Associação brasileira de componentes para couro, calçados e artefatos

Cada dia a indústria nacional tem sofrido os reflexos da crise mundial. Hoje por exemplo, foi divulgada a maior queda na produção industrial brasileira desde novembro de 2007: tivemos em outubro de 2008 um recuo de 1,7% se comparado a setembro deste ano. O dólar atingiu também a 2ª maior cotação do ano, atingindo R$ 2,392 - o que equivale um aumento de 3,10% diante do real. Os industriais brasileiros, de todos os setores, precisam estar em alerta não somente pelo cenário atual, mas principalmente, pelo panorama que podemos estar inseridos nos próximos meses.

Em encontro recente entre empresários do setor coureiro calçadista na Assintecal, o economista chefe do Banco do Brasil, Uilson Melo Araújo, afirmou que a momento atual pode ser comparado com a crise de 29. Segundo o economista, o longo período de taxas de juros baixas nos Estados Unidos; o aumento substancial do crédito e inflação dos preços dos ativos, especialmente, dos imóveis; imprudência na concessão de crédito; falta de transparência nos balanços dos bancos foram alguns dos principais fatores que contribuíram para muitas economias estarem atualmente em situação de alerta.

Como exemplo desse novo cenário mundial, pode-se citar a China que anunciou a redução em 1,08% na taxa básica de juros, fixando-a em 1,58%, com o objetivo de evitar o que ele chama de "tsunami financeiro'' em 'tsunami real'.

Apesar de ser uma economia emergente, o Brasil já tem sofrido com a desaceleração do mercado. Fatores como retração do crédito, redução do fluxo de capitais, desvalorização da moeda, deterioração das contas externas, elevada correlação entre preços de commodities e das exportações nacionais, forte pressão cambial e elevada volatilidade são alguns dos reflexos imediatos da crise no Brasil.

Neste período, as decisões empresariais devem ser tomadas com pragmatismo e uma visão estratégica. O empresariado deve agir com cautela e foco, alinhando processos, trabalhando com parcerias dentro de sua cadeia produtiva, motivando também equipes e colaboradores nesta empreitada, com o objetivo de reativar o mercado por meio de consumo.

O grande desafio para a política econômica é evitar que a crise de liquidez se traduza em crise de insolvência, bem como preservar e elevar os investimentos produtivos, tanto privados como governamentais. O clima de investimento, também, é ponto central para viabilizar o crescimento sustentável.