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09/01/2009 - 09:37

Crise no Oriente Médio

Biografia de Ariel Sharon revela os bastidores da desocupação da faixa de gaza e ajudar a entender a crise atual. Publicado pela Editora Barcarolla, livro do jornalista Freddy Eytan mostra trajetória de um dos maiores líderes israelenses e sua tentativa de estabelecer a paz na região.

Em 15 de agosto de 2005, 50 mil soldados do Exército de Israel entraram na Faixa de Gaza para concretizar um dos planos mais ambiciosos da história contemporânea: retirar 15 mil colonos para encerrar a ocupação israelense de 38 anos na região. As articulações políticas internacionais, a resistência interna e os desafios para a concretização deste plano de desocupação estão no livro Sharon, o Braço de Ferro, escrito pelo jornalista Freddy Eytan.

Lançado em 2008 pela Editora Barcarolla, a biografia de Ariel Sharon dedica 127 de suas 272 páginas à desocupação unilateral da Faixa de Gaza proposta pelo então primeiro-ministro isralense para reduzir o terrorismo na região e aumentar a prosperidade econômica de Israel.

A obra mostra o passo-a-passo desta operação audaciosa, começando pela assinatura pelos Estados Unidos, União Européia, Rússia e ONU do guia da marcha, em 2003, a primeira agenda do processo de paz, que propunha a retirada das forças de Israel das zonas ocupadas e o fim da implantação dos territórios.

Embora com restrições, Sharon apóia a iniciativa, o que provoca inflamadas discussões em seu partido, o Likud. “Que desejam? Que continuemos a dominar e controlar mais de três milhões e meio de palestinos? Como enfrentar essa população que aumenta a cada ano? Sei que ninguém gosta da palavra, mas vou dizer com todas as letras: temos de pôr termo à ocupação! Isso mesmo!A ocupação é nefasta para Israel”!, disse o primeiro-ministro.

No rastro do “guia da marcha”, Sharon anuncia em 18 de dezembro de 2003

O plano de desocupação unilateral da faixa de Gaza e sua devolução aos palestinos, em 2005. Se o plano foi bem recebido pela mídia e pela esquerda, a decisão causou estupor no partido do próprio primeiro-ministro, o conservador Likud, que se voltou contra ele.

Ao expor em minúcias os meses de crises políticas que se seguiram ao anúncio do plano, Eytan traz à luz uma série de escaramuças de bastidores, que mostram as implicações de episódios como as mortes de Arafat (2004) e do papa João Paulo II (2005), a costura política com George Bush, Jacques Chirac e Condoleezza Rice.

Com texto ágil e exaltado, Eytan revela a complexidade das forças políticas em Israel e indicam como a intrincada política interna influi sobre as decisões governamentais, algo nem sempre claro para quem não acompanha muito de perto a política israelense.

Jornalista, cientista político e ex-diplomata, Freddy Eytan conviveu durante quarenta anos com Sharon e os principais dirigentes israelenses, o que lhe permitiu reunir dezenas de histórias e de revelações inéditas, apresentadas com notável espírito crítico.

Nesta biografia, ele desvenda as facetas deste controvertido homem político, o único político israelense adulado e execrado pela direita e pela esquerda, ao mesmo tempo em que narra seus combates, vitórias, fracassos e traz detalhes de sua vida privada e dramas pessoais. Bem documentada, a biografia lança novas luzes sobre o personagem e vai além dele, pois traz dados importantes para a compreensão de Israel e seus dilemas.

O relato faz surgir um Ariel Sharon fascinante, profundamente individualista, impulsivo e manipulador, capaz de se expor sem avaliar os eventuais perigos, arriscando-se a ser imprudente. Eytan não mede as palavras para caracterizar o temperamento do biografado: “Rancoroso, arrebenta com tudo se suas opiniões e planos não são aceitos. O estilo é sempre surpreendente, brutal e espetacular. Não recua nunca, embora saiba que avançando para seu objetivo expõe-se a ataques de todos os lados”.

Outro gesto surpreendente do ex-primeiro-ministro foi a fundação do Kadima, que rapidamente se tornou o maior partido político do país, criado para que ele após o plano de desocupação unilateral da faixa de Gaza.

O autor - Freddy Eytan foi porta-voz do estado-maior do exército israelense e, mais tarde, embaixador de Israel. Jornalista e cientista político, estudou nas universidades de Tel-Aviv e Paris II. Trabalhou para a imprensa israelense como correspondente na França e depois para a imprensa francesa como correspondente em Israel. Dentre os livros que publicou estão Les 18 qui ont fait Israël (Alphée, 2007), com perfis de 18 personalidades que marcaram Israel desde 1948; Le nouveau visage d’Israël (Editions du Rocher, 2006), uma espécie de romance autobiográfico; La France, Israël et les Arabes: le double jeu? (Jean Picollec, 2005), sobre as relações entre França e Israel no período 1972-2003 e Shimon Peres au carrefour du destin (Editions du Rocher, 1996), biografia de Shimon Peres.

. Sharon, o braço de ferro, de Freddy Eytan, Editora Barcarolla, 272 páginas, R$ 39.

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