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28/11/2008 - 10:03

A crise de Wall Street e seu bolso

Bolsas em baixa histórica, bancos quebrando, fundos pedindo para seus cotistas aportarem dinheiro para cobrir o rombo na conta, seguradoras sendo estatizadas, aposentadorias em risco e um clima de pessimismo generalizado... Será o apocalipse? Certamente não. O que estamos assistindo – ou melhor, vivendo – é mais uma grave crise nos mercados financeiros, daquelas que estávamos muito acostumados a presenciar, mas que já havíamos esquecido diante de tamanha bonança nos últimos anos. Crise que surpreendentemente está atingindo mais aos norte-americanos do que ao resto do mundo. Crise que demorou tanto a chegar que, quando veio, trouxe força acumulada. Até onde ela vai, ou quanto tempo vai durar, ninguém sabe. Se alguém disser que sabe, ignore-o, pois é mais um futurologista que não merece crédito.

A crise que pareceu muitas vezes ter chegado ao fundo do poço acabou se agravando por uma razão simples: empresas estão quebrando em função de más escolhas que fizeram no passado. Bancos concederam crédito a quem não mostrava ter condições de honrá-lo, fundos decidiram investir mais do que podiam para aproveitar uma festança de ganhos nos mercados, gestores conservadores e racionais deixaram de confiar nos indicadores para seguir a euforia das multidões de novos ricos. De repente, parece que ficou fácil ficar rico.

Um fato é evidente: grande parte do dinheiro do mundo simplesmente evaporou, porque foi criado de maneira artificial. O mundo inteiro está mais pobre, alguns muito mais pobres do que outros. Quem tem ações viu seu patrimônio perder valor. Quem tem imóveis terá mais dificuldade para revendê-los, ou o fará a valor menor do que o previsto. Quem pensava em financiar um imóvel ou contratar um consórcio, encontrará dificuldades ou custos mais elevados para fazer isso, afinal os bancos contam com menos dinheiro para emprestar. Tudo indica que estamos vivendo uma recessão.

Se há alguma recomendação a fazer durante uma crise, é a de não adotar atitudes emocionais ou influenciadas por medo. Sim, seus investimentos em renda variável – como ações e imóveis – estão valendo muito menos do que há alguns meses atrás. Mas, se você tem imóveis ou ações de empresas saudáveis, não é o momento de vender seus ativos subvalorizados, a não ser que precise muito do dinheiro neles investido. Se precisar, vale o puxão de orelha: você não deveria estar especulando suas necessidades de uso de dinheiro em renda variável. Quem pode esperar certamente terá um bom dinheiro a recuperar após o final da crise. O problema é que o final da crise pode acontecer no próximo mês, no próximo ano ou na próxima década, ninguém sabe quando. Mas se seu investimento é de longo prazo, mantenha a calma e espere.

Nem todos estão sofrendo com a crise, pois quem direcionou seus recursos para fundos de renda fixa e CDBs pós-fixados está vislumbrando um bom crescimento nas rentabilidades dessas alternativas. Aqueles com recursos em Caderneta de Poupança já não obtêm rentabilidade próxima à das demais alternativas de renda fixa, como acontecia há alguns meses, mas sua situação é melhor do que quem apostou que a festa da renda variável não teria fim.

Quem tem dinheiro para investir deve fazer escolhas. O momento é muito bom para quem quer contar com a segurança e previsibilidade da renda fixa, pois os juros estão elevados e, mesmo que caiam, continuarão remunerando bem seu dinheiro por um bom tempo. Pelo mesmo motivo, a Caderneta de Poupança deve ser esquecida por uns tempos. Já quem sabe que consegue tolerar o sobe e desce dos preços e quer participar da recuperação dos mercados desde seu início, tem agora uma boa oportunidade de comprar ações de boas empresas a preços reduzidos. Aliás, o que não falta ao brasileiro são opções de boas empresas para investir: diferentemente da quebradeira no mercado financeiro dos Estados Unidos, a preocupação por aqui é apenas com a queda nos lucros, ou com aumentos menores que o esperado – nada mau, considerando o furacão pelo mundo. Só não se esqueça de acompanhar as recomendações de especialistas, pois cada empresa será impactada pela crise de uma maneira diferente. Se você pensa em comprar imóveis e tem dinheiro na mão, o momento também é de barganhas. O momento também é excelente para começar um projeto pessoal de investimento diversificado entre renda fixa e renda variável – com a renda fixa pagando bem e a renda variável com pouca perspectiva de perdas significativas.

No final das contas, essa crise reforça as mesmas lições que toda crise costuma deixar. Quero enfatizar três delas. 1) Não existe dinheiro fácil – se você estiver ganhando na moleza, é hora de rever sua estratégia e mudar de investimento. 2) Por mais que um investimento lhe pareça muito atraente, diversifique. Quem mantém há tempos uma saudável estratégia de diversificação está perdendo na renda variável e ganhando na renda fixa. 3) Investimento de risco precisa do tempo trabalhando a seu favor. Não tenha pressa.

Vale também uma dica importante para sua saúde: dê menos atenção à euforia dos mercados, pois ainda temos muito tempo de turbulências pela frente. A informação que realmente fará diferença em sua vida será o resumo dos fatos ao final da crise.

. Por: Gustavo Cerbasi, consultor financeiro e autor de Casais Inteligentes Enriquecem Juntos, Filhos inteligentes enriquecem sozinhos e Dinheiro – os segredos de quem tem, lançados pela Editora Gente.

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