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08/03/2007 - 10:57

A violência contra o idoso

Os idosos são alvos fáceis de criminosos. Nas portas dos bancos ou nas calçadas de regiões centrais, tornam-se as vítimas preferidas de jovens covardes que vêem esse tipo de delinqüência como um jeito fácil de ganhar dinheiro. Nos últimos meses, porém, o pessoal que passou dos 60 anos tem enfrentado um outro tipo de golpe: o telefone toca e do outro lado da linha há um sujeito dizendo que seqüestrou um parente próximo. Ou a vítima paga o resgate, ou o ente querido será executado sem dó e piedade.

O desespero fala mais alto num momento desses. E fica difícil acreditar que tudo não passa de uma tentativa de extorsão, uma ação combinada dentro de um presídio mantido com o dinheiro do próprio contribuinte. A situação é gravíssima. Uma senhora passou mal e acabou falecendo ao imaginar a filha na mão dos seqüestradores. Outra pegou a estrada e seguiu para o Rio de Janeiro. Só não entregou o carro na mão de comparsas porque foi interceptada pela polícia no meio do caminho.

Infelizmente, esse não é o único tipo de violência praticada contra os idosos. Sem força nas pernas e nos braços, muitos acabam sendo vítimas da covardia dos próprios familiares e amigos. Nos últimos tempos, tornou-se praxe ouvir histórias tristes de netos que agridem, e até matam, os avós por causa de um dinheiro que lhes foi negado para comprar drogas ou gastar na farra com os amigos. Os filhos cometem o mesmo delito, sem levar em conta o esforço dos pais para sustentá-los durante toda uma vida.

A violência não se restringe às agressões físicas. Se o velhinho está dando trabalho em casa, por que brigar com ele? É mais fácil colocá-lo em um asilo e deixá-lo contando as horas para a morte, que em breve vai chegar. Parece simples. E é. Muitos idosos são levados a essas instituições contra a própria vontade. Alguns não têm mais forças para exigir dignidade dos familiares, enquanto outros se orgulham de não ter que pedir favores ou suplicar por dias melhores.

A situação se agrava ainda mais quando percebemos que esse descaso não é passageiro. A impressão que se tem é a de que os jovens não dão a menor bola para os mais velhos. Na verdade, estão se lixando para quem entra num ônibus lotado e não encontra o lugar, garantido por lei, vazio para que possa descansar o corpo. A inversão de valores é total em nossa sociedade. Se antes o respeito ao idoso era uma exigência passada de pai para filho, hoje isso não existe mais.

O Brasil é um país em desenvolvimento, embora alguns preciosos valores venham se perdendo ao longo do tempo. Não quero parecer saudosista, muito menos nostálgico de tempos que já se foram. Apenas considero que a sociedade precisa dar um basta a essa falta de respeito que vigora atualmente contra quem já fez muito pelo país e hoje deveria estar curtindo seus momentos finais da vida com tranqüilidade. É um dever de todos tratar os idosos com respeito. Ninguém pode ignorar a passagem do tempo. Se os mais jovens começarem a mudar sua consciência em relação à Terceira Idade, serão felizardos amanhã. Caso contrário, terão de enfrentar obstáculos ainda maiores.

. Por: Milton Dallari é consultor empresarial, engenheiro, advogado e presidente da Associação dos Aposentados da Fundação Cesp. O e-mail para contato é o [email protected] .

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