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20/12/2008 - 06:06

Pesquisadores da Mayo Clinic identificam proteína perigosa, de “duas caras”, que faz o câncer de mama crescer e se espalhar

Jacksonville, Flórida — A capacidade das células cancerosas de dividirem-se e espalharem-se, criando novos tumores, são duas de suas características mais perigosas. Agora, pesquisadores da Clínica Mayo de Jacksonville, Flórida, descobriram uma proteína envolvida nesse processo que funciona como um botão liga-desliga de um comando mortal, que libera células cancerosas de um tumor fazendo ponte para um novo crescimento.

A descoberta é promissora, afirmam os pesquisadores, que tiveram o seu estudo incluído na edição de novembro do Journal of Cell Biology. Se o papel dessa proteína – conhecida como catenina p120 – for realmente tão importante como indicam os estudos será possível virar o jogo contra o câncer, porque se poderá desenvolver um agente para suprimi-la.

“Acreditamos que a p120 pode ser um alvo excelente na terapia contra o câncer”, diz o principal pesquisador do estudo, o médico Panos Anastasiadis, que atua na área da pesquisa do câncer na Clínica Mayo. “A maioria das terapias contra o câncer visa deter o crescimento dos tumores, mas deixa de combater a migração das células cancerosas para outros órgãos, o que conseqüentemente re-estabelece o tumor em outras partes do corpo. Um agente contra a p120 poderia ter essa função dupla e bastante necessária: impedir o câncer de se espalhar e, ao mesmo tempo, fazê-lo parar de crescer”, afirma.

Dr. Anastasiadis explica que, embora tenha ocorrido durante pesquisas com células de tumores de mamas, o achado é relevante para outros tipos de câncer, como de pulmão, rins e de pele, nos quais a p120 tem uma participação. “A descoberta é muito importante para a compreensão da biologia do câncer e para o desenvolvimento de novas formas de combate à doença”.

Esse estudo se desenvolve dentro de um conjunto de pesquisas da Clínica Mayo inteiramente dedicado a compreender – e então interromper – a metástase do câncer. Panos Anastasiadis e seus colaboradores, entre os quais a co-autora do estudo, a médica Edith Perez, oncologista do Programa de Câncer de Mama, já haviam descoberto que a atividade da p120 é necessária para a disseminação do câncer, porém o seu papel no crescimento das células cancerosas só foi conhecido a partir deste estudo.

A atividade da p120 nas células é regular a função das proteínas chamadas caderinas. As caderinas são proteínas da membrana que facilitam a adesão das células, umas às outras, para formar um tecido. Do lado de fora da membrana das células, elas atuam como um velcro, fundindo-se com outras proteínas caderinas de células adjacentes. Do lado de dentro, elas se agarram e formam uma cadeia de cateninas, que são proteínas que regulam a forma e a função das células. A caderina mais compreendida é a caderina-E, que une todas as células epiteliais, umas às outras, formando camadas que revestem a parte interna dos órgãos e cavidades corporais, além da pele externa dos seres humanos. Em resumo, a caderina-E mantém coesas as células e tecidos do organismo humano, explica o médico.

Nesse estudo, os pesquisadores descobriram que a p120, além de promover a metástase, quando não está ligada à caderina-E, se volta contra os genes e proteínas promotores do crescimento. Em experiências de laboratório com animais, eles descobriram que a p120 “livre” torna o câncer muito agressivo, capaz de crescer em condições que outras células cancerosas não têm. “O que é realmente interessante aqui é que a p120 atua como uma supressora de tumores, quando ela está ligada à caderina-E, e como uma promotora de tumores, quando não está”, diz Panos Anastasiadis.

Os pesquisadores acreditam que essas descobertas podem ajudar a explicar porque, em alguns tipos de tumores sólidos (como de mama, pulmão, rins e melanoma), a perda de caderina-E é associada a prognósticos mais agressivos, menos tratáveis. “Pensamos que, quando a caderina-E é perdida, a p120 se libera e passa a promover o crescimento do tumor, que podem anular os benefícios de quimioterapias dirigidas”, ele diz.

“Assim, em câncer de mama que é HER2-positivo, terapias contra a proteína HER2, como a feita com Herceptin, não irão funcionar bem, se a p120 passou a exercer mecanismos alternativos de crescimento”, diz Panos Anastasiadis. “Um efeito similar também pode ser esperado no caso de câncer de pulmão EGFR-positivo e de tratamento contra a proteína EGFR”, explica. A HER2 e a EGFR são proteínas promotoras do crescimento da célula. Uma solução provável seria desenvolver um agente que combatesse a função promotora de tumor da p120 que não estiver ligada à caderina-E, afirma o médico. “Isso não vai ser fácil, mas, com base em nossos entendimentos atuais da função da p120, acreditamos ser possível”, declara.

Outros co-autores do estudo: pesquisadores Edwin Soto; Masahiro Yanagisawa, Laura Marlow e John Copland. O estudo foi financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde e pela Fundação de Pesquisa do Câncer de Mama.

Perfil - A Clínica Mayo é o primeiro e maior centro de medicina integrada do mundo. Médicos de todas as especialidades trabalham juntos no atendimento aos pacientes, unidos por um sistema e por uma filosofia comum: “as necessidades dos pacientes vêm em primeiro lugar”. Mais de 3.300 médicos, cientistas e pesquisadores, além de 46.000 profissionais de saúde, trabalham na Clínica Mayo, que tem unidades em Rochester (Minnesota), Jacksonville (Flórida) e Scottsdale/Phoenix (Arizona). Juntas, as três unidades tratam mais de meio milhão de pessoas por ano. Para mais notícias sobre a Clínica Mayo, visite o site www.mayoclinic.org/news/.

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