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19/12/2008 - 10:04

Planos de Saúde: mudanças a caminho*

O início do planejamento estratégico de uma organização se dá pelo entendimento do seu negócio, que é definido como sendo o espaço de demanda da sociedade que a empresa ocupa ou deseja ocupar. Quando perguntamos a um cliente de uma operadora de plano de saúde o que o leva a adquirir um plano, invariavelmente as palavras segurança e tranqüilidade aparecerão, não importa se o cliente é uma pessoa física ou jurídica.

Ao adquirir um plano de saúde, o indivíduo transfere a incerteza dos eventos em relação à sua saúde para a operadora, que fará então a Gestão do Risco em Saúde. A natureza desse negócio é a da probabilidade. Sendo assim, o pensamento estatístico é condição fundamental para a gestão de sucesso desse negócio, que atua com a variabilidade da ocorrência de sinistros. As operadoras associam a ocorrência desses sinistros a probabilidades, e daí surge a necessidade de se ter reservas técnicas, a fim de suprir eventos de baixa probabilidade de ocorrência, porém de alto custo.

Outro aspecto importante desta gestão é que diferente do hospital, remunerado pelo tratamento da doença, a operadora é remunerada pela saúde de sua carteira. Hospital e operadora são dois negócios completamente distintos que atuam numa mesma cadeia de valor. Quanto mais saudável for a carteira de uma operadora, maiores serão seus ganhos econômico-financeiros e sua possibilidade de oferecer produtos a custos cada vez acessíveis a parcelas maiores da população. A saúde do beneficiário passa a ser tanto interesse do usuário como da operadora. E isso é muito bom para todos: beneficiário, operadora, governo e sociedade. Quando uma operadora entende seu negócio como gestão do risco em saúde, ações de prevenção da doença e promoção da saúde passam a ser estratégicas e pré-condição para o alcance de bons resultados, porque reduzem o risco.

O crescimento da carteira de clientes é outro fator importante. Quanto maior o número de beneficiários atendidos por uma operadora, menor é a possibilidade de erro na avaliação dos eventos em saúde que podem ocorrer. O erro amostral cresce muito em carteiras com menos de trinta mil vidas em pré-pagamento, o que deixa as operadoras nessas condições com dificuldades financeiras para cobrir sinistros de alto custo. Consideramos apenas os clientes em pré-pagamento, porque somente esta modalidade remunera o risco e torna o modelo centrado na saúde. Produtos em custo operacional ou em cartão de desconto não remuneram risco, que permanece, então, com o cliente, tornando o modelo centrado na doença, uma vez que o beneficiário somente compra serviço quando necessita de atendimento.

Em função da existência de um grande número de pequenas operadoras, da maior organização do segmento com a sua regulamentação e da abundante disponibilidade de recursos financeiros no mercado, é razoável prever que, a partir de agora, assistiremos a uma grande movimentação de aquisições e incorporações nesse setor, que movimenta quarenta bilhões anuais, segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Se isso não acontecer, a gestão destas empresas é que passará a ser de risco e não apenas o negócio.

. Por: Roberto de Assis Nogueira, sócio-diretor do Grupo Yes de Consultoria e consultor em Gestão Estratégica.

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