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24/01/2009 - 08:39

Há milhares de Guilhermes no Brasil que precisam de oportunidade

No meio de tantas notícias tristes e inexplicáveis que permeiam os noticiários, relatos de guerras, estatísticas alarmantes sobre mortalidade infantil no Brasil e no mundo, a semana que passou também nos surpreendeu com a notícia de uma criança que, aos 13 anos, conseguiu ter acesso ao ensino superior, passando em primeiro lugar no vestibular para o curso de Química da UFPR. Trata-se do mais jovem universitário da história das universidades federais deste país. Seu nome, Guilherme Cardoso de Souza. Que ele é um superdotado, todos sabiam, pois seu desenvolvimento intelectual manifestou-se aos dois anos. Sua excepcionalidade intelectual foi constatada por profissionais especializados. Mas o que poucos sabiam é que este universitário menino pertence a uma família de poucos recursos financeiros, o que certamente inibiria o desenvolvimento de seu tremendo potencial por falta de um acompanhamento especializado. Talvez até pela necessidade de sobrevivência, ele seria forçado a trabalhar precocemente, como acontece com milhares de crianças e jovens brasileiros, alguns deles superdotados que nunca serão descobertos. Sem o reconhecimento de Guilherme, certamente o Brasil estaria perdendo um excepcional talento para o seu universo profissional ou cientifico.

O que o Guilherme precisava, como outros milhares de crianças e jovens na mesma situação, era somente uma pequena e sublime oportunidade. Felizmente ela veio quando o menino foi admitido no Programa Bom Aluno, e, a partir daí, teve acompanhamento profissional em todos os níveis para que fatores externos não venham influir em seu desenvolvimento em momento algum. O Bom Aluno foi criado pela BS Colway em 1993 e o pressuposto dela, inovador e sustentável para a época, era o de que tinha a obrigação de gerar lucros, pertencer aos funcionários e buscar soluções para a sociedade. Não ficou apenas no discurso, mesmo depois que a companhia, modelo nacional e referência internacional pela sua qualidade e capacidade produtiva, foi selvagemente inviabilizada por decisão do governo. Tal medida trouxe prejuízos vultuosos e, agora, ainda mais agravados pela recente crise. Mas o que se ouviu no momento mais crítico daquela empresa é que seus sócios e executivos fizeram um pacto de preservar o máximo possível os empregos e jamais abandonar os programas sociais.

O exemplo de talentos como o Guilherme, que jamais encontram a luz da oportunidade, e o exemplo de empresários que mantêm seus compromissos com a sociedade, nos fazem perceber, com muita tristeza, a atitude de outros, que jamais se preocuparam com a tremenda vala social que existe no Brasil. Muitos, em um momento de crise como este, tomaram como primeira medida o corte de programas sociais. Não seria o caso de fazer o contrário, buscar a excelência e ser mais proficiente? Empresários e executivos que acham que os problemas sociais serão resolvidos pelos governos e que nunca irão atingi-los, ficaram congelados em meados do século passado. São velhos dinossauros e logo irão desaparecer. Mais e mais empresas socialmente responsáveis de verdade, e que buscam a sustentabilidade, precisam aparecer agora. Amanhã pode ser tarde.

. Por: Ozil Pedro Coelho Neto ([email protected]), economista, gestor de programas socioambientais, palestrante, coordendador do Programa Bom Aluno e professor de ética e responsabilidade social.

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