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20/01/2009 - 10:13

Livro sobre a oficina de agosto mostra o sagrado e o profano na cultura brasileira


São Paulo– Foi de um sonho de simplicidade que nasceu o projeto da Oficina de Agosto, há 19 anos. Antonio Carlos Bech, o Toti, tinha um antiquário no Embu, mas queria mudar de vida. Queria criar um projeto itinerante como um circo, que despertasse as pessoas por onde passasse: a idéia era aportar numa comunidade pequena, descobrir o que havia ali de material possível e fazer brotar arte das mãos de cada um. E que fosse auto-sustentável, que as pessoas vendessem suas peças, vivessem disso. Madeira, papel machê, garrafa PET, o que estivesse ao redor podia ser transformado em quadros, esculturas, um avião cheio de poesia, um Espírito Santo despretensioso, cercado de flores, uma bundinha ingênua emoldurada, paixões de todo brasileiro.

Com o apoio do escritório Machado, Meyer, Sendacz e Opice, o livro “O Brasil genial da Oficina de Agosto” conta essa história com o mesmo espírito livre desse projeto poético e despretensioso: através de quem faz a Oficina. São histórias da Lili, do Daniel, da Huda, do Fábio, do Batata, do Marcelo… gente que trabalhava como babá, motorista, pedreiro, bombeiro, e que refloriu como pintores, escultores, inventores. Gente que vive em Bichinho, um povoado a 7 quilômetros de Tiradentes, Minas Gerais, onde Toti se instalou de vez e ali enxergou artistas em botão: deu um pincel na mão de cada um, pediu para que pintassem o que havia ao redor: a galinha que logo ia para a faca, a banana de todo dia, os santos, tanto faz. Cada quadro, cada escultura revela a mão de quem fez, e são muitas as mãos, um trabalho sempre coletivo. E único, porque nenhuma peça sai igual a outra. É a identidade de quem faz carimbando a identidade de quem compra.

Porque a Oficina é a cara do Brasil, a cara de Minas Gerais, do humor afiado e ingênuo ao mesmo tempo, da fé que diz as coisas quando a gente não sabe dizer, do Barroco, da leveza nas palavras, o livro vai revelando quem é essa turma. Um capítulo mostra o lado do Barroco, outro revela como os grandes cronistas só podiam ser mineiros, contadores de histórias como são os artesãos da Oficina, outro ainda fala do fetiche, do erotismo ingênuo que está no imaginário de cada um. Afinal, porque ali, no coração das Minas Gerais, a Oficina transbordou de sentido.

Com humor e delicadeza, o texto vai descrevendo o que é e quem faz a Oficina de Agosto. E como cresceu e transformou tudo ao redor. Hoje a Oficina vende para o Brasil inteiro, para outros países, e Bichinho, um povoado que há pouco mais de 20 anos desconhecia luz elétrica, está na rota dos turistas, vê sua arte se espalhar. Hoje todo mundo se preocupa com o meio ambiente, cuida da saúde, se empenha em melhorar o lugar. Famílias cresceram ali, novas gerações trabalham para a Oficina, e quem se destaca sai em carreira solo, terceirizando o trabalho, mas sempre por perto. O frescor em cada peça continua o mesmo, porque conta histórias legítimas. O Divino, a bundinha, o humor, o fetiche, a fé, tudo isso junto, é a cara da Oficina. A cara do Brasil.

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