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16/12/2008 - 10:01

Pescadores aprovam pesquisa e defeso no reservatório de Itaipu


Antes mesmo da formação do reservatório de Itaipu ele já pescava no Rio Paraná. Hoje, Santo Buzinaro conhece como poucos as manhas da pesca no lago da hidrelétrica. Somente na foz do Rio Arroio Guaçu – um dos maiores afluentes da represa, localizado em Mercedes – são 19 anos tirando da água o seu sustento. Prestes a completar 70 anos, boa parte deles vividos a bordo de um barco, a experiência de seu Santo, como é mais conhecido na colônia de pesca, é fundamental para uma pesquisa realizada por técnicos da Itaipu e da Universidade Estadual de Maringá (UEM).

Ele é um dos 26 pescadores que, durante o período em que a pesca no reservatório é restrita (defeso) por causa da época de reprodução dos peixes (piracema), colaboram para o “Monitoramento do rendimento e da socioeconomia da pesca no reservatório de Itaipu.” Uma vez por mês, durante os quatro meses de piracema (de novembro a fevereiro), eles são autorizados a pescar como normalmente fazem fora do defeso, em dia e local predefinidos pelos coordenadores da pesquisa.

Para os pescadores é quase o mesmo trabalho realizado durante o ano todo. Eles armam as redes à tarde e, no dia seguinte, bem cedo, as retiram. A diferença é que, nas permissões especiais durante a piracema, eles precisam levar os peixes até os pesquisadores, que aguardam nos pontos de desembarque. É onde os técnicos coletam dados como peso, tamanho, sexo e grau de maturação dos peixes, entre outros. Em seguida, recolhem o conteúdo estomacal (para analisar o tipo de alimentação) e devolvem o restante (que ainda pode ser aproveitado) para os pescadores. Na piracema, esse trabalho é realizado em 13 pontos estratégicos do reservatório.

Segundo o biólogo Vilmar Bolzon, técnico da Divisão de Reservatório (MARR.CD), a escolha dos pescadores que colaboram com a pesquisa obedece a critérios bem estabelecidos, como a experiência e a área onde cada um deles costuma trabalhar. “Não é por afinidade, mas por fatores objetivos”, explica.

Além da proibição do uso de apetrechos como rede e espinhel durante a piracema, os pescadores não podem tirar do reservatório mais do que cinco quilos de peixes por dia. Para compensar, recebem do governo federal o seguro-defeso, no valor de um salário mínimo (R$ 415). “Com os cinco quilos diários e o salário mínimo dá para sobreviver”, diz Wilberto Hilger, de 34 anos, outro pescador que colabora com a pesquisa. “Vários pescadores não conseguem sequer tirar um salário mínimo por mês fora da época de piracema”, complementa.

Pesquisa e defeso são aprovados - Os pescadores aprovam a pesquisa. “Esse pessoal (os pesquisadores) é a nossa mão direita. Eles dizem o que funciona ou não, o que é bom pegar e o que é melhor não pescar”, afirmou seu Santo durante a entrega dos peixes para pesquisa, na última terça-feira. Hilger concorda. “A própria pesquisa revela porque algumas espécies somem e outras passam a aparecer com mais freqüência, como o barba-chata, tucunaré e o piauçu, que é um peixe que até um tempo atrás quase não se via e hoje pegamos muito”, ressalta.

Ambos são favoráveis ao defeso. Contudo, na rotina sobre o barco, dizem que nem todos pensam assim. “Muitos não respeitam, principalmente os amadores”, ressalta seu Santo. “Quem respeita é o profissional, que, se precisar, vem pescar até de linha”, diz Wilberto Hilger.

Parceria dura o ano todo - A parceria entre Itaipu, UEM e as sete colônias de pescadores do lado brasileiro do reservatório, das quais fazem parte cerca de 700 famílias que dependem da pesca, vai além da piracema. Diariamente e durante os 12 meses do ano, todos os pescadores cadastrados – e não apenas os 26 que colaboram durante a piracema – preenchem fichas nas quais relatam detalhes da pesca, como a quantidade obtida, local de captura e espécie, entre outros. Cada colônia recebe R$ 15 por ficha. Essas informações são reunidas, organizadas e avaliadas por técnicos da Itaipu e da UEM. É a base para ações de preservação da ictiofauna no reservatório. | www.itaipu.gov.br

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