Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

Mobiliário Melancólico

Visitação de 7 novembro a 3 dezembro de 2006,d e erça a sexta das 9h às 21h, sábados, domingos e feriados das 12 às 21h, na Galeria Sotero Cosme – MACRS, Casa de Cultura Mario Quintana ,Rua dos Andradas, 736, 6º andar - Porto Alegre – RS | Telefones (51) 3221-5900 (51) 3227-9698

Luciano Zanette apresenta Mobiliário Melancólico, exposição com treze trabalhos produzidos em 2006. Estes são desdobramentos de experimentações iniciadas 1998 com o uso de móveis encontrados ou construídos pelo artista. Os trabalhos apresentados agora são estruturalmente austeros, com ângulos retos, superfícies lisas e formas secas. A referência a elementos de mobília é clara, mas uma mobília sob o signo da incerteza quanto as suas funções práticas, pois suas características estruturais e funcionais sofreram sobreposições, dobras, subtrações e subjetivações.

Luciano Zanette vive e trabalha em Porto Alegre. Atualmente desenvolve projeto de pesquisa em Poéticas Visuais sobre Mobiliário Melancólico no PPGAV do Instituto de Artes da UFRGS.

Em um alfabeto de associações encontramos corpos que encenam uma tensa coreografia.

Profanando o sentido das coisas, as obras falam de uma certa impossibilidade de servir. Um mal estar é produzido frente a esses objetos ordinários aliando em suas características a subversão de não ceder ao uso, de não representar nada mais do que elementos a serem olhados, sem função, sem uso, sem escravidão passiva.

É acalentada uma sede em retirá-los da dormência, objetos muitas vezes produzidos em série, recolocando-os em outras séries, ora como talismãs que encarceram e cristalizam, ora como espelhos que transpassam e refletem, ora como janelas que simulam vertigens.

Com uma filosofia do não, as obras delatam uma lógica desorganizadora, em um espaço que se propõe a ser o testemunho de um desvio. As obras atestam que a vida social, em sua integralidade, está imersa em uma atmosfera estética.

Em um ímpeto de formas, que flertam com um universo propenso a ambivalência, a matéria se torna um desenho de associações. Uma lógica do afeto na qual os objetos de desejo são depositários de relações afetivas. Mecanismos que evidenciam pontos de contato e expõem ângulos cegos.

Em territórios onde se avistam espaços de litígio que como em um rasgo afloram distorções em um laboratório de acréscimos com mil dobras. As obras funcionam como aparelhos que engendram operações nervosas, relações sistêmicas que formam uma morfologia de corpos que gritam.

Através de um parentesco de desdobramentos condensam-se experiências e situações precárias. Dispositivos que propõem a fratura e que se inscrevem em uma relação de poder que responde a uma urgência.

Há uma intensa reflexão acerca de uma teoria da pele, quando o toque se coloca como hemorragia, um excesso onde tocar significa atingir.

Expondo sobreposições, justaposições, distensões e afastamentos entre corpos. O toque aqui funciona como uma política de sentidos, quando a conversão ao tátil evoca uma dança de incorporações e confrontos.

Em uma noção de um espaço incorporado encontramos objetos que guardam a presença do mundo, quando as coisas sobrevivem como um testemunho da ginástica dos corpos. Embebidas no espelhamento, as obras sintetizam parábolas.

Ao final, percebemos que as coisas não calam. Nas adjacências encontramos o diagnóstico de um mundo ferido.

No deslizamento de um corpo náufrago, atestamos as variações de impossibilidades. Por: Marlen De Martino, doutoranda em História, Teoria e Crítica de Arte na UFRGS -mestre em História Cultural pela UFSC.

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira