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29/01/2009 - 09:36

Questões Regionais e Urbanas

Nas últimas duas décadas pôde-se observar um avanço significativo no processo de integração econômica das nações capitalistas e de algumas economias até então bastante autárquicas. Em parte, essa tendência de globalização tem-se mantido devido a uma série de fatores, entre eles a relativa estabilidade política em que se mantêm os países do Ocidente e do Leste Europeu (principalmente Estados Unidos e antiga União Soviética); o desenvolvimento de tecnologias de comunicação; e o esgotamento do sistema produtivo inspirado nos modelos fordistas.

Contudo, o adensamento dos mercados via um aumento do grau de abertura econômica de um país ou região tem inúmeros efeitos sobre as economias da região. Efeitos esses que tanto podem dinamizar a estrutura produtiva e promover o desenvolvimento equilibrado e competitivo, mas que também podem ser fator de entrave. A força de um mercado denso está na sua capacidade de criar espaço para a ampliação de diversidades produtivas, inovações e aceleração do progresso tecnológico, melhor divisão e maior mobilidade do trabalho e aumento de produtividade. Mas isso também pode significar um aumento das disparidades entre as economias integradas a esses mercados, uma ocupação desordenada do solo, crescimento desordenado de cidades, ampliação além do tamanho ótimo dos centros urbanos, congestionamentos físicos e outros tipos de mazelas como, por exemplo, favelização, danos ambientais e surgimento de epidemias.

A exposição da economia brasileira a um mercado externo competitivo pode ser fator de busca de melhor produtividade e de reafirmação em mercados nos quais o país tem vantagens comparativas, mas também pode desestruturar determinados setores produtivos e alterar a distribuição da renda de seus cidadãos tanto em nível pessoal quanto funcional. Certamente, dentro do contexto de um mercado mais integrado, há regiões que se ajustam com maior velocidade e conseguem extrair bons frutos do mercado globalizado. Há também aquelas que, devido ao baixo estoque de capital físico e humano, à falta de escala de produção, à desorganização institucional e mesmo por opção política, não conseguem se integrar ao mercado mundial e, por isso, ficam condenadas a permanecer na cauda esquerda de uma distribuição de renda.

Mas antecipar tais alterações e identificar quais os perdedores e quais os ganhadores nesse processo gera um grau muito alto de frustração e certa sensação de incapacidade dos estudiosos e, por isso, se torna um desafio constante.

Em nível teórico, até recentemente as pesquisas tanto em economia urbana quanto em economia regional não eram o principal foco das ciências econômicas. A necessidade de sustentação de pressupostos como existência de retornos constantes de escala e competição perfeita era o ponto nevrálgico para o avanço das ciências regionais e urbanas. Com a nova geografia econômica o panorama mudou. Essa mudança se acentua nos estudos que contrapõem as externalidades marshallianas às deseconomias de aglomeração ou algum tipo de congestionamento. As teorias que compõem o núcleo rígido da nova geografia econômica destacam a importância dos rendimentos marginais não-decrescentes para os fatores de produção e retornos crescentes de escala, e criam a possibilidade teórica para múltiplos equilíbrios, explicando tanto a existência de redes de cidades – e não somente a distribuição das atividades – quanto a diversidade da base industrial desse conjunto de cidades e a distribuição de trabalhadores qualificados no território.

Mudanças de interpretação dos problemas regionais, seja em nível teórico ou empírico, impõem-se. O Ipea entende, portanto, que a questão regional e urbana ocupa um importante espaço dentro de uma perspectiva do desenvolvimento de longo prazo. É com essa perspectiva que a Diretoria de Estudos Regionais e Urbanos (Dirur) se vê diante do compromisso de elaborar, editar e divulgar semestralmente um boletim que absorva tais questões. No âmbito do Ipea, este boletim contemplará as cinco áreas que estruturam os estudos regionais e que se fazem representar na forma de coordenações inseridas na Dirur, que são: estudos regionais; estudos intra-urbanos; redes de cidades; meio ambiente; e federalismo.

Esta publicação também abre espaço para colaborações externas, fundamentais para a identificação da leitura de outros atores (acadêmicos, policy makers e pensadores livres) sobre os problemas regionais.

. Por: Carlos Wagner de Albuquerque de Oliveira, da Diretoria de Estudos Regionais e Urbanos do Ipea. /Ipea/Dirur

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