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02/12/2008 - 08:52

Democratizar o conhecimento é o principal mérito do ensino à distância, afirmam especialistas

No 3.º Encontro de Educação a Distância, promovido pelo CIEE e pela Abed, foi enfatizada a qualidade dos cursos não presenciais e a importância de vencer preconceitos.

A Educação à Distância (EaD) é uma ferramenta valiosa para a inclusão profissional, econômica e social dos brasileiros que vivem em regiões carentes de pólos de ensino superior ou profissionalizante, além daqueles que já estão inseridos no mercado de trabalho, mas não dispõem de condições necessárias para seguir um curso presencial.

Essas afirmações sintetizam o que foi discutido na quinta-feira, 27 de novembro, durante o 3.º Encontro de Educação a Distância, em comemoração ao Dia Nacional de EaD. Durante o encontro, realizado em São Paulo por iniciativa do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) e da Associação Brasileira de Ensino a Distância (Abed), estiveram presentes especialistas de várias partes do país, que compartilharam experiências, debateram idéias e esclareceram dúvidas do público. Algumas palestras foram transmitidas online pelos sites das entidades organizadoras e contaram com a participação dos internautas, que puderam fazer perguntas para os convidados.

“O ensino a distância é uma realidade necessária em nosso país de dimensões continentais”, enfatizou Luiz Gonzaga Bertelli, o presidente-executivo do CIEE. Ele lembrou que esse método de aprendizado tem uma longa história: “No século XIX, agricultores e pecuaristas europeus faziam cursos por correspondência, por meio dos quais aprendiam a melhorar sua produção”, contou. “No Brasil, o primeiro curso a distância foi o de datilografia, implantado em 1891”.

O presidente do CIEE enumerou outras iniciativas implementadas no Brasil com o objetivo de utilizar os diversos canais da mídia para disseminar cultura e conhecimento. Dentre elas, destacou a criação do Instituto Universal Brasileiro, na década de 40, que ministrava cursos técnicos por meio de material apostilado enviado pelos Correios, do Projeto Minerva, transmitido pelas rádios estatais na década de 70, e dos Telecursos de 1º e 2º Grau, uma iniciativa bem-sucedida da Fundação Roberto Marinho e das entidades industriais, como a Fiesp, que tem ajudado a combater o analfabetismo e a melhorar os indicadores escolares em todas as regiões.

“O ensino brasileiro se salvará com medidas pequenas e eficazes, e a principal delas é a boa formação do professor”, declarou Paulo Nathanael Pereira de Souza, presidente do Conselho de Administração do CIEE. Sua observação é especialmente importante quando se constata que, dos professores em sala de aula nas regiões menos desenvolvidas, mais de 70% não têm formação.

Fredric Litto, que preside a Abed, salientou que um dos principais méritos da EaD reside no fato de ser um ensino planejado, com materiais didáticos desenvolvidos especificamente para essa finalidade: “O ensino a distância beneficia principalmente aquela parcela da população que, por inúmeros motivos, não tem condições de ir a um centro educacional”. E acrescentou: “Esses brasileiros também têm todo o direito de se capacitar e conquistar uma certificação.”

Ênfase na qualidade - Um dos pioneiros em ensino a distância no Brasil, João Vianney Valle dos Santos, da Unisul Virtual, sediada em Santa Catarina, lembrou que a EaD é vítima de uma dicotomia entre a realidade, que pode ser mensurada por meio de indicadores concretos – tais como a satisfação dos alunos e o bom desempenho desses no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) – e de um preconceito entranhado nos profissionais de ensino.

“A imagem da EaD está cheia de ruídos, de arranhões”, disse Vianney. “O fato é que o aluno lê 3 mil páginas de conteúdo por ano, tem de realizar pessoalmente as provas, pois sem isso não conseguirá certificação, e deve dedicar de 14 a 16 horas por semana ao estudo, caso contrário não acompanhará o curso”, informou. “Há alunos que desistem depois que descobrem o nível de exigência das aulas”.

Segundo o professor, os elementos que asseguram o sucesso da Educação à Distância são “o rigor na avaliação, a densidade do conteúdo e o respeito entre as partes”.

Para a professora Maria Beatriz Gonçalves, da PUC Minas Virtual/MG, demonstrar a qualidade do ensino a distância é a única coisa que pode ajudar a vencer a resistência cultural que ainda se impõe ao método: “Há muita preocupação quanto à perda da qualidade do ensino, apesar das avaliações mostrarem justamente o contrário”, afirmou. “Outra resistência dos profissionais da educação refere-se ao fato de recearem a perda de seus empregos, um medo que não encontra respaldo na realidade”, completou.

João Vianney também destacou o perfil diferenciado do aluno de ensino à distância: majoritariamente, ele é casado, já está inserido no mercado de trabalho e tem em média 34 anos, 12 a mais do que o aluno presencial.

Por vídeo-conferência, o secretário Nacional de Educação a Distância, Carlos Eduardo Bielschowsky, enfatizou que o governo Lula apóia o desenvolvimento da modalidade no país. “Nosso presidente, nosso ministro e eu, como secretário, acreditamos na Educação à Distância”, disse. O secretário abordou também os motivos que levaram o Ministério da Educação a fechar pólos de EaD de cursos superiores. “temos a obrigação de olhar o que está se passando e tomar medidas para crescer.”

Necessidades do dia-a-dia - A palestrante Rosa Maria Simone, supervisora de Educação a Distância do CIEE, falou sobre os cursos ofertados pela instituição, que tem como foco a complementação na formação profissional do jovem. “Uma pesquisa do Banco Interamericano de Desenvolvimento mostra que o jovem de 15 a 19 anos está despreparado para a vida profissional”, observou.

“Suas principais dificuldades referem-se à capacidade de expressão e de interpretação de textos. Eles também são pouco disciplinados, não têm clareza em relação às expectativas para o futuro, têm pouca noção de hierarquia e administram mal o tempo”, acrescentou a professora. “Para ajudar a preencher essas lacunas de formação, criamos alguns cursos online, de conteúdo voltado às necessidades cotidianos, em linguagem direta e dinâmica”.

Outros destaques (frases): “Recear que o ensino à distância tire os empregos dos professores não faz sentido. É como aquele medo de que as máquinas substituíssem os homens. Isso nunca vai acontecer. A máquina é o meio, o homem é o fim”. Paulo Nathanael Pereira de Souza, presidente do Conselho de Administração do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE).

“Evitar modelos com pouca interação com o professor devem ser evitados”. Professora Rúbia Zulatto, da Universidade Estadual Paulista (UNESP), coordenadora de programas de ensino à distância de matemática e geometria.

“O ensino à distância é parte de uma política de governo, focada na democratização do conhecimento por meio de novas tecnologias. Na Univesp,haverá oferta exclusiva de especialização para professores da rede estadual, em 17 áreas”. Waldomiro Loyolla, coordenador técnico do Programa Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp).

Perfil da CIEE - Fundado há 44 anos, o Centro de Integração Empresa-Escola - CIEE é uma organização não governamental (ONG), filantrópica e sem fins lucrativos. Nessas quatro décadas, já inseriu por meio do estágio sete milhões de jovens estudantes no mercado de trabalho, contando com a parceria de 220 mil empresas e órgãos públicos. Mantido por empresas, sua atuação se pauta pela legislação específica para o estágio: a Lei 11.788 de 25/09/08.

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