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30/12/2008 - 18:45

Crise Financeira: um espelho do passado?*

Bancos quebrando, empresas falindo e lojas fechando as portas. Esta é uma típica fotografia tirada de Wall Street na crise de 1929. A chamada “quinta-feira negra” foi o marco inicial da grande depressão vivida pelo mundo capitalista até então. Naquela época, a crise instaurada gerou altos índices de desemprego, o que intensificou a miséria social. Hoje, quase 90 anos após a conhecida Crise de 1929, a sociedade mundial enfrenta uma crise financeira que almeja, em certas formas, proporções similares à já citada.

Muitos são os motivos atribuídos à atual contração econômica vivida pelo mercado internacional, entretanto nenhum é mais evidente do que a tão conhecida especulação financeira. Após anos e anos a fio de especulação, somada à entrega de créditos quase ilimitados a quem não tinha dinheiro, paulatinamente o mercado financeiro mundial foi inchando, como uma bomba-relógio prestes a explodir. O colapso das hipotecas imobiliárias nos Estados Unidos foi apenas o catalisador de algo inevitável.

A economia mundial estava caminhando a passos largos. O capitalismo estava cada vez mais liberal, permitindo grandes manobras econômicas e diversas inovações financeiras, o que gerou fortes injeções de capital e um conseqüente aquecimento incessante das bolsas mundiais. Todavia, a falta de controle corroborou com a crise estabelecida, atingindo bancos, casas de investimentos, empresas e especuladores, que estão destinados a perder somas de dinheiro ou fadados à bancarrota iminente. Este sistema mega criativo está encurralado, pois com tamanhas inovações no mercado, fica cada vez mais difícil identificar os riscos ou como eles funcionam.

As soluções estão sendo procuradas e desenvolvidas, mas esta crise não será dirimida num piscar de olhos. O resgate do banco alemão Hypo Real Estate por 50 bilhões, a compra do banco belga-holandês Fortis pelo francês BNP Paribas e a aprovação do histórico resgate financeiro americano de US$ 700 bilhões ainda não conseguiram aliviar a crescente incerteza que assola o mercado mundial. A verdade é que esta retração econômica a que estamos passando, deixará cicatrizes no cenário econômico mundial.

Uma saída para se evitar futuros problemas econômicos como o atual seria intensificar o controle que os governos possuem sobre o sistema capitalista, idéia sugerida pelo atual presidente francês, Nicola Sarkozi. Deve ser visto como uma relação entre pai e filho.

O pai impõe certos limites na educação do filho para que aos poucos ele possa andar com os próprios pés. Parafraseando, os governos devem controlar melhor o sistema capitalista, por intermédio das leis e das agências reguladoras, evitando essa liberalidade desenfreada que alguns não souberam aproveitar e acabaram por causar o atual quadro no qual nos encontramos.

Oitenta e nove anos depois, o mundo enfrenta outra crise financeira. No passado, intervenções governamentais conseguiram reerguer nações abaladas pela miséria e pelo ostracismo oriundo das quebras. Estamos apostando que os governantes serão tão competentes quanto os do passado o foram. Onde e como esta crise termina é absolutamente imprevisível. Mas ela já é muito, muito séria.

. Por: Fábio Lopes Vale, Gerente do Departamento de Relações Institucionais do escritório Manucci Advogados.

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