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09/03/2007 - 08:02

Empresa carioca conquista mercado na América Latina com inspeção de dutos


Um trabalho realizado no subsolo, portanto à distância dos olhos mais curiosos, vem contribuindo para dar maior visibilidade à presença brasileira no mercado de negócios internacional.

Especializada na inspeção de dutos na área de petróleo e gás, a PipeWay Engenharia, que já produz ferramentas capazes de limpar e identificar anormalidades em gasodutos e oleodutos, tem um novo trunfo nas mãos: um scanner de ultra-som que poderá realizar trabalho similar em cascos de navios e em plataformas submarinas.

Contratada em 1999 pela Petrobras para verificar a integridade e o bom funcionamento do braço Paulínia (SP) – Porto Alegre do gasoduto Brasil-Bolívia, a PipeWay precisou de menos de uma década de atividades para conquistar o mercado de diversos países latino-americanos. A iniciativa de oferecer esses serviços ao mercado começou a ganhar corpo na incubadora de empresas da PUC-Rio, em 1997, pelas mãos do engenheiro José Augusto Pereira da Silva. Hoje, a empresa já conta com escritório em Buenos Aires e, em breve, irá inaugurar outro em Bogotá. A PipeWay teve apoio da Faperj por meio dos programas Rio Inovação I e II.

A conquista de novos mercados fora do país é uma das prioridades para a direção da empresa, que vem prospectando oportunidades em áreas que concentram a exploração de jazidas de petróleo e gás em águas profundas, como Golfo do México, Mar do Norte e costa ocidental da África. Com o lançamento do scanner de ultra-som, previsto para acontecer ainda em 2007, a empresa espera obter novas vantagens em relação a empresas concorrentes.

“Até aqui, a ferramenta existente no mercado fazia um levantamento, por amostragem, de eventuais problemas numa determinada superfície. O produto que em breve colocaremos no mercado será capaz de analisar a integridade completa dos materiais empregados numa determinada estrutura”, explica José Augusto Pereira da Silva, diretor-presidente da PipeWay.

Para desenvolver o primeiro pig – como é chamada a ferramenta de inspeção dos dutos –, a empresa utilizou tecnologia desenvolvida pelo Cenpes (Centro de Pesquisas da Petrobrás). “A partir da tecnologia já desenvolvida, fizemos um trabalho de engenharia para adaptá-la às necessidades do mercado, criando condições para sua exploração comercial”, conta José Augusto.

No procedimento padrão de inspeção de dutos, pigs de tamanho apropriado ao duto a ser analisado levam, embarcados, equipamentos de alta tecnologia. Ao percorrer os dutos, eles enviam dados para a superfície, onde técnicos da empresa checam a presença de eventuais rompimentos e avarias, como amassados e pontos de corrosão, que possam prejudicar o fluxo de óleo ou gás. A PipeWay conta atualmente com 37 pigs – de 3 a 40 polegadas de diâmetro –16 deles consignadas em sistema de franquia tecnológica com uma empresa dos Estados Unidos.

Empresa já realizou 270 inspeções de dutos, que totalizam 15 mil quilômetros -Vencedor do prêmio empreendedor do ano de 2003 na categoria “revelação” da agência de avaliação de risco Ernst&Young, José Augusto revela que não esperava um crescimento tão rápido do empreendimento quando reuniu, ainda nos tempos da incubadora, em 1999, um corpo de oito funcionários num espaço de apenas 30m² no Instituto Gênesis.

Dois anos e meio mais tarde, a empresa já contava com 30 empregados, acomodados num galpão de 400m², em São Cristóvão. Hoje a PipeWay conta com 44 funcionários e ocupa uma área de 1.500m² no bairro vizinho de Bonsucesso. De 1999 para cá, a empresa já realizou cerca de 270 inspeções – o que equivale a aproximadamente 15 mil quilômetros de dutos. Ele avalia que em 2007 a empresa poderá alcançar um faturamento bruto de cerca de R$ 6,5 milhões.

“O aumento da demanda pelos nossos serviços nos obrigou a tomar decisões importantes num curto período de tempo para garantir a consolidação da empresa no mercado”, diz José Augusto. Carioca de 39 anos e pai de dois filhos, hoje passa boa parte do tempo longe da família, voando de país em país para fechar novos contratos e acompanhar pessoalmente o andamento dos trabalhos realizados pelos funcionários da empresa. “Já avisei aos três outros sócios da PipeWay que em breve eles terão que assumir parte dessas tarefas longe da sede, pois quero voltar a me dedicar ao trabalho de pesquisa para o desenvolvimento de novas tecnologias e ferramentas, e também diminuir o tempo longe da cidade e da família”, diz.

Em alguns dos países em que atua na América Latina, a exemplo do que acontece em maior escala em países do continente africano, a presença de ‘gatos’ na rede de gasodutos e oleodutos tem prejudicado o abastecimento de refinarias e usinas de distribuição de combustíveis, provocando perdas econômicas significativas nesse setor da economia. Nesses países, a PipeWay encontrou um mercado promissor para as suas atividades.

Segundo o engenheiro, o aumento ao longo das últimas duas décadas da preocupação com meio ambiente, segurança e saúde deve contribuir para impulsionar ainda mais a demanda por serviços oferecidos por empresas como a PipeWay. “Alguns dos maiores desastres ecológicos registrados até hoje decorreram de acidentes com petroleiros e plataformas de petróleo. Hoje, empresas do mundo todo estão cada vez mais preocupadas em evitar novos eventos que possam causar danos ao meio ambiente e pôr em risco a saúde e a segurança da população”, diz.

Formado em Engenharia pela PUC-Rio, instituição em que obteve ainda o título de mestrado em Telecomunicações, José Augusto pretende retomar até 2008 o curso de doutorado, deixado de lado para se dedicar aos negócios da empresa. Paralelamente, ele espera voltar ao trabalho como professor da cadeira eletiva Planejamento de Negócios, oferecida pela universidade. Com sua trajetória de sucesso como empreendedor, José Augusto tem certamente muito a dizer – e a ensinar – àqueles que aspiram a se lançar num novo negócio. | Por: Paul Jürgens/Faperj

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