Setor de componentes investe em inovação tecnológica para garantir melhores condições de competitividade no mercado

Iniciativas desenvolvidas pela Assintecal, apostam na inovação tecnológica como diferencial para o desenvolvimento do setor de componentes.

Cada vez mais a inovação tecnológica surge como ingrediente principal para as empresas obterem vantagens competitivas e oportunidades de negócios. Já em 2005, um estudo direcionado ao setor de calçados, encomendado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e elaborado pelo Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, apontava os elementos design e tecnologia como fundamentos básicos para superação de desafios no processo global de crescente internacionalização.

Consciente da importância destas novas ferramentas para o desenvolvimento do setor de componentes a Assintecal (Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos) tem apostado em diversas iniciativas que estimulam as empresas na busca pela inovação como diferencial no mercado.

Para o presidente da Assintecal, Luis Cláudio Amaral, trabalhar com foco na tecnologia, inovação e design tem sido o grande diferencial da Assintecal para tornar o setor de componentes brasileiro referência mundial. Segundo ele, a entidade está sempre buscando iniciativas que buscam aperfeiçoar e desenvolver a cadeia coureiro-calçadista, principalmente através da inovação tecnológica. “O design, por exemplo, é um ponto importante do setor, no qual o associamos como uma grande possibilidade de inovação tecnológica” aponta. Ele observa que alguns centros do mundo se destacam por seu potencial tecnológico, ao exemplo da Alemanha, Itália e Estados Unidos. “A Assintecal aposta em ações que permitam as empresas brasileiras terem o acesso as novas informações do setor por meio do contato com entidades de referência no mundo”, acrescenta.

No início deste mês, representantes da Assintecal embarcaram para uma Missão de Inovação Tecnológica à Europa, para visitar quatro instituições referências em desenvolvimento tecnológico e inovação: Satra, Inescop, CTC Group, e Instituto Politecnico de Milão. A viagem corresponde à segunda fase de uma iniciativa que em julho trouxe ao o Brasil especialistas espanhóis com foco em moda e inovação tecnológica. A missão deve reforçar o diálogo público-privado entre parceiros brasileiros e a cooperação e intercâmbio com instituições européias homólogas relevantes em matéria de desenvolvimento e internacionalização das pequenas e médias empresas.

O programa que iniciou na última quarta-feira, tem como proposta discutir as possibilidades de incorporação de novos materiais e/ou processos que incrementem o desempenho do produto brasileiro em termos de conforto e performance, na Satra. Além de abordar a nova legislação Reach (Registration, Evaluation, Authorisation and Restriction of Chemical substances), no BLC Leather Technology Centre. Já na Inescop, o objetivo é conhecer as metodologias, equipamentos e softwares utilizados no centro e todas as implicações no processo de aplicação da fôrma digital no ciclo produtivo e no Politécnico de Milão, assimilar as referências em moda da União Européia.

Além das visitas aos centros tecnológicos, a superintendente da Assintecal, Ilse Guimarães, e o Gerente de Internacionalização, Diego Proença Baisch, visitarão duas associações em Alicante na Espanha, Tacones Gamar Elche e AEC - Asociación Española de Empresas de Componentes para el Calzado Elche. A Missão Tecnológica encerra no dia 12 de dezembro, quando os representantes retornam ao Brasil para apresentar os resultados e perspectivas às empresas participantes do programa, inaugurando uma nova etapa em ações de benchmarking entre o Brasil e a União Européia.

Também buscando o desenvolvimento do setor de componentes por meio de novas tecnologias e da superação de barreiras, a Assintecal lançou em novembro o programa de Incremento da Produtividade. A iniciativa compreende a capacitação de empresas dos segmentos de Matrizarias, Moda, Produtos Químicos e Conforto, na área gerencial, comercial, tecnológica e de inovação.

Durante o programa, que ocorrerá até dezembro de 2009, estão previstas atividades específicas para cada segmento: Conforto – adequação do posicionamento técnico, desenvolvimento de estratégias de marketing e comercialização para o mercado internacional; Matrizarias - adequação tecnológica e de serviços para o atendimento às novas exigências do mercado; Moda - adequação para o desenvolvimento e comercialização de produtos com maior valor agregado de moda e design e Produtos Químicos - adequação para o cumprimento de exigências técnicas do REACH (Registration, Evalution, Authorization of Chemicals Restriction).

As duas iniciativas contam com o apoio da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).

Comitê de inovação tecnológica - Entre as iniciativas da Assintecal voltadas para o desenvolvimento da tecnologia e inovação, como ferramentas para a geração de vantagens competitivas a médio e longo prazo, se destaca a criação do Comitê de Inovação Tecnológica. Formado por empresários associados à entidade, o grupo abordará os principais assuntos relacionados à inovação e as oportunidades de inserção tecnológica disponíveis para o meio empresarial. O comitê é aberto a todos os associados e os interessados podem obter mais informações por meio do Núcleo Assintecal de Gestão da Inovação (NAGI).

A formalização deste grupo corresponde aos desafios propostos pela nova conjuntura do mercado empresarial, que exige cada vez mais, ações diferenciadas que coloquem e mantenham as empresas à frente no mercado. Os encontros do grupo serão agendados no mínimo uma vez por mês e os principais assuntos que serão abordados nas reuniões são os editais de subvenção, linhas de financiamento, projetos de inovação, roteiros para a formação de um projeto, parcerias com universidades e ICTs, identificação de interesses em pesquisa, incentivos fiscais – Lei do Bem, informações contidas em banco de patentes e registro de marcas e patentes.

Um estudo realizado no Brasil em 2005, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) mostrou que as empresas inovadoras têm maior produtividade, pagam melhores salários e exportam mais, garantindo sua sobrevivência e liderança nos mercados em que atuam. Segundo este estudo, a inovação contribui não somente para a melhoria da qualidade dos produtos, mas também reduz custos, amplia a participação das empresas no mercado e permite abrir novos mercados.

Embora o governo venha anunciando e incrementando medidas de apoio a inovação para aumentar a eficiência e a competitividade da indústria nacional, estes mecanismos ainda são pouco conhecidos pelas empresas ou são de difícil acesso. Os editais de subvenção econômica, por exemplo, disponibilizam grande volume de recursos não reembolsáveis direcionados a projetos de inovação nas empresas, mas ainda apresentam reduzida participação de empresas do setor, por desconhecimento dos critérios para habilitação e suas formas de apoio.

A concessão de subvenção econômica para a inovação nas empresas é um instrumento de política de governo largamente utilizado em países desenvolvidos, operado de acordo com as normas da Organização Mundial do Comércio. No Brasil, o marco-regulatório que viabiliza a concessão de subvenção econômica foi estabelecido a partir da aprovação da Lei 10.973, de 02.12.2004, regulamentada pelo Decreto 5.563, de 11.10.2005 (LEI DA INOVAÇÃO), e da Lei 11.196, de 21.11.2005, regulamentada pelo Decreto no. 5.798 de 07 de junho de 2006 (LEI DO BEM).

A Lei do Bem é outro exemplo de fomento à inovação, que consolidou uma série de incentivos fiscais para as empresas que investem em pesquisa e desenvolvimento. Implementada desde 2005, ainda é muito pouco utilizada e segundo sondagem realizada em 2007 pela FIESP, a média de conhecimento das empresas paulistas sobre os instrumentos existentes para financiar a inovação é inferior a 15%. [ Para obter mais informações sobre o Comitê de Inovação Tecnológica entre em contato com Linda ou Silvana através do e-mail: [email protected] ou pelo telefone (51) 3584-5200].