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06/12/2008 - 09:12

UFRJ inaugura primeiro Museu de Geodiversidade do mundo


Poucas pessoas sabem o significado e a importância do conceito de "geodiversidade" para se conhecer a história da evolução da vida em nosso planeta. Como explica o pesquisador Emílio Velloso Barroso, chefe do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o termo designa de que maneira a diversidade de rochas, solos e substratos terrestres influencia a vida dos seres terrestres. Para maior divulgação deste conceito e das pesquisas desenvolvidas na área pela universidade, a UFRJ inaugurou, na tarde do dia 4 de dezembro (quinta-feira), o primeiro museu sobre o tema em todo mundo. O espaço, aberto como parte das comemorações pelos 50 anos da criação do Departamento de Geologia, fundado em 1958, contou também com o apoio da FAPERJ por meio de dois projetos ligados ao edital Difusão e Popularização da Ciência no Estado.

"Muito da nossa vida – por que, onde, como, para onde vamos e desastres naturais, como terremotos, furacões, vulcões, mudanças climáticas – é identificado e estudado por meio da geodiversidade", explica o paleontólogo Ismar de Souza Carvalho, diretor adjunto do Instituto de Geociências (IGEO), da UFRJ. O museu abriga a terceira maior coleção de fósseis no país, catalogada pelo sistema Paleo do Serviço Geológico do Brasil, de acervos disponíveis na internet. "Ao todo temos 20 mil exemplares de rochas, minerais e fósseis – só estes são 15 mil. O Museu de Geodiversidade nos possibilita reunir esse importante acervo, que retrata a história geológica da Terra. Assim, o conhecimento adquirido ao longo deste meio século na universidade terá maior divulgação para o público em geral, deixando de ficar restrito aos nossos pesquisadores e estudantes", acrescenta Barroso.

Um dos pontos altos do acervo será a exposição do meteorito Uruaçu, composto principalmente de níquel e ferro, encontrado numa fazenda do interior de Goiânia e ainda pouco estudado pelos pesquisadores brasileiros. "Acredita-se que os meteoritos sejam restos de planetas que existiram no início da formação do sistema solar e se desprenderam no espaço. O registro desses materiais e seu estudo serve para contar um pouco do início da formação da Terra", fala Barroso.

Além dos 50 anos da criação do Departamento, o Museu de Geodiversidade celebra ainda os 40 anos da pós-graduação em Geologia da UFRJ, a primeira criada no Brasil. "Durante a inauguração, um vídeo contará as conquistas e os avanços neste meio século. Numa parceria com a Escola de Belas Artes (EBA) da UFRJ, alguns materiais geológicos serão resgatados em seu valor artístico. Trata-se da reconstrução de um dos portais, em tamanho real, da antiga Igreja dos Jesuítas, que ficava na área onde antes ficava o Morro do Castelo, no centro do Rio, demolido durante as reformas urbanas do prefeito Pereira Passos", conta Emílio Barroso. "Esse trabalho é bastante relevante não apenas por resgatar um pouco da história de nossa cidade mas também porque a igreja foi toda construída com calcário de lioz, material rico em registros geológicos e muito usado em antigos monumentos de Portugal, como o Mosteiro dos Jerônimos", acrescenta.

Durante as primeiras semanas de funcionamento do novo espaço será exibido o vídeo institucional sobre o museu desenvolvido por Gabriel de Alemar Barberes, 23 anos, aluno do segundo período de Geologia e bolsista de Iniciação Científica da FAPERJ. O trabalho, premiado num concurso internacional de multimídia sobre "Ciência da Terra para a Sociedade", levou o estudante a conhecer, em outubro deste ano, a Universidade de Coimbra, em Portugal. O vídeo articula a poesia "Pedras no Caminho", de Carlos Drummond de Andrade, com imagens intercaladas que contam a história da evolução geológica do planeta Terra, da criação até a chegada do homem, ao som de A Flauta Mágica, de Mozart.

O espaço tem ao todo 751 m² distribuídos em hall de recepção e corredor de atividades internas e exposições temporárias, uma loja, sala de exposições de longa duração, praça coberta em policarbonato com a réplica de um dinossauro saurópode, destinada a eventos e atividades externas. "Vamos desenvolver um programa de visitação orientada. Numa parceria com o programa Jovens Talentos da FAPERJ, ofereceremos bolsas de pré-iniciação científica para que estudantes do ensino fundamental, moradores das comunidades do entorno, possam atuar como monitores. Desta forma, o museu também pretende realizar um trabalho social de resgate da cidadania destes jovens", explica Ismar.

De acordo com o geólogo Emílio Barroso, uma pesquisa de 2006 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), só nos municípios da região metropolitana do estado, existem 2,4 milhões de matrículas em escolas públicas. "Além disso, a universidade conta atualmente com algo em torno de 32 mil alunos matriculados em seus cursos de graduação, a maior parte deles no campus da Ilha do Fundão, onde está localizado o museu. Esses dados mostram o enorme potencial que um projeto como este tem de levar conhecimento científico para a população e auxiliar no processo educativo de estudantes", explica o paleontólogo. "Também sabemos da carência de oferta de opções que contribuam para a difusão do conhecimento científico em nosso país. O museu é um grande incentivo para que os futuros pesquisadores pensem mais em romper com o isolamento, ainda tão comum, das universidades e em divulgar suas pesquisas à população", complementa Ismar Carvalho.

O museu fica num espaço nobre da universidade, de fácil acesso, onde antes funcionava uma garagem e um depósito de rochas, no térreo do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN), dentro do campus Ilha do Fundão, da UFRJ, em região próxima às principais vias de acesso ao centro do Rio (Avenida Brasil, Linha Vermelha e Amarela). Estará aberto para visitação pública e gratuita de segunda a sexta, das 9h às 17h. | Por: Vinicius Zepeda/Faperj

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