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12/12/2008 - 08:26

Copom: Decisão cria expectativa de viés de baixa para Selic em janeiro

Em decisão anunciada na noite desta quarta-feira, o Comitê de Política Monetária do Banco Central manteve a Taxa Selic estável em 13,75% ao ano, conforme esperado pela ampla maioria dos analistas. Houve unanimidade entre os membros do Copom e a principal novidade esteve contida no comunicado divulgado após a reunião. O economista lembra que o texto informou que “maioria dos membros do Comitê discutiu a possibilidade de reduzir a taxa básica de juros já nesta reunião” mas que em um “ambiente macroeconômico que continua cercado de grande incerteza”, o Copom decidiu “ainda” pela manutenção da Selic. Ou seja, foi criado um claro viés informal de baixa para o primeiro encontro do Comitê em 2009, nos dias 20 e 21 de janeiro.

Para a reunião de ontem, havia forte pressão do governo e de setores produtivos para que a Selic já fosse reduzida, embora o consenso do mercado fosse a estabilidade. O agravamento da crise financeira internacional e seus efeitos intensos na economia real, especialmente dos países mais desenvolvidos, começou a gerar impactos também na dinâmica da economia brasileira, que vinha muito aquecida até o final do terceiro trimestre – como os próprios dados do PIB mostraram nesta semana. Alguns indicadores iniciais referentes ao quarto trimestre já mostraram uma mudança significativa no comportamento de importantes variáveis, como a produção industrial, a geração de novos empregos e os índices de confiança de consumidores e empresários, fatores que devem gerar um resultado bem mais modesto para o PIB deste trimestre. Sendo assim, as projeções para o crescimento da economia em 2009 têm sido constantemente reduzidas, fato que, se confirmado, poderá contribuir para a queda da inflação ao longo dos próximos meses. Neste cenário, se vislumbra espaço para o início de um processo de redução dos juros em breve, provavelmente em janeiro como sinalizado pelo statement.

Por outro lado, o BC ainda preferiu optar por uma postura mais cautelosa, o que não surpreende, diante de alguns fatores de incerteza que mantém riscos inflacionários para o próximo ano. Em primeiro lugar, a trajetória da taxa de câmbio e forte depreciação do real ocorrida nos últimos dois meses trazem temores de repasses para os índices de inflação. Adicionalmente, as informações disponíveis sobre a atividade econômica do país pós-crise ainda não são numerosas e, por fim, as expectativas de inflação para 2009 seguem acima do desejável. Desta forma, é provável que os membros do Copom tenham preferido aguardar novos dados que forneçam uma visão mais conclusiva sobre as perspectivas da economia brasileira e da inflação em 2009, para tomar uma decisão mais fundamentada.

Seguimos acreditando que o cenário para a inflação no próximo ano é mais benigno, e que o enfraquecimento da atividade irá merecer uma atenção mais especial por parte dos formuladores da política econômica daqui em diante. Por este motivo, esperamos que a política monetária seja flexibilizada já no início de 2009, processo que deve ser mantido ao longo de boa parte do ano. De todo modo, a ata desta reunião de hoje, a ser divulgada na próxima quinta-feira (18/12), será muito importante para avaliarmos a trajetória mais provável para a taxa de juros em 2009.

. Por: Silvio Campos Neto, economista-chefe do Banco Schahin

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