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08/03/2007 - 10:22

XIII Escola de Verão em Química Farmacêutica Medicinal


O sol, que andava sumido desde a virada de 2007, voltou a brilhar, na cidade Rio de Janeiro, para receber os mais de 200 participantes da XIII Escola de Verão em Química Farmacêutica Medicinal, no Centro de Ciências da Saúde, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na Ilha do Fundão, evento que aconteceu no início de fevereiro deste ano.

Durante uma semana o evento ofereceu cursos a nível de graduação e pós-graduação, além de conferências de especialistas nacionais e estrangeiros - que representam um verdadeiro up-to-date do saber farmacêutico relacionado à disciplina de Química Farmacêutica Medicinal.

Escola de Verão 2007 - A Escola de Verão em Química Farmacêutica Medicinal é uma atividade de extensão do Laboratório de Avaliação e Síntese de Substâncias Bioativas (LASSBio) que, desde 1994, tem a tradição de ofertar a Escola a cada verão, período geralmente ocioso das instituições de ensino superior. Este ano, para realizar a sua 13ª edição, o evento contou com o apoio financeiro do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), Fundação Universitária José Bonifácio (FUJB) e de importantes parceiros como o Instituto Virtual de Fármacos do Estado do Rio de Janeiro (IVFRJ-FAPERJ) e Instituto do Milênio - Inovação e Desenvolvimento de Fármacos e Medicamentos (IM-Inofar).

"Participei da Escola de Verão há uns 2 anos e vi a importância que ela tem na motivação dos futuros profissionais farmacêuticos. Vejo o entusiasmo que o pessoal do LASSBio tem trazendo essa idéia de estarem em uma época de verão motivando alunos a estarem se preocupando, não só com aquele currículo normal, que a gente tem na formação, mas com idéias novas, tentando sempre cativar pessoas para trabalhar nessa área que é tão importante no desenvolvimento de novos fármacos", declarou a professora Drª. Tereza Dalla Costa, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) que, concomitante a estar ministrando um curso na Escola de Verão, também assistiu as aulas, em que, segundo ela "aprende coisas fantásticas que já lhe deram até idéias para o trabalho de pesquisa que está desenvolvendo no momento".

No Brasil, são poucos os laboratórios envolvidos com a atividade de pesquisa relacionada à Química Farmacêutica Medicinal e a Escola de Verão é importante por congregar competências, especialistas produtivos na disciplina, mantendo um fórum de atualização de tópicos de Química Farmacêutica enfatizando o seu lado Medicinal. A Escola de Verão busca reduzir o comprometimento da capacitação profissional do farmacêutico, legítimo profissional do Fármaco & Medicamento, na importância do conhecimento da relação entre estrutura química dos fármacos e suas atividades terapêuticas, objetivo principal da Química Farmacêutica Medicinal.

Uma atenção farmacêutica responsável e eficiente, como instrumento de assistência integral à saúde, exige do profissional farmacêutico conhecimento aprofundado da disciplina. "Se o farmacêutico não tiver a noção que a estrutura química é responsável pelo bem e mal causado pelo fármaco, ele se comportará como um "papacêutico" (papagaio + farmacêutico) que irá realizar uma assistência farmacêutica copiada, burocrática, talvez até manipulável", alertou o Dr. Eliezer J. Barreiro que, além de organizar, integra também o quadro de professores da Escola de Verão e defende a urgência de se construir uma consciência crítica, em cima dos fármacos, para guiar o modelo de assistência farmacêutica própria do país.

Cinco dias de intensa programação - Foi uma semana de intensa programação para os participantes da Escola de Verão. O evento buscou contemplar os segmentos docente e discente, de graduação e pós-graduação, da área de Farmácia e áreas conexas, como química, por exemplo, oferecendo cursos específicos de ambos os níveis. Além dos seis diferentes cursos de curta duração (seis, nove e 15 horas), houve também as conferências ao meio-dia, ministradas por especialistas qualificados, que foram convidados a apresentar temas atuais e de destaque nos avanços mais significativos na área da Química Farmacêutica Medicinal.

A Escola de Verão tem cursos que são tradicionais, como Introdução à Química Farmacêutica Medicinal e Metabolismo e Toxicidade de Fármacos, que acontecem todos os anos; e os cursos híbridos, a nível de graduação e pós-graduação, que variam a cada edição. "Dependendo da avaliação que eles tenham, mantemos um que seja essencial e colocamos dois novos, ou que já tenham sido apresentados no passado e tenham sido bem sucedidos. Na pós-graduação, sempre privilegiamos que viessem professores estrangeiros, esse ano convidamos Jean-Jacques Bourguignon, da França, e Julio Urbina, da Venezuela", explicou Barreiro, que observou também que os cursos e as conferências têm efeitos pedagógicos distintos. "Enquanto os cursos são mais didáticos, as conferências têm um caráter mais científico".

Curso "Introdução à Química Farmacêutica Medicinal" com Prof. Eliezer Barreiro - O curso Highligths in Medicinal Chemistry, que é voltado para os estudantes de pós-graduação, surgiu em 2003 quando a Escola de Verão recebeu o convite da International Union of Pure and Applied Chemistry (IUPAC) para realizar uma reunião do Comitê de Química Medicinal no Rio de Janeiro. No domingo anterior ao início da Escola de Verão, houve a reunião e, durante a semana, oito especialistas de diferentes partes do mundo apresentaram hi-topics em Química Farmacêutica Medicinal, se revezando em dar o curso. "Gostamos da idéia, tanto que esse curso se tornou constante, mas o conteúdo varia, depende do convidado. Geralmente gira em torno da pesquisa que cada um está desenvolvendo no momento, eles dão conferências e também este curso, que é uma forma de aprofundar o conhecimento", completou Eliezer Barreiro.

Aula do Curso "Highligths in Medicinal Chemistry" com Jean-Jacques Bourguignon (mostra as estruturas químicas como Prof. Estela comenta em seu depoimento)

"Eu sou da área de farmacologia e tenho uma dificuldade de olhar quimicamente, poder fazer uma avaliação a partir de uma estrutura química, onde ela poderia se ligar, que tipo de modificação deveria ser feita para otimizar a molécula, ou se eu tenho um monte de moléculas, quais eu vou escolher para testar. Eu acho que o Highligths está fornecendo um pouco dessa visão que eu sinto falta", confidenciou a professora Stela Rates, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que também ministrou o curso Princípios Básicos de Farmacologia.

A Escola de Verão, ao mesmo tempo que apresenta tópicos modernos, também tem o orgulho de se voltar para o passado e apresentar um curso sobre a História da descoberta de Fármacos. "Muito mais do que simplesmente conhecer o presente, todos os desafios e as tecnologias que existem nos dias de hoje, para o desenvolvimento de fármacos, é muito importante conhecer como mentes que viveram esse fenômeno no passado, com muito menos recursos, conseguiram também desenvolver fármacos que marcaram a nossa história", ressaltou o professor da disciplina Dr. Carlos Alberto Manssour Fraga, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que acredita que a compreensão desses processos históricos seja importante para "abrir a cabeça dos alunos, para que eles possam pensar que podem fazer, muito mais do que eles achariam que poderiam, sem ter ferramentas tecnológicas disponíveis. Se fizeram na década de 20, sem nada, porque hoje dependemos de tecnologia para fazer qualquer coisa?" questiona Manssour.

Perfil dos participantes - Antagonismo puro: alguns muito concentrados, outros já nem tanto; havia também os animados, totalmente acordados e questionadores, e os cansados (pela diversão da noite anterior), mas que marcavam presença mesmo com sono; acompanhados ou solteiros, com sorte ou não nos sorteios, mas todos com uma coisa em comum: a paixão pela Química Farmacêutica Medicinal. Esse é o perfil dos participantes da Escola de Verão 2007, que em sua maioria (90%), é formado por estudantes de graduação. Do total de inscritos, 60% pertencem a universidades públicas e 40% são provenientes das instituições privadas de ensino.

Alguns muito concentrados, outros já nem tanto; acompanhados ou solteiros, com sorte ou não nos sorteios, mas todos com uma coisa em comum: a paixão pela Química Farmacêutica Medicinal.

Como era de se esperar, metade dos inscritos são cariocas, sendo que 75% do total são da região Sudeste, seguido por um expressivo número de participantes da região Centro-Oeste, 20%. O professor de Tecnologia Farmacêutica, Edemilson Cardoso da Conceição, da Universidade Federal de Goiás (UFGO), foi o responsável pelo incremento nos índices de participação regional do Centro-Oeste na Escola de Verão. "Eu acho que esse tipo de comportamento ainda ajuda muito os alunos a abrirem seus horizontes, a profissão em relação a pesquisa, por ter contato com pessoas diferentes, com culturas diferentes, acho que eles só têm a ganhar. A questão do alojamento é importante para ter contato com outras pessoas de outras localidades, a interação faz parte do ritual", ressaltou o professor, que contou que esta é a décima viagem que faz com os alunos em expedições acadêmicas.

Prof. Edemilson e os motoristas do ônibus da UFG - "Vou fazer um projeto de mestrado com a roupagem da química medicinal e vim dar uma geral, ver o que está acontecendo por aqui para me atualizar e também entrar em contato com o arsenal de produção científica da UFRJ", respondeu Charleston Ribeiro Pinto, que está iniciando o mestrado em Química na Universidade Federal de Bahia (UFBA), ao ser questionado por suas motivações profissionais na Escola de Verão.

Charleston junto aos Prof. Julio Urbina e Carlos Manssour -Para José Euzébio Gonçalves Júnior, estudante do 2° período da Faculdade de Farmácia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), os motivos são outros: "Meu objetivo ao freqüentar a Escola de Verão é localizar pontos importantes para depois estudar, pois ainda estou começando na área, ainda nem dei Química Orgânica na faculdade".

José Euzébio Gonçalves Júnior, estudante do 2° período da Faculdade de Farmácia/UFRJ - Na opinião da professora gaúcha Dr. Stela Rates, a Escola de Verão está sendo importante para o seu aprimoramento profissional, favorecendo experiências de ensino da disciplina. "Na universidade em que trabalho, estamos com a proposta de montar uma disciplina que devemos chamar de Farmacodinâmica ou Farmacologia Molecular, na qual vamos aprofundar esses conceitos a nível de pós-graduação. Quando fui convidada para dar o curso Princípios Básicos de Farmacologia, pensei que seria uma ótima oportunidade para organizar o meu pensamento e inventar uma forma de transmitir e construir conhecimento com os alunos. É como se fosse um balão de ensaio para a disciplina que eu pretendo montar", disse Rates.

Profª Stela Rates ministrando o curso Princípios Básicos de farmacologia “ Reforma Curricular” - Face às intensas mobilizações para as novas diretrizes curriculares, no intuito de estender a formação do farmacêutico, de especialista para generalista, a oferta curricular da Química Farmacêutica Medicinal passou a ser ampla, deixando apenas de ser ofertada na habilitação Industrial, aumentando assim a consciência de sua importância dentro da grade curricular e necessitando, consequentemente, de profissionais mais qualificados para trabalhar com a disciplina.

A Escola de Verão cumpre seu papel ao, por meio de seus cursos e conferências, favorecer o estudo da relação estrutura química e a atividade biológica, das estratégias específicas de planejamento, modificação e modelagem estrutural, que são instrumentos fundamentais para a formação crítica do profissional farmacêutico do medicamento, habilitado e capacitado a prestar assistência farmacêutica qualificada.

Desde sua primeira edição, a Escola de Verão tem obtido ótimos resultados nas avaliações feitas entre os participantes, espera-se para que este ano teha acontecido o mesmo. Agora é aguardar pela minuciosa análise do feedback que a Comissão organizadora está recebendo dos alunos, para que a grade da Escola de Verão, para 2008, seja enfim delineada. | Por: Lúcia Beatriz/IVFRJ Online

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