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19/12/2008 - 10:07

Causa e efeito, a eterna confusão*

A confusão que o ser humano faz entre causa e efeito é um dos maiores problemas que tenho encontrado na gestão das organizações. O interessante é que, teoricamente, este conceito é facilmente entendido, porém, na hora de praticar, a grande maioria das pessoas se perde entre o meio e o fim, as causas e o efeito.

Outro dia, dando aula em uma organização pública da área judiciária propus um exercício. Solicitei que cada aluno escrevesse em uma folha de papel quais seriam, na visão deles, os quatro principais problemas da organização. Como eram vinte e cinco alunos, obtive muitas respostas, cem respostas, mas pouquíssimos problemas. Três! Isto mesmo, três míseros problemas em cem respostas! A esmagadora maioria (97) não eram problemas, eram, no máximo, possíveis causas de eventuais problemas. E o pior é que eu havia acabado de dar, naquele exato momento, uma aula sobre causa-efeito, meio-fim. Achava que todo mundo tinha entendido, tudo parecia tão claro, mas na hora da verdade, muito poucos de fato sabiam distinguir entre as causas e os problemas.

O problema está sempre nos fins, nunca nos meios, nos métodos, nos processos. Problema é o resultado indesejável de um processo e nunca o próprio processo. Os problemas daquela organização poderiam ser: “prazo excessivo para julgamento dos litígios”, “demora na entrega de certidões negativas”, “fila grande para obter informações” etc.

Mas, a maioria dos alunos relacionou como problemas coisas como: “falta de pessoal”, “insatisfação com o salário”, “sistema de informática ineficiente”, “nepotismo”, “excesso de burocracia”, “instalações físicas inadequadas” e outros.

Ora senhores, nada disso é problema. Falta de pessoa só pode ser problema se a empresa for uma locadora de mão de obra. Falta de computador é problema em uma empresa que vende equipamentos de informática. Para identificarmos claramente os problemas temos que, inicialmente, definir os produtos ou serviços da organização. E aí, definir os problemas em cima desses produtos ou serviços. Eles só poderão ser do tipo: “alto custo dos produtos”; “elevado prazo de entrega”; “baixa qualidade do serviço”; “número excessivo de erros” etc.

Se não definirmos corretamente os problemas, corremos o risco de estarmos administrando o remédio errado. Não podemos ter pessoas que somente saibam “como fazer”, precisamos também, e muito, de pessoas que saibam “o que fazer”. E, pela minha experiência, é muito mais fácil encontrarmos pessoas do primeiro tipo que do segundo. As pessoas que focalizam os meios tendem a encaixar os problemas em suas técnicas e não o contrário. A questão deles é muito mais “que problemas posso atacar com as técnicas que eu conheço” do que “quais os problemas que realmente têm que ser resolvidos”?

Jacques Loeb foi perguntado uma vez se era neurologista, químico, físico, psicólogo ou filósofo e, respondeu apenas: “eu resolvo problemas”. Vamos povoar nossas organizações de “resolvedores de problemas” que saibam identificar e distinguir problemas de causas, meios de fins e certamente ganharemos muito em produtividade e competência.

. Por: Rubem Myrrha, diretor do Grupo Yes de Consultoria.

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