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29/11/2008 - 08:26

O Brasil é um gigante pacífico

O Brasil possui riquezas naturais que exigem muita atenção e investimento governamental. No início de outubro de 2008 o Ministério da Defesa tornou público os recursos da Marinha, Exército e Aeronáutica, retidos no Tesouro Nacional e que já somam R$ 1,8 bilhão. As dificuldades da indústria bélica estão perto do fim. Agora, no final de novembro de 2008, o Governo Federal decidiu ajudar as empresas do setor liberando créditos através de participação acionária, por meio da edição de uma Medida Provisória (MP). O apoio a esse setor está cada vez mais perto.

Já começaram conversações entre Governo e o Congresso Nacional para transformar a MP em Lei. Será um grande impulso à indústria bélica que se integrará à política industrial brasileira. Isso é um bom sinal para os fabricantes de aviões, veículos blindados, helicópteros, aviões, armamentos, embarcações e outras tecnologias, como radares.

Além disso, existe também uma preocupação com a defesa de nossas fronteiras, a partir do “rugido anti-brasileiro, que vem de alguns vizinhos, liderado por nações que pregam a redistribuição de riquezas”, frase publicada em artigo na revista norte-americana Newsweek. O texto ainda dizia que o desenvolvimento do Brasil como potência desperta “agressividade” em vizinhos. Entre outras preocupações, está o nosso mar chamado de “Amazônia Azul”, que representa mais e 50% do território nacional e riquíssimo em petróleo e gás.

A nova MP deverá evitar o que ocorreu com a ENGESA, empresa fabricante de produtos bélicos, na década de 1990. A extinta indústria produzia carros blindados de combate para o exército brasileiro e também para exportação. A ENGESA começou a desenvolver projetos de carros de combate leves e blindados no final da década de 1960.

Depois da Segunda Guerra Mundial, o Brasil recebeu dos Estados Unidos vários blindados, entre eles o Carro de Combate Leve M-8. Porém, já na década de 1960, estava completamente obsoleto. A ENGESA, a partir de adaptações neste carro de combate, desenvolveu o Cascavel, com um novo sistema de propulsão no eixo traseiro que foi patenteado como "ENGESA Boomerang". O sistema permitia ao veículo absorver perfeitamente os impactos dos terrenos acidentados e ultrapassar obstáculos com bastante facilidade.

Outro veículo importante produzido pela empresa era o Urutu, um blindado de transporte de tropa anfíbio, totalmente brasileiro que, junto com o carro de combate Cascavel, tornou-se sucesso internacional, pelo alto desempenho técnico e operacional.

Em 1982, a ENGESA, projetou um veículo de combate para satisfazer as necessidades do Exército Brasileiro e que também pudesse ser exportado. Foi o EE-T1, batizado sob o nome de Osório, um tanque de guerra projetado para ser o principal carro de combate do Exército Brasileiro. Por causa deste veículo essa indústria de produtos bélicos foi à falência. Não que a produção deste tanque tenha sido a causa, mas a falta de empenho e interferência governamental em uma negociação com a Arábia Saudita, para a venda de 702 tanques em um contrato de US$ 7,2 bilhões.

A negociação seria fechada entre os dois governos em uma reunião em Riad entre o então presidente Fernando Collor de Mello e o príncipe Sultan Azsiz Abdulazis. O encontro, inicialmente marcado para o mês de agosto de 1990, foi cancelado por um problema de saúde do príncipe. A nova data havia sido marcada para novembro do mesmo ano. Nesse intervalo, a Arábia Saudita anunciou que compraria os tanques dos Estados Unidos e não mais do Brasil. Como a ENGESA havia apostado todas as fichas na fabricação do tanque Osório, acabou contraindo uma dívida de US$ 53 milhões e que não recebeu apoio para refinanciamento do Governo Federal, que poderia absorver os tanques para o Exército Brasileiro. A companhia quebrou e fechou seis mil postos de trabalho com graves conseqüências econômicas, sociais e também militares.

O lançamento do Plano Estratégico de Defesa, que estava previsto para o dia 7 de setembro deste ano, está com quase dois meses de atraso. A MP, que refere-se aos incentivos financeiros à indústria de equipamentos bélicos, é uma parte do tripé que o governo pretende conceder ao setor. Entre as outras medidas estão: isenções tributárias, linhas especiais de crédito e mecanismos de garantia dos contratos de exportação. Essas medidas deverão aquecer o setor, evitar o que ocorreu com a ENGESA, e, quem sabe um estímulo para o fortalecimento das fronteiras cobiçadas de um gigante ainda pacífico.

. Por: Marcelo Gonçalves* é diretor da BDO Trevisan e responsável pelo escritório de São José dos Campos.| E-mail: [email protected]

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