Maiores empresas de tecnologia investem em soluções para bancarização

Seis das maiores fornecedoras de tecnologia confirmam que estão desenvolvendo tecnologia para ajudar a ampliar o acesso de parcelas maiores da população aos serviços bancários.

O aumento do acesso da população, notadamente da chamada ‘classe C’, a serviços financeiros – como crédito, contas bancárias, recebimentos e pagamentos, seguros e previdência privada – ocorrido nos últimos anos no Brasil implica, para o setor financeiro, em novos e imensos desafios. O País conheceu, entre os anos de 2000 a 2007, crescimento exponencial da bancarização: o número de contas correntes saltou de 63,7 milhões para 112,1 milhões, ou crescimento de 76%.

Por essa razão, o tema central escolhido para o Ciab Febraban 2009 será Bancarização. Realizado pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos), o congresso e exposição é o maior evento do setor na América Latina. Na sua edição de 2008, o Ciab Febraban reuniu 1,5 mil congressistas que representaram instituições de 14 países diferentes. O congresso teve 28 painéis, com 89 palestrantes e 30 keynote speakers internacionais. Além disso, foram 16 mil visitantes para um total de 100 estandes de 84 empresas expositoras, reunindo os maiores desenvolvedores de TI do mundo.

Marcelo Spaziani, vice-presidente de vendas da IBM Brasil, já confirmou presença no congresso e entende que entre os paradigmas para o aumento do volume de crédito está a definição de boa estratégia para conquistar clientes da população de baixa renda. “Nesse sentido, uma das discussões é em torno da forma de bancarização; e as instituições que tiverem investido em bancarização terão um diferencial competitivo e ganharão a fidelização desses clientes”.

CPM Braxis e OI confirmam investimentos em mobile banking - No entender de Gustavo Roxo, diretor setorial de Tecnologia da Febraban, o desenvolvimento de novas soluções vai garantir a aceleração do processo de bancarização. “É necessário desenvolver sistemas que permitam conhecer bem esse novo cliente, seus hábitos e costumes, reduzir custos das operações e racionalizar processos e ganhar escala. Além de disponibilizar informações claras e adequadas em tomada de decisões e, para isso, contamos com o bom uso da Tecnologia da Informação (TI)”.

O diretor se refere a modelos eficientes de transferências eletrônicas, m-payment, m-banking (operações bancárias feitas através de celulares), combate eficiente a crimes eletrônicos e modernos sistemas de gestão de custos e de relacionamento.

Maurício Minas, vice-presidente sênior da CPM Braxis, uma das maiores fornecedoras brasileiras de serviços em TI, complementa: “a bancarização viabiliza novos canais, como os correspondentes não bancários e a mobilidade (mobile payment), que ganham força na medida em que seu principal público-alvo se fortalece”, explica.

“Os bancos precisam estar preparados para sustentar este aumento de demanda; ou seja, trabalhar com tickets médios menores, altos volumes e menores tarifas, e terão de buscar infra-estrutura eficiente para garantir o menor custo nas operações sem risco de perda de qualidade”.

Já Luiz Henrique Costa, diretor de mercado corporativo privado da Oi, entende que a bancarização é um importante indicador de inclusão financeira. “Os próximos alicerces estão baseados em plataformas de conexões de banda larga 3G (para telefonia celular) entre as instituições financeiras e seus clientes, que poderão utilizar os serviços quando estiverem em movimento”, acredita.

Henrique Costa informa que a Oi, novo player na operação móvel em São Paulo, está pronta para, com a Febraban, estudar formas de apoiar este importante movimento para o País. “Gostaríamos também de atuar junto aos bancos na simplificação dos processos que conduzam à boa governança de serviços e na minimização de seus riscos operacionais”, completa o diretor.

Correspondentes não bancários - Boa parte das empresas que fornecem TI aos bancos considera que o movimento de bancarização deve muito ao aparecimento dos correspondentes não bancários, estabelecimentos comerciais como casas lotéricas e agências de correios que oferecem acesso a serviços financeiros.

Para Juarez Sant'Anna, vice-presidente de Marketing e Vendas da Diebold Procomp, o modelo de correspondente não bancário vem contribuindo para o crescimento da bancarização no Brasil. “Os correspondentes conseguiram aproximar a população das instituições financeiras. Cabe aos bancos e a nós, como fornecedores de soluções de tecnologia, encontrar o modelo de negócio que viabilize cada vez mais esta iniciativa”, afirma.

Marco Aurélio Freitas, diretor Comercial e de Marketing da Perto (uma das maiores fornecedoras de caixas eletrônicos do País) vai mais longe e acredita que os correspondentes são uma das grandes apostas do mercado de tecnologia. “A Perto já tem uma solução completa de POS (point of sale, ponto de venda) com mais de mil pontos instalados no modelo outsourcing em grande banco privado”. A empresa tem avançado substancialmente no segmento de caixas eletrônicos (ATM’s), com crescimento da base instalada e diversificação das soluções para este mercado. “A Perto está alinhada com o movimento de bancarização e desenvolve soluções de multiserviços em suas máquinas”, adianta Freitas.

Para finalizar, o diretor de Vendas para o segmento Financeiro da HP Brasil, Alex Freitas, sintetiza a necessidade do investimento em desenvolvimento de tecnologia: “Já estamos nos preparando para a próxima edição do Ciab Febraban, em especial no tema bancarização”. Na sua opinião, as empresas de TI têm papel fundamental no processo de bancarização, pois precisam criar soluções inovadoras que facilitem o acesso dos clientes ao sistema bancário com total segurança.

Congresso atinge capitais latino-americanas - O Ciab Febraban já conta com 14 patrocinadoras em diversas categorias. São algumas das mais destacadas empresas mundiais de tecnologia, como: CA, CSC BRASIL, DTS, Microsoft e NCR, CPM Braxis, IBM, Itautec, Diebold Procomp, HP, Oi e Perto, além da Eccox. A Serasa é mais uma vez a co-patrocinadora do evento, composto por um recinto de exposições de aproximadamente quatro mil metros quadrados, além de congresso para cerca de 1,5 mil representantes de instituições financeiras do mundo todo, espalhados em três auditórios de conferências, palestras e painéis de debates.

A Febraban também repetirá os eventos preparatórios para o congresso. Já há três anos consecutivos, a Federação realiza eventos de um dia nas principais capitais latino-americanas (road show), além de eventos em São Paulo com os bancos nacionais. Tais eventos se dedicam a discutir previamente questões que serão mais detalhadas no congresso do Ciab Febraban.

Esses encontros reuniram, na última edição, 982 representantes de bancos e instituições, e contaram com patrocinadores próprios. Os eventos internacionais foram realizados em nove países da América Latina.

XIX Ciab Febraban – Congresso e Exposição de Tecnologia da Informação das Instituições Financeiras, dias 17, 18 e 19 de junho de 2009, no Transamérica Expo Center - São Paulo, Av. Dr. Mário Villas Boas Rodrigues 387, Santo Amaro -S. Paulo. [Organização: Febraban – Federação Brasileira de Bancos].