Intercâmbio cultural: alternativa para viagens internacionais em tempos de crise econômica

Com o estouro da crise financeira mundial e a conseqüente alta do dólar e do euro, a tão sonhada viagem internacional está fora dos planos de muita gente. No entanto, os aspirantes a turista que não querem esperar a situação se acalmar estão buscando alternativas diferenciadas para driblá-la. Uma delas é o intercâmbio cultural que, por conta da estabilidade dos valores dos programas e das condições de pagamento, está mudando a cara das férias dos brasileiros.

O turismo internacional sofreu uma retração do início do ano pra cá, desencadeada pela instabilidade do mercado mundial. Segundo dados da Organização Mundial do Turismo (OMT), nos primeiros oito meses de 2008, o crescimento no número de turistas entre os países no mundo foi de 3,7%, já demonstrando desaceleração, uma vez que, em 2007, o incremento no mesmo período foi de 6,6%.

Em contrapartida, as agências de intercâmbio estão observando uma procura crescente por programas que proporcionam remuneração ao viajante ou que unem passeios turísticos e culturais a cursos de idioma. É o que está acontecendo na CI – maior agência de intercâmbio de Brasília. Lá, a procura por viagens internacionais caiu 30% neste ano, enquanto que pelos programas de trabalho e estudo no exterior o aumento foi de 25%.

“Os valores dos programas podem ser parcelados sem juros em Reais e não variam pelo dólar estar mais alto. Por isso as pessoas estão preferindo ir para o exterior aliando turismo a cursos de idioma ou trabalho remunerado. Além disso, a maioria dos programas permite que os intercambistas viajem a turismo por 30 dias, ao final da jornada", explica Jasson Fime, diretor da CI em Brasília.

Para quem quer curtir o verão dos EUA, a dica é o Trabalho em Acampamentos, voltado para pessoas de 19 a 30 anos que têm espírito jovem, paixão por trabalhar com grupos, coordenar atividades lúdicas e veia de escoteiro. O programa tem duração de até quatro meses e vai de maio a agosto, temporada do verão americano. O intercambista trabalha com grupos de crianças nos acampamentos do YMCA e convive com monitores vindos de vários países.

“Além de não gastar com alimentação e hospedagem durante a estadia no acampamento, o candidato, ao final do programa, ainda recebe um salário em dólar referente ao tempo e ao aproveitamento da experiência”, ressalta Jasson.

Para os adolescentes, a melhor alternativa é o Programa Junior de Férias. As saídas dos grupos, formados por até 15 jovens, começam no início de 2009 e os interessados ainda têm tempo de entrar na disputa por uma vaga. O período de permanência no exterior varia de duas a quatro semanas. Os destinos disponíveis são EUA, Alemanha, Espanha, Canadá, Inglaterra e Austrália. O requisito básico para participar é ter entre 13 e 17 anos.

“O objetivo do programa é permitir que os jovens saiam do País para estudar, sem deixar de lado os momentos de diversão. Os estudantes têm aula pela manhã e fazem passeios culturais e turísticos à tarde e aos fins de semana, na companhia de guias especializados. Sai mais produtivo e em conta que ir à Disney, por exemplo, e a pessoa ainda passa mais tempo viajando”, explica Rosemary Borges, consultora de High School e Programa Junior da CI.

A IAESTE, ONG que promove intercâmbio entre estudantes em mais de 90 países, já esgotou as vagas deste ano e 85% delas já estão preenchidas para embarques no ano que vem. Por esta modalidade de intercâmbio, o estudante universitário pode passar de 2 a 6 meses fazendo estágio na sua área de estudo, recebendo remuneração suficiente para cobertura de suas despesas básicas com alojamento e alimentação.

O Au Pair, que possibilita intercâmbios para Europa e EUA, também é uma opção para quem quer aproveitar a alta cambial e arrumar um trabalho no exterior. Apesar do investimento para participar deste programa ser em dólar, é possível, além de receber o salário, ser reembolsado em até US$ 500,00, se o candidato cumprir todo o programa.

Esta modalidade de intercâmbio é voltada para mulheres de 18 a 26 anos, que são contratadas por famílias para tomarem conta de crianças com até 6 anos. Esses programas custam a partir US$ 650,00. O trabalho dura de 30 a 45 horas semanais e a intercambista terá seu quarto na casa da família e todas as refeições inclusas.

“Os programas são uma ótima oportunidade para treinar o idioma, conhecer um destino internacional e, nos casos de trabalho, ainda receber em dólar”, afirmou Jasson.