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09/03/2007 - 15:45

Lula e Bush discursam sobre intenção de aumentar produção de álcool e biodiesel


Brasília - Após a visita no terminal da Transpetro, subsidiária da Petrobras, em Guarulhos, os presidentes George W. Bush e Luiz Inácio Lula da Silva discursaram sobre a intenção de aumentar a produção de etanol e biodiesel, como forma de alterar o panorama mundial das fontes de energia, muito dependente do petróleo. A proposta é um dos principais pontos discutidos pelos chefes de Estado.

O presidente Lula da Silva levantou a possibilidade de incentivar os países em geral a trocar suas principais fontes de produção de energia. Dirigindo-se a George W. Bush, sugeriu uma atuação conjunta com esse fim. “A sua visita ao Brasil pode significar definitivamente uma aliança estratégica que permita um convencimento do mundo mudar sua matriz energética”, disse.

O presidente citou a criação do Fórum Internacional de Biocombustíveis, lançado dia 2 de março, por Brasil, África do Sul, China, Estados Unidos, Índia e União Européia na Organização das Nações Unidas (ONU). “Somente assim teremos a escala de produção necessária para potencializar os benefícios do etanol e o biodiesel”, comentou.

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, disse que planeja aumentar em mais de seis vezes o consumo de etanol (álcool combustível) de seu país até 2017, passando dos atuais 20 bilhões de litros anuais para 132 bilhões. Ao lado de Lula, Bush fez um discurso que enfatizou as vantagens do etanol, a necessidade de proteger o meio ambiente e as vias de cooperação com o Brasil.

Uma das possibilidades mencionadas foi na área de pesquisa. Bush elogiou os acadêmicos dos dois países e afirmou que eles podem trabalhar conjuntamente no desenvolvimento de tecnologia de biocombustível. Contou também que pediu ao Congresso a aplicação de US$ 1,6 bilhão a mais nos próximos dez anos em pesquisas na área. O presidente mencionou também a relação com países pobres, citando especificamente a América Central. “Quero colaborar com o Lula para fazer com que a América Central aumente sua independência do petróleo e se torne auto-suficiente em energia”.

A idéia enfrenta apoios e críticas. Nos bastidores, a parceria anda a todo o vapor desde o fim do ano passado. Segundo o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, uma comissão de âmbito continental criada em dezembro, a Comissão Interamericana de Etanol já encomendou um diagnóstico geral sobre a América Latina, para saber onde e como será possível plantar cana-de-açúcar ou aproveitar a produção já existente para fabricar etanol.

Com uma análise diferente, está o engenheiro José Bautista Vidal, um dos criadores do programa público que desenvolveu o uso do álcool combustível no Brasil, nos anos 70, o Proálcool, que acredita que as negociações do país com os Estados Unidos em torno do produto podem ter conseqüências "péssimas" para os brasileiros. “Em vez de o Brasil tomar a iniciativa e criar instrumentos, empresas, criar a Companhia Brasileira de Bioenergia, os norte-americanos aproveitam e estão criando uma estrutura de poder a partir do álcool brasileiro”, disse em entrevista à TV NBr. Movimentos sociais também criticam os prejuízos de incentivar a monocultura da cana-de-açúcar.

Bush anuncia plano de aumentar mais de seis vezes o consumo de etanol - O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, disse que planeja aumentar em mais de seis vezes o consumo de etanol (álcool combustível) de seu país até 2017, passando dos atuais 20 bilhões de litros anuais para 132 bilhões.

Ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva num terminal da Transpetro, em Guarulhos (Grande São Paulo), Bush fez um discurso que enfatizou as vantagens do etanol, a necessidade de proteger o meio ambiente e as vias de cooperação com o Brasil.

Uma das possibilidades mencionadas foi na área de pesquisa. Bush elogiou os acadêmicos dos dois países e afirmou que eles podem trabalhar conjuntamente no desenvolvimento de tecnologia de biocombustível. Contou também que pediu ao Congresso a aplicação de US$ 1,6 bilhão a mais nos próximos dez anos em pesquisas na área.

O presidente mencionou também a relação com países pobres, citando especificamente a América Central. “Quero colaborar com o Lula para fazer com que a América Central aumente sua independência do petróleo e se torne auto-suficiente em energia”.

Bush disse que “os EUA podem colher benefícios com outras fontes de energia” e pediu que a população norte-americana não tenha medo da mudança. Para tranqüilizar os conterrâneos, mencionou um de seus mais tradicionais bens de consumo. Lembrou que já existem carros adaptados às fontes alternativas de energia nos EUA.

O presidente norte-americano, que até hoje não assinou o Protocolo de Quioto (que visa reduzir as emissões de gases poluentes), afirmou que é necessário ser “bom gestor do meio ambiente”. E mencionou também a questão da segurança para justificar o interesse pelo etanol: “Quando se é dependente de petróleo estrangeiro, temos em mãos um problema de segurança nacional”.

"Mapa" da cana-de-açúcar na América Latina vai nortear expansão do álcool no continente - Segundo o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, uma comissão de âmbito continental criada em dezembro, a Comissão Interamericana de Etanol já encomendou um diagnóstico geral sobre a América Latina, para saber onde e como será possível plantar cana-de-açúcar ou aproveitar a produção já existente para fabricar etanol.

Rodrigues atua na comissão representando a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Atualmente ele preside o Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp. Também participam do grupo internacional o ex-governador do estado da Flórida, Jeb Bush, irmão do presidente norte-americano, e o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o colombianor Luis Alberto Moreno.

A comissão aguarda informações solicitadas ao Instituto Interamericano de Cooperação agrícola (IICA) para traçar um diagnóstico do mercado de etanol no continente. “A idéia é levantar dados sobre a produção de cana-de-açúcar em cada país, quantos hectares são plantados, qual a produtividade, qual o custo de produção, qual o sistema de produção, qual a estrutura fundiária e, se possível, a indicação de alguma produção de etanol”, detalha o ex-ministro.

Também será levantado quanto cada país tem de terra disponível para plantar cana-de-açúcar e qual tecnologia seria mais adequada. Por fim, será apurada a obrigatoriedade ou não de mistura de etanol à gasolina em cada país. Segundo Rodrigues, o trabalho também tem o objetivo de alavancar investimentos e avançar na "comoditização" do etanol.

“Quando este trabalho estiver pronto, até final de abril, teremos identificado todo o cenário continental para a produção de etanol. A partir daí, o BID criará um sistema financeiro para apoiar construções de usina de álcool em todos os países em que a cana de açúcar é viável.”, antecipa Rodrigues.

Na avaliação do ex-ministro, é necessário que vários países produzam etanol para que se crie um mercado de consumidores. Atualmente, Brasil e Estados Unidos respondem por 72% da produção mundial de etanol, sendo que os norte-americanos produzem apenas para seu mercado interno.

“Hoje, consumidores importantes como Japão, Coréia e União Européia olham com uma certa preocupação esse produto, porque quem produz hoje, com capacidade de exportar, é o Brasil. Os líderes desses países têm medo de depender de um único país. É preciso que mais países produzam”, destaca."Quanto mais gente estiver produzindo, mais oferta o mundo terá e mais fácil será criar um mercado de consumidores de etanol. Como o Brasil tem uma qualidade competitiva inalienável, ninguém consegue competir conosco nessa área, sempre iremos ter uma posição vantajosa no mercado internacional.”

A produção de etanol em outros países, especialmente na América Central e Caribe, será um dos principais temas da visita do presidente George W.Bush ao Brasil. Segundo Roberto Rodrigues, o que se discute é uma parceria envolverndo tecnologia brasileira e norte-americana. Os recursos para a implantação de plantas de etanol noutras regiões viriam do Brasil, Estados Unidos, dos outros países e de bancos internacionais financiadores. “Uma parceria com os Estados Unidos é significativa, sobretudo se permitir que os recursos americanos sejam investidos aqui e em outros países para difusão e melhoria da tecnologia na questão canavieira e na questão industrial da produção do álcool”, destaca.

Para Rodrigues, com essa parceria, o Brasil vai poder vender tecnologia. “Vamos vender equipamentos, usinas completas, inteligência, carros flex fuel. Vamos ter condições de vender produtos com valor agregado mais alto”, enfatiza ele.

Outro ponto importante da conversa entre Brasil e EUA, segundo Rodrigues, é a discussão sobre a padronização do produto, com vistas ao comércio internacional, a chamada "commoditização" (ou seja, a transformação do álcool em commodity, tipo de mercadoria que é negociada internacionalmente com facilidade porque os diferentes mercados sabem que ela terá sempre as mesmas características).

Federações de indústrias sugerem aos presidentes Lula e Bush agenda "mais ambiciosa" - As federações das Indústrias dos estados de São Paulo (Fiesp) e do Rio de Janeiro (Firjan), junto com a Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro, apresentam hoje (9) aos presidentes George W. Bush, dos Estados Unidos, e Luiz Inácio Lula da Silva uma carta de reivindicações. No comunicado conjunto, as entidades sugerem uma agenda “mais ambiciosa” na relação bilateral.

As entidades querem um tratamento diferenciado nos produtos que envolvem o comércio entre Estados Unidos e Brasil. A negociação envolveria, segundo as associações, os modelos usados entre Estados Unidos e países como Índia e China.

As federações defendem ainda que Brasil e Estados Unidos relancem as negociações comerciais preferenciais entre as duas nações, visando a um maior acesso aos mercados de bens e serviços, além do fomento aos investimentos, à competitividade e à inovação, incluindo a proteção à propriedade intelectual. O objetivo é facilitar a conclusão da Rodada Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC), que trata dos subsídios agrícolas concedidos pelos países desenvolvidos.

Nessa agenda, teria prioridade também a questão dos biocombustíveis, envolvendo a criação de um programa de cooperação em pesquisa e desenvolvimento nas fases agrícola e industrial, além de um acordo para evitar a bitributação.

Para ambientalistas, adoção do etanol pelos EUA não basta para conter aquecimento global - Por ocasião da visita do presidente norte-americano, George W. Bush, ao Brasil, a organização não-governamental (ONG) Greenpeace fez um protesto hoje (8) no Monumento aos Bandeirantes em São Paulo, denunciando a “falta de discussão” entre os dois países sobre a redução do aquecimento global, como definiu a organização por comunicado. No protesto, batizado de Refugiados Climáticos, cerca de 25 pessoas fantasiadas como animais subiram no monumento e estenderam uma faixa escrita com a frase: “Etanol é pouco. Salvem o clima”.

“Queremos ouvir desses líderes (Lula e Bush) suas propostas e compromissos para reduzirem a emissão de gases do efeito estufa”, explicou Rebeca Lerer, coordenadora do protesto. Segundo ela, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Bush deveriam “aplicar soluções definitivas e contundentes para a redução imediata das emissões de CO2 (dióxido de carbono) de seus países, ao invés de apenas discutir acordos comerciais de etanol”.

De acordo com o Greenpeace, a expansão da produção brasileira de etanol para abastecimento do mercado norte-americano é a pauta do encontro entre os dois presidentes e pode se tornar “um vetor de desmatamento e de outros problemas socioambientais”.

Atualmente, Brasil e Estados Unidos são os dois maiores produtores de etanol do mundo, sendo responsáveis cada um por pouco mais de um terço da produção mundial, que é de 45 bilhões de litros por ano. De acordo com o comunicado da ONG, a produção brasileira de etanol corresponde a 40% do consumo interno de combustíveis, enquanto a norte-americana corresponde a menos de 3% do consumo interno de gasolina. | Por: Carolina Pimentel, Júlio Cruz Neto, Mylena Fiori,Gabriel Corrêa, Alana Gandra/ABr e Fator Brasil

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