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26/11/2008 - 11:21

Uma política sustentável para a indústria do Acre

A recente reunião do G-20, em Washington, nos Estados Unidos, resultou em recomendação básica de que a economia mundial precisa ser reativada por meio de estímulo ao consumo. Embora em caráter urgente tal providência faça todo o sentido, não se trata, contudo, de uma solução estrutural capaz de estabelecer fundamentos sólidos para a retomada de um ciclo duradouro de crescimento. O simples aquecimento do consumo por meio de medidas artificiais praticamente repetiria as chamadas “bolhas”, como a do próprio subprime norte-americano, epicentro da crise atual, a maior desde o início da globalização.

A reflexão é muito oportuna neste grave momento e se aplica, também, a cada um dos países, ao Brasil e, de modo muito particular, ao Acre. Explico: aqui, o crescimento da indústria deve-se principalmente ao dinamismo do setor da construção civil, suscitado pelo incremento de obras públicas, tanto as realizadas no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), como pela prefeitura de Rio Branco e o Governo do Estado. A grande questão é se esse crescimento pode ser mantido a longo prazo, em especial quando as obras forem concluídas.

O dinamismo recente da macroeconomia brasileira, o aumento da renda das famílias e a expansão do crédito também contribuíram de maneira positiva para o bom desempenho da indústria acreana. Porém, como se observa no Brasil todo, a debilitação do crédito já acende uma luz amarela e desperta o ceticismo geral. Esta é outra evidência de que o Estado, como o País, ressente-se de mecanismos mais sólidos e duradouros para o estímulo permanente ao nível de atividades e ao desenvolvimento da indústria.

Há, no Acre, alguns incentivos ao setor industrial, como PPN ( Programa de Promoção de Negócios) e COPIAI (Comissão de Política Industrial do Estado do Acre), mas não são suficientes numa visão de longo prazo. Tais mecanismos precisam ser atualizados, aperfeiçoados e complementados por leis específicas de incentivos a segmentos e/ou regiões do Estado. A reforma Tributária, que está quase parada no Congresso Nacional, não pode ser utilizada como desculpa para o não estabelecimento desses novos incentivos no Acre.

Outra questão muito importante quanto a uma política industrial de mais longo prazo é a desburocratização, de modo que investimentos de grande porte não fiquem paralisados pela morosidade dos trâmites para seu funcionamento. É o caso, por exemplo, da Usina Álcool Verde, um projeto sustentável, à medida que produzirá etanol, o combustível do presente e do futuro, renovável e mais limpo, que atende à mais recorrente demanda energética mundial. Um projeto como esse, gerador permanente de riquezas e empregos, não pode ficar tanto tempo parado. Outros dois empreendimentos em curso altamente sustentáveis são a Rodovia Transoceânica, ligando Rio Branco aos portos peruanos do Pacífico, e o Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira. Precisamos de muitas obras com essas características.

São imprescindíveis, ainda, melhor infra-estrutura e estratégia de logística, para compensar a distância entre o Acre e os grandes centros consumidores e fornecedores de matérias-primas e materiais secundários. O universo acadêmico do Estado também tem papel fundamental no desenvolvimento de um eficaz programa de incentivo à indústria, não só formando profissionais de excelente nível e incrementando P&D (toda a Amazônia responde por apenas 2% dos doutores brasileiros), como também difundindo a cultura empreendedora no meio universitário. Afinal, se não houver quem abra e desenvolva boas empresas, não haverá negócios rentáveis.

Como se observa, uma política industrial e de fomento econômico implica um conjunto articulado, consistente e amplo de ações e estratégias. Não bastam estímulos esporádicos e sazonais, produtores de bolhas de consumo. O Acre — como o Brasil — precisa de um programa de desenvolvimento proporcional às suas potencialidades e condizente com o sonho de prosperidade de todos os seus habitantes. A grandeza e as dimensões desse sonho dependem da vontade e do empenho de cada cidadão, dos poderes constituídos e de toda a sociedade.

. Por: João Francisco Salomão é o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Acre (FIEAC).

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