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15/01/2009 - 08:34

Novo cenário pede revisão de valores

Toda a lógica que tínhamos aprendido a aplicar, não vale mais. Quando finalmente sabíamos as respostas, mudaram as perguntas.

Janeiro de 2009 - Mais um ano se encerrou, ano atípico, que propicia uma total revisão de valores e prioridades para aquele que se inicia.

Mas façamos justiça a 2008. Começou muito bem, manteve nosso clima de euforia durante sua primeira metade, crescemos e pensávamos navegar em mares amenos, com ingresso certo ao time chamado de primeiro mundo. Afinal, somos do clube do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), salvador da economia global estagnada em seu sucesso.

Boa parcela de nosso êxito se deve à grande capacidade exportadora do Brasil. Território, clima, custo da mão-de-obra e alguns investimentos em tecnologia voltada à produtividade nos posicionam muito favoravelmente como supridores de alimentos e algumas matérias-primas para os principais mercados do hemisfério norte.

A onda de crescimento nos trouxe muitos aprendizados, desde a experiência rara em nossa história de planejarmos a (mais) longo prazo a nossa clara inserção no mundo global – exportadores de peso e importadores de certa importância - até a consolidação de modelos de trabalho compartilhado ao longo da cadeia de valor, com muitas empresas que concorrem pela preferência do consumidor buscando instrumentos comuns de produtividade e eficiência.

A administração pública, entretanto, sentindo-se mais uma vez em berço esplêndido e acima do bem e do mal, deixou de fazer sua lição de casa. Preferiu as bravatas de vitórias fáceis às impopulares (mas indispensáveis) medidas de saneamento da dívida pública e da governança, especialmente no que se refere à ineficiência e corrupção.

Assim navegávamos até que.... mais uma vez os sagazes financistas, em sua sede de lucros fáceis, fizeram suas apostas “que não tinham como dar errado”, fundamentados pela falsa lógica do crescimento eterno sem risco. E a bolha estourou.

Em poucas semanas, toda a lógica que tínhamos aprendido a aplicar, não vale mais. Quando finalmente sabíamos as respostas, mudaram as perguntas.

Como ficamos para 2009? Acreditamos nas bravatas de nossos governantes afirmando que estamos blindados de todos os males ou procuramos nossas próprias conclusões, buscando meios para aproveitar as muitas oportunidades inerentes a qualquer mudança?

Não nos cabe aqui analisar o micro cosmo de cada setor ou atividade – situação cambial e os efeitos da perda de valor de nossa moeda, preços de commodities, implosão da indústria automobilística, especialmente norte-americana – assuntos amplamente discutidos e analisados por especialistas e divulgados pela mídia geral e especializada.Pensemos nos efeitos maiores e em seu impacto sobre nossos negócios e nas boas notícias que podemos ter desse caos.

A conclusão mais simplista é que o “mercado global” está em crise. Que as pessoas estão com menos disposição de gastar e muitas com menos capacidade de gastar, pela perda de empregos, salários e economias. Em alguns segmentos e geografias essa situação é mais grave – nesse momento já se observa um tsunami no mundo imobiliário, financeiro e mais recentemente automobilístico. Outros virão.

Mas há coisas permanentes, imutáveis. E, felizmente, grande parte do que sabemos fazer está nesse pequeno mundo mais estável.

Claro que apesar de as necessidades serem as mesmas, a maneira de satisfazê-las mudará. E a dimensão tempo, associada à natureza da necessidade, passará a ser um balizador estratégico. Penso nas necessidades básicas da vida das pessoas, que com ou sem crise, não deixarão de se alimentar, de cuidar do corpo, manterão suas casas e roupas limpas e tenderão a manter algum entretenimento.

Os mais afetados, como o noticiário internacional aponta todos os dias, são os produtos de aquisição mais discricionária, menos premente, como imóveis e bens duráveis de alto valor, particularmente automóveis, cuja compra pode ser adiada por longos períodos.

E aí? As empresas não têm como simplesmente parar e aguardar a poeira baixar, para então escolher o melhor rumo. Decisões precisam ser tomadas, medidas imediatas e acertadas podem significar a diferença entre o sucesso e enormes dificuldades.

As verdades mais permanentes nesse momento, e que portanto poderiam servir como parâmetro às decisões imediatas, nos parecem incluir alguns fatos já claros nesse turbilhão.

Será maior a importância dos mercados internos, do consumo local. É hora de voltar do global ao nosso quintal e, felizmente, nosso mercado interno tem uma razoável expressão. Fortalecendo a produção e distribuição de bens adequados à nova realidade, é necessário estimular o consumo consciente.

Os consumidores estão mais propensos a reavaliar seus hábitos de compra e consumo. É hora de rever os valores determinantes das novas atitudes e buscar novas propostas de produtos, sortimento, mix, embalagem, precificação, promoção, exposição, método de venda e de distribuição, oferecendo novas soluções para os diferentes tipos de necessidades.

Há, portanto, grandes oportunidades nesse cenário: é preciso entender os novos valores e atitudes, especialmente relacionados à fidelidade à categoria, e então desenvolver estratégias apropriadas ao “novo mundo”, fruto da crise.

Perfil da Associação ECR Brasil (www.ecrbrasil.com.br)-A entidade sem fins lucrativos, fundada em 1997, reúne mais de 60 empresas associadas e tem como missão difundir as ferramentas de Resposta Eficiente ao Consumidor (Efficient Consumer Response, em inglês), ou simplesmente ECR, sigla pela qual é conhecida no mundo inteiro. As principais ferramentas são gerenciamento por categoria, reposição eficiente e troca eletrônica de dados.

A sigla ECR representa um movimento global, nascido nos Estados Unidos, por meio do qual integrantes de toda a cadeia de abastecimento (varejo, atacado, distribuidores, indústria, serviços e outros), independentemente de marcas, preços ou participação de mercado, trabalham em conjunto em busca de padrões comuns para a melhoria dos processos, redução de custos, aumento da eficiência e, principalmente, atender às necessidades dos consumidores.

Por: Claudio Czapski

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