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09/12/2008 - 09:37

Ministério do Desenvolvimento quer lançar plano estratégico logístico


A ampliação da competitividade do agronegócio depende de programa de logística que pode surgir durante oficina que ocorre dias 8 e 9 (segunda e terça-feira), em Brasília, com especialistas do setor público, privado e da academia. Seguro rural será contemplado como Empresa de Propósito Específico.

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) pretende lançar um plano estratégico logístico, com viés regional, a partir do estabelecimento de uma política pública em logística, que começa a ser discutida hoje e amanhã em Brasília (DF), por especialistas do setor público, privado e da academia. A qualidade e a segurança dos alimentos, tanto para o mercado interno como externo, determinam a competitividade das cadeias produtivas do agronegócio brasileiro e o ponto crucial que hoje impede a ampla comercialização dos produtos é a logística.

A logística do ponto de vista de suas inovações em processos e sistemas é o problema que está sendo discutido na Oficina Técnica para Definição de Processos e Sistemas Inovadores para ganhos de Competitividade do Agronegócio Brasileiro. A iniciativa é do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MDIC), em parceria com a Câmara Temática de Infra-estrutura e Logística do Agronegócio (CTLOG) do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) e Associação Nacional dos Usuários do Transporte de Carga (ANUT). O evento é financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

O Brasil deixa de exportar produtos por falta de segurança alimentar. A afirmação é da diretora do departamento das Indústrias Intensivas em Mão-de-obra e Recursos Naturais do MDIC e membro titular do Fundo Setorial do Agronegócio no Ministério de Ciência e Tecnologia (CT-Agro), Aneli Dacas Franzmann. De acordo com ela, atualmente, o governo federal não possui uma base de dados consolidada e oficializada sobre a logística dos setores produtivos no agronegócio, esse é um dos resultados esperados após o evento, para garantir ampla comercialização. "A falta de portos, por exemplo, deve ser sanada com um programa planejado e bem estruturado regional", comenta.

Aneli afirma que a proposta da oficina é reunir governo, academia, e operadores de instrumentos do sistema logístico com o objetivo de aperfeiçoar e viabilizar uma proposta de política pública. Ao falar sobre a competitividade no agronegócio brasileiro, a diretora não se refere à estrutura de estradas e portos, mas aos procedimentos como processos, sistemas e formas de inovação para minimizar custos, ganhar em qualidade, competitividade e qualificação do agronegócio como um todo. "Opera-se de forma separada a infra-estrutura pura (obras), mas existem os processos que, se qualificados, podem ganhar visibilidade."

Aneli explica que o grupo de trabalho poderá apontar, ainda, possíveis processos inovadores com o objetivo de melhorar a produtividade dentro e fora do Brasil. "Esperamos poder gerar confiança e dar visibilidade aos produtos brasileiros no menor tempo possível".

Outro objetivo da oficina é gerar oportunidades de investimentos em tecnologia, infra-estrutura de transportes e armazenamento para frutas, soja, milho, açúcar, café, carnes, biodiesel, etanol, trigo e fertilizantes. Além disso, a sustentabilidade também é um dos focos, segundo Aneli. "No exterior, eles também devem perceber que, de acordo com a capacitação da nossa tecnologia e preparo, nossos produtos são sustentáveis em relação ao meio ambiente e as relações trabalhistas."

"No MDIC nós somos responsáveis pela competitividade das cadeias produtivas, mas não podemos competir se não houver pré-requisitos básicos com relação a esses produtos dentro da cadeia". Aneli chama a atenção para a necessidade de articulação e vontade integradas que visem qualidade e segurança, contra riscos provocados por práticas no fornecimento dos produtos, que podem vir a ser considerados nocivos dependendo do tipo de transporte e armazenamento.

A idéia de se fazer a oficina surgiu no CT-Agro e no Fórum de Competitividade das Cadeias Produtivas do MDIC, quando se notou que haviam projetos e ações descompassadas e que não eram colocadas em prática. "Esses projetos estavam dentro da academia e não eram utilizados. A logística é um ponto muito forte entre o setor privado, consumidores, academia, produtores, governo e indústria". Participam do evento especialistas do setor público, privado e academia.

Aneli não revela quanto poderá ser investido no plano estratégico de qualificação da infra-estrutura, mas comenta que poderão ser alocados recursos, desde que se compreenda isso como uma integração produtiva, que atenda os interesses nacionais e coletivos. "Quando o governo se envolve é pela confiança que se tem em seus parceiros da iniciativa privada".

O presidente da CTLOG e da ANUT Paulo Manoel Lenz César Protásio afirma que ao final da oficina será encaminhada a criação da primeira Empresa de Propósito Específico (EPE) na área de seguro rural, com a função de assegurar informações para mitigar o uso da área do seguro rural da produção. "Fomos capazes de pensar esse projeto ao desenvolver os conceitos da oficina. Essa foi uma das ações criativas à qual nos dedicamos nos últimos dois anos junto à Rede de Inovação e Prospecção Tecnológica para o Agronegócio (RIPA)".

Protásio explica que para se obter custos compatíveis aos praticados em outras partes do mundo e ter condições de compensar o produtor, devem ser criadas ferramentas de conhecimento do solo, do clima, de controle da rede de logística e de organização das informações. "O objetivo é diminuir o risco e o custo do financiamento e de recursos."

Para o presidente, o agronegócio brasileiro já é competitivo, entretanto, precisa ganhar rentabilidade. Isso se deve à falta de planejamento logístico, pois os transportes não se comunicam, falta o transporte multimodal. "Ferrovia não conversa com rodovia, que não conversa com hidrovia e assim por diante", afirma.

Ele explica que o resultado da falta de planejamento são os altos custos dos produtos, pois fora da porteira (da propriedade rural até o consumidor) a infra-estrutura é dependente de outras. "Precisamos de transporte multimodal mais eficiente, com a mercadoria nas mãos do consumidor".

Outro resultado esperado são iniciativas em quantidade que possam ser revisadas para sustentar essa rede, como imagens de satélites e banco de dados, que somados, poderão se traduzir em conhecimento agregado. "Queremos acertar mais em termos de controle e gestão. Tudo isso vai acabar surgindo no 'brainstorm' entre as pessoas durante a oficina".

Entre os exercícios propostos na oficina estão imaginar os instrumentos financeiros propostos para superar a crise financeira. Um dos recursos que garante a atividade produtiva são instrumentos que representem a referência de um produto, serviço ou atividade produtiva. "O instrumento financeiro deve ser traduzir num grau de realidade quase que como uma garantia para o que está se prestando a servir".

Do ponto de vista logístico, Protásio afirma que isso é possível à medida que se conhece e se monitora esse ambiente diariamente, para estar cada vez mais apto a fornecer informações antecipadamente, com menos perda de tempo e, conseqüentemente, transferência de grandes distâncias. "É melhor se eu puder ler informações sobre qualquer lugar e obter um aviso para que os dados sejam manejados antecipadamente", explica.

Em sua opinião, o Brasil possui cada vez mais a área agrícola concentrada no Centro-Oeste e precisa redesenhar sua geografia de transporte para que os produtos possam ser escoados por cima (do mapa geográfico) e não por baixo (portos de Santos (SP) e de Itajaí (SC)). "É preciso ter novas prioridades ferroviárias, rodoviárias e portuárias."

Protásio afirma que essa visão integrada assegura a exportação, podendo ser possível imaginar que o que se planta em uma comunidade, pode ser consumido em Tóquio, por exemplo. "Dessa forma, o Brasil cresce na escala de capacidade de operação para influenciar, através do seu conhecimento, o agronegócio em outras regiões do mundo como a África." Para criar a confiança no comprador, é preciso evitar que haja apenas um único fornecedor. "Se um deles falhar por questões climáticas ou de operações, o outro estará pronto para atender e fazer uma oferta compatível ao preço combinado." | Por: Roberta Salgado G. da Silva

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