água e 210 pacotes de comida liofilizada. A dupla enfrentou nove dias de temporal, avistou baleias e golfinhos, e precisou superar nove quebras no leme e duas na barra transversal.

Com o fim da aventura, o Bye Bye Brasil passará por uma nova manutenção na Austrália, onde deve ser vendido. Beto Pandiani retorna em duas semanas ao Brasil para finalizar os projetos ligados à Travessia. Já Igor Bely viaja direto à França, para retomar os estudos em seu curso de engenharia.

Uma aventura repleta de belezas e superações - A primeira etapa da Travessia do Pacífico teve duração de dois meses e meio, com 31 dias na água. Beto Pandiani e Igor Bely percorreram aproximadamente 7 mil quilômetros entre Viña del Mar, no Chile, e Mangareva, na Polinésia Francesa.

O principal adversário da dupla durante o trajeto foi o tempo. A viagem entre a cidade chilena e a Ilha de Páscoa, primeira parada da viagem, foi marcada por muito frio e uma tempestade com ventos muito fortes de até 45 nós (mais de 80 km/h). Já o percurso até Mangareva foi de muito sol e calor intenso.

“Tivemos muito mar ruim na primeira perna antes de chegar à Ilha de Páscoa. Em uma noite enfrentamos o mau tempo e foi um pouco assustador. Tivemos mais de uma hora com ventos de 45 nós, que depois baixaram para 30 nós. Mesmo assim foi uma situação extrema e bastante complicada. Lidar com o clima foi uma grande lição”, disse Pandiani.

A visita à Ilha de Páscoa compensou as dificuldades. A dupla chegou ao local 17 dias após deixar o Chile. Os exploradores foram recebidos pelos moradores locais com uma grande festa, conheceram a cultura do povoado e visitaram os moais, as enormes estátuas de pedra.

Um problema no barco, porém, entre a Ilha de Páscoa e Mangareva, quase colocou fim à aventura. O travessão frontal rachou e obrigou os velejadores a improvisar uma série de medidas, a fim de conseguirem levar o barco à terra firme. Caso a avaria se agravasse, eles teriam de pedir auxílio à marinha francesa, que monitorava a expedição, e abandonar a embarcação.

“Pela primeira vez na minha vida fiquei bem próximo de perder o barco e todo equipamento. Depois de algumas horas velejando com o barco partido, comecei a perceber que estava agüentando e fui me fortalecendo, mas foi por pouco”, comentou Pandiani. As medidas tomadas pela dupla foram suficientes para levar o barco até Mangareva. As peças defeituosas foram enviadas para o Taiti, onde foram consertadas.

Polinésia encanta os aventureiros - O conserto no barco e a temporada de furacões na região fizeram com que os velejadores fizessem uma pausa de três meses na aventura. Durante o período, lançaram o primeiro DVD da viagem. Retornaram em abril para Mangareva, de onde partiram em direção ao atol de Fakarava, local considerado patrimônio da humanidade pela UNESCO por causa de sua gigantesca barreira de corais.

As 750 milhas percorridas nesta parte da viagem foram extremamente desgastantes para a dupla. Logo em sua primeira noite no mar, os dois pilotos automáticos a bordo do Bye Bye Brasil quebraram e os velejadores foram obrigados a se revezar no leme. O problema foi consertado em Fakarava, onde os aventureiros visitaram a barreira de corais e Igor Bely aproveitou a companhia da equipe de apoio da aventura para mergulhar.

A dupla embarcou para Papeete, no Taiti, uma semana após a chegada a Fakarava. Sem enfrentarem adversidades nesta etapa da viagem, Beto e Igor venceram com facilidade as 250 milhas de distância e foram recebidos por 20 mulheres taitianas vestidas a caráter, que os presentearam com colares de flores e brindaram os aventureiros com uma dança local.

“Foi muito emocionante chegar com uma recepção tão linda como aquela. Elas dançaram para nós, numa cerimônia muito amorosa e graciosa”, comentou Pandiani. Os aventureiros aproveitaram a estadia em Papeete para conhecer a praia de Teahuppo, mundialmente famosa por suas ondas, e o belo jardim botânico local.

Velejadores enfrentam contratempos - A partida de Papeete marcou o início de um período complicado para os velejadores. Constantes quebras no barco e tempestades em alto mar obrigaram a dupla a fazer escalas forçadas em Ilhas Cook e Tonga. “A água entrava com freqüência nas barracas e nos impedia de dormir durante a noite”, lembrou Pandiani.

Após esses contratempos, os navegadores fizeram os consertos necessários e seguiram viagem em direção à Nova Caledônia. Uma nova quebra no parafuso da travessa frontal, porém, comprometeu a estrutura do barco, que podia se desmontar e deixar os aventureiros à deriva a qualquer momento. Mas Beto e Igor se superaram e conseguiram procurar abrigo em Port Vila, em Vanuatu.

Em terra firme, os velejadores fizeram uma revisão no Bye Bye Brasil, onde ficou constatada a existência de uma trinca na travessa frontal, resultado da navegação realizada com o parafuso quebrado.

“Quando começamos mexer nas travessas, o Igor percebeu um início de trinca, quase imperceptível a olho nu. Ficava exatamente no lado oposto ao que quebrou quando chegávamos em Mangareva”, contou Pandiani.

A importante quebra na estrutura do barco fez com que a aventura fosse interrompida por três meses. Beto Pandiani aproveitou a pausa para adiantar alguns projetos ligados à Travessia, como a edição do segundo DVD sobre a expedição e a preparação de um livro com as imagens da viagem.

O velejador também se dedicou a algumas palestras para empresários, coordenou uma exposição na Adventure Sports Fair - feira de esportes de aventura que ocorreu em São Paulo -, e lançou, junto com a fotógrafa Maristela Colucci, uma exposição de fotos da primeira etapa da travessia.

Com o barco consertado, Beto e Igor retornaram ao mar no início de novembro. Com ventos fracos e bastante sol, a dupla passou pela Nova Caledônia, onde permaneceu por cinco dias, antes de concluir as últimas 700 milhas da viagem.

A Travessia do Pacífico tem o patrocínio máster de Semp Toshiba, com patrocínio de Mitsubishi Motors, Fnac, Yahoo! Brasil, Ferrari Stamoid, Red Bull e Mantecorp. Os apoios são da Rede Accor Hospitality, Santaconstancia, North Sails, BL3, Reebok Sports Club, Yacht Club de Ilhabela, Osklen, Sigg, Barracuda, Holos e Arycom.

Para acompanhar todos os momentos da viagem acesse site oficial da Travessia do Pacífico: www.yahoo.com.br/travessia

Os velejadores - Beto Pandiani - brasileiro, 51 anos: Há 13 anos realiza expedições de alta performance pelos mais temidos mares do mundo. Foi o primeiro velejador a unir a Antártica ao Ártico a bordo de catamarãs sem cabine.

Igor Bely - francês, 24 anos - Viveu 18 anos a bordo do veleiro dos pais. Com mais de 200 mil milhas (quase 400 mil km) navegadas, já fez mais de 20 expedições à Antártica e regiões polares.

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