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13/12/2008 - 09:56

Estudo inédito mostra Investimento Social Privado de organizações americanas no Brasil

Levantamento feito pelo GIFE e encomendado pelo Grupo +Unidos revela a realização de 765 programas, 87 mil voluntários e o beneficiamento de cerca de 38 milhões de brasileiros, a partir do investimento social de 59 organizações americanas no País.

São Paulo - Com o objetivo de obter o primeiro balanço consolidado de Investimento Social Privado (ISP) das companhias americanas que atuam no Brasil, foi encomendado ao GIFE - Grupo de Institutos, Fundações e Empresas o primeiro relatório de Investimento Social Privado dos EUA no Brasil. O estudo foi elaborado a partir de um levantamento junto a 59 organizações, entre 46 empresas e 13 institutos/fundações, das 104 companhias integrantes do Grupo +Unidos. O Grupo é uma parceria entre a Missão Diplomática dos Estados Unidos no Brasil e a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), apoiados pela Câmara de Comércio Americana (AmCham) e mais de 100 empresas americanas com atuação no País. O +Unidos tem o propósito de desenvolver e divulgar iniciativas de responsabilidade social corporativa no Brasil. As 46 empresas analisadas empregavam diretamente, em 2006, mais de 320 mil pessoas no Brasil. Dessa forma, a pesquisa fornece o primeiro mapeamento social das áreas mais apoiadas por um grupo de considerável impacto, em termos de abrangência, sob diversos aspectos. Destaca-se nessa análise a preocupação em averiguar se as ações promovidas pelo +Unidos estão alinhadas com os 8 Objetivos do Milênio (ODMs). Elaborado pela Organização da Nações Unidas (ONU), no ano de 2000, o documento dos ODMs resume um compromisso assinado por 191 países, como resolução dos maiores problemas mundiais.

A partir da discussão desse relatório, o +Unidos busca criar o que chama de marco zero do Grupo. Com ele, será possível visualizar as oportunidades, os desafios e as tendências que irão nortear as ações do Grupo. Além disso, haverá organização de workshops, em que as empresas poderão trocar experiências. "Nós queremos ser exemplo para empresas trabalharem em parceria", afirma o co-chaiman do Grupo +Unidos e CEO da Microsoft Michel Levy.

Para realizar o estudo, O GIFE analisou a natureza do Investimento Social Privado adotado pelas companhias sob diversos aspectos. As estratégias de investimento das companhias e o repasse de recursos pela matriz americana, bem como sua efetiva participação na aplicação das verbas nortearam essa análise. Foram também conhecidas as instâncias envolvidas na administração do investimento social privado e os processos de seleção e/ou criação de projetos/programas. A cultura de monitoramento e de avaliação de projetos e programas, e o impacto em indicadores sociais, humanos, ambientais e de desenvolvimento nas localidades beneficiadas integraram a análise, que foi complementada com a abordagem de criação de soluções replicáveis em outras comunidades.

O balanço consolidado do estudo refere-se às ações realizadas no ano de 2006 por essas 59 organizações. Nesse período, 765 ações foram apoiadas ou realizadas, em todo o território nacional. Destas, 564 programas e projetos sociais desenvolvidos assistiram, prioritariamente, as áreas de educação, saúde, meio ambiente e formação para o trabalho. Já 201 ações de voluntariado foram aplicadas em áreas diversas.

Mercadorias doadas e serviços pro bono compõem os recursos empregados, que não puderam ser convertidos em espécie. Toneladas de alimentos, milhares de itens - agasalhos, remédios, produtos de higiene e microcomputadores - e colaborações com comunidades de base e escola exemplificam essas atuações. Juntas, todas as ações beneficiaram diretamente, de forma constante, regular e consistente, 6 milhões de brasileiros, localizados em todos os estados do País. Mais de 32 milhões de pessoas foram beneficiadas indiretamente por esse conjunto de ações, através de participações pontuais em projetos culturais, educacionais ou de saúde, por exemplo, ou ainda por intermédio da transmissão de conhecimentos por uma pessoa capacitada.

Atuação: características e resultados - Ao direcionarem os recursos do investimento social, as empresas podem apoiar projetos de terceiros, criar e desenvolver programas próprios ou mesclar as duas opções anteriores. Entre as 46 empresas analisadas nesse trabalho, a maioria (63%) afirmou ter baseado sua estratégia de 2006 no financiamento de projetos de terceiros concomitantemente com a operação de projetos próprios. Mais da metade das empresas - ou seja, 55% - declarou não se valer de orçamentos em investimento social para leis de incentivo fiscal. 52% afirmam receber pouca ou quase nenhuma influência da matriz para definir financiamentos de projetos. 41% das empresas revelam que não utilizam o auxílio de consultores na concepção dos programas. As ações de 80% das empresas contam com monitoramento técnico e financeiro. Com relaçao aos principais impactos observados pelas organizações, a maioria, ou 59%, acredita que suas ações de investimento social privado resultam na criação da chamada tecnologia social, isto é, desenvolvem métodos, técnicas ou processos que podem contribuir para solucionar problemas sociais aplicados em outras comunidades.

Alinhamento com as metas do milênio - Desenvolvido pela ONU, com o propósito de fazer do planeta um lugar mais justo, solidário e melhor para todos os que o habitam, os 8 Objetivos do Desenvolvimento do Milênio (ODMs, em anexo) ou Millenium Development Goals (MDGs) elencam as prioridades endossadas por 191 líderes. A serem atingidas até o ano de 2015, as macrometas foram elaboradas no sentido de solucionar os maiores problemas mundiais. Nesse estudo, a classificação por ODM atende ao alinhamento proposto na missão do Grupo +Unidos: "Fortalecer alianças entre os setores público e privado para otimizar e intensificar os investimentos de responsabilidade corporativa dos EUA no Brasil de forma sustentável, a fim de alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio."

"Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento" é o líder das ações de ODMs desenvolvidas pelo +Unidos, com 27% dos programas realizados em 2006. Em segundo lugar recebeu atenção a meta "Combater HIV/AIDS, malária e outras doenças", com 19% das ações. O terceiro lugar em prevalência (18%) foi atribuído a ações diversas, que não se enquadram diretamente em nenhum dos oito objetivos. Em sua maioria, pertencem às áreas de cultura e assistência social. Patrocínio a espetáculos, apoio à publicação de livros, doações para fundos municipais da infância e da adolescência são exemplos dessa categoria. "Garantir a sustentabilidade ambiental" apresenta 17% das ações e ocupa a quarta colocação. Com 9% de ações, a meta de "Atingir o ensino básico universal" ocupou a quinta posição de programas realizados pelo +Unidos. 4% das ações foram destinadas à meta de "Erradicar a pobreza e a fome". "Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia entre as mulheres" ficou em sétimo lugar, com 3% das ações. E nas oitava e nona colocações, respectivamente, estão elencadas ações dedicadas às metas de "Redução da mortalidade infantil" (3%) e de "Melhorar a saúde materna" (menos de 1%).

Entre os programas menos desenvolvidos pelo Governo brasileiro, dois estão inclusos nos quatro principais programas do +Unidos. São eles o 8 e o 7. A Saúde Materna, considerada uma meta deficitária no País, é também um assunto pouco abordado pelas ações do +Unidos, o que indica uma importante oportunidade para a atuação futura das companhias.

Principais áreas de atuação - Entre as 564 ações realizadas, 44% (248 programas) delas foram focadas em educação. Nesse tema, foram realizados projetos de abrangência para todos os níveis de ensino e ampla faixa etária (da primeira infância à educação continuada para adultos). Adoção de escolas próximas às fábricas, capacitação de professores, apoio financeiro a entidades que promovem educação, envolvimento da comunidade, oferta de livros, computadores e softwares, reforço escolar, premiações exemplificam essas iniciativas. Em seguida, foram promovidas ações para a saúde, com 153 iniciativas (27%); meio ambiente, totalizando 109 programas (19%), e formação para o trabalho, compondo 89 ações (16%).

Na seqüência, registraram-se 69 iniciativas (13%) de apoio e assistência a pessoas em situação de exclusão social. Cabe salientar que assistência social também foi alvo da maior parte das iniciativas de voluntariado. Abaixo de 10% ficaram ações para geração de trabalho e renda, e cultura e artes, cada uma com 8%. Comunicações e defesa de direitos, com 4%; desenvolvimento comunitário e esportes, cada uma com 3%, e, fechando com 2%, apoio à gestão de organizações do Terceiro Setor. Outros 2% não se encaixaram em nenhuma das classificações.

Há ações que se combinam e que poderiam ser enquadradas em duas ou mais áreas. Por exemplo: dezenas de projetos de educação em meio ambiente ou de educação em saúde, projetos educacionais voltados a formar jovens para o mercado de trabalho ou iniciativas da área do meio ambiente que também colaboraram para a geração de trabalho e renda. Assim, ao se estabelecer o cruzamento entre elas, verificaram-se as seguintes combinações de áreas no ISP do Grupo +Unidos: 1º educação e formação para o trabalho | 2º educação e meio ambiente | 3º educação e saúde | 4º meio ambiente e geração de trabalho e renda | 5º educação e geração de trabalho e renda | 6º formação para o trabalho e geração de trabalho e renda | 7º educação e cultura e artes.

Voluntariado acima da média nacional - A 59 organizações estudadas, incluindo as 46 empresas e os 13 institutos/fundações realizaram mais de 200 ações de voluntariado em todo o País no ano de 2006. O contingente declarado de funcionários que participaram dessas ações totaliza 87 mil pessoas. Considerando um universo de 320 mil empregados, a média de adesão do grupo de empresas que representa o +Unidos, tem representatividade de 27%. Isso demonstra um índice de mobilização acima de média nacional, que é calculada em 20%, de acordo com a pesquisa do Riovoluntário, publicada em 2007. Além disso, 80% das compahias afirmaram ter investido em voluntariado em 2006. Em 2007, esse número foi ampliado para 85%. É importante salientar que 63% dos voluntários participaram da escolha das ações, opinando nos temas a realizar. Além disso, quase a metade do total de voluntários (46%) contava com planos delineados para a aplicação da força disponível e eram liberados do serviço para atuar (48%).

Todo o esforço do voluntariado do Grupo +Unidos envolveu, pelo menos, 860 mil pessoas, beneficiadas direta e indiretamente, em várias cidades do Brasil, no ano de 2006. Além disso, mais de 1.200 instituições receberam benefícios. Não se tem a quantidade de pessoas que elas atingiram, mas se sabe que compõem um universo variado de ONGs, lares de crianças, casas de idosos, creches, cooperativas, escolas, hospitais e postos de saúde. Assistência social representa a área de maior atuação. Ela é seguida por educação, saúde e outras, como meio ambiente, cultura/artes e defesa de direitos, entre outros.

Práticas consagradas - As empresas do Grupo +Unidos adotam diferentes modelos de mobilização dos voluntários. Pela recorrência, merecem destaque: a duplicação do one-to-one match (significa que, a cada valor em dinheiro arrecadado e doado pelos voluntários, a empresa doa igual quantia, fazendo um match ou par de igualdade);

as doações vinculadas do dollars for doers (empresas destinam quantias em dinheiro a entidades cujos funcionários realizam trabalhos voluntários por um determinado número de horas);

as maratonas de arrecadação e de prestação de serviços (eventos de voluntariado, realizados em períodos definidos, nos quais os funcionários se mobilizam para a arrecadação de itens ou promovem uma série de atividades em prol da comunidade).

Metade das empresas implantou novos programas, projetos ou ações de voluntariado em 2007. Além disso, o número total de voluntários saltou de 15.513, em 2006, para 86.896, em 2007. Esse crescimento de mais de cinco vezes em relação ao ano anterior explica-se, em parte, pelo fato de empresas significativamente atuantes em voluntariado terem fornecido o número de adesões no questionário de 2007.

Em 2006, 77% dos 13 institutos/fundações afirmaram ter investido em ações de voluntariado no Brasil. Desses dez declarantes, oito responderam à pergunta aberta a respeito do número de funcionários mobilizados, chegando-se a um total de 7.025 voluntários. Quase a metade dos institutos e fundações estudados (46%) implantou novos programas, projetos ou ações de voluntariado em 2007.

Pesquisa inédita para o desenvolvimento sustentável - "Essa é uma inédita investigação sobre a prática do Investimento Social Privado de empresas americanas no Brasil. Propõe-se assim a solucionar questões através de frentes de trabalho que se abrem a partir de agora. A busca de dados e os questionamentos motivaram reflexões nas equipes de responsabilidade corporativa das empresas do Grupo, de forma individual e coletiva", destaca o co-chairman do Grupo +Unidos Michel Levy.

O Grupo tem a seu favor a cobertura de todo o território nacional, considerando que a distribuição das 765 ações sociais está pulverizada em todos os estados brasileiros, apesar de terem concentração na região Sudeste. Por meio dessas iniciativas, 38 milhões de pessoas foram beneficiadas direta e indiretamente pelas ações.

A diversidade estrutural do +Unidos, formada por heterogeneidade no perfil de investidores, variados portes e áreas; diferentes estágios de Investimento Social Privado e dedicação em proporções e volume distintos, é vista como um ponto positivo, já que permite trocas de experiências de forma mais abrangente. Nesse contexto, o Grupo está preparando uma agenda comum para 2009, com iniciativas e tarefas concretas de curto, médio e longo prazos, alinhadas ao desenvolvimento sustentável. Dessa forma foi elaborada uma lista com as principais tendências.

Principais tendências: 1. Investimentos prioritários para solucionar problemas educacionais;

2. na área de saúde, projetos para prevenção, tratamento de doenças, ações educacionais de nutrição e de higiene, e de combate ao câncer;

3. projetos de preservação de recursos ambientais, com ênfase em conscientização, reflorestamento e reciclagem;

4. ações de apoio à juventude, com projetos de formação para o trabalho, através de cursos profissionalizantes;

5. promoção do acesso a novas tecnologias, em especial às de informação e de comunicações;

6. mobilização de grande contingente de mão-de-obra voluntária, com envolvimento de cerca de 90 mil pessoas, em 2007, principalmente em ações de assistência social;

7. utilização de mecanismos de incentivo/renúncia fiscal por menos da metade das empresas;

8. envio de recursos pelas matrizes norte-americanas a 65% das companhias brasileiras destinados a investimento social;

9. dupla estratégia de investimento por mais de 60% das empresas: aplicação simultânea em projetos próprios e projetos de terceiros;

10. relevante utilização de equipes internas para conceber, monitorar e avaliar ações.

Monitoramento e avaliação - Além de ter sido apontada a necessidade de aprimorar o monitoramento dos projetos, a avaliação de resultados é outro aspecto a ser aperfeiçoado. A prática da avaliação reforça o accountability e a transparência, que precisam ser intensificados, para conferir legitimidade a projetos e programas.

Com relação aos ODMs, foi evidenciada a possibilidade de mais iniciativas focadas especificamente nos ODMs (1) Erradicação da extrema pobreza; (3) Promoção da igualdade entre os sexos e autonomia das mulheres; (4) Redução da mortalidade infantil e (5) Melhoria da saúde materna. Além das ações focadas nos ODMs, o estudo pontuou a necessidade de investimentos nas áreas de apoio à gestão de organizações do Terceiro Setor, comunicações, cultura e artes, desenvolvimento comunitário, defesa de direitos, esportes e geração de trabalho e renda.

Incluir a promoção do intercâmbio de experiências entre organizações americanas e brasileiras representa uma chance ampliada de contribuição do Grupo +Unidos para ações do Terceiro Setor no Brasil. Seguindo a proposta de sinergia entre os envolvidos, exemplos bem-sucedidos de grande integração dos voluntários com os projetos operados ou apoiados pelas empresas também são ótimos referenciais para as companhias do Grupo.

"Assim, o estudo estabelece um ponto de partida para reflexões, planejamentos, ações efetivas, entre as várias práticas para o desenvolvimento da responsabilidade social corporativa", conclui o embaixador Sobel. Exemplos de ações conjuntas já existem. O Projeto Jovens Embaixadores (que une a Embaixada Americana no Brasil e os setores público e privado) e Floresta Mais Unidos (o primeiro projeto do Grupo +Unidos) são os primeiros modelos dessa tendência.

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