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15/03/2007 - 09:17

O efeito da “concentração” no mercado de saúde

A tendência a fusões e aquisições, no mercado de saúde, pode ser cada vez mais sentida no Brasil. A exemplo de outros mercados, como tecnologia e comunicação, ou mesmo na gigantesca indústria de bebidas, é comum inclusive haver fusões entre marcas há muito tempo consolidadas.

O efeito da concentração visa, em um primeiro momento, o crescimento livre de concorrência. Desde 2000, estamos assistindo a diversas fusões na indústria farmacêutica, que tiveram início quando a Pharmacia&UpJohn se fundiu com a Monsanto. Como fruto dessa fusão, surgiu a Pharmacia Corporation, que se tornou a 11ª maior companhia farmacêutica no mundo. Em 2003, foi adquirida pela Pfizer – que se tornou ainda maior e pôde ter acesso a novas patentes. Ano passado, entretanto, a Johnson &Johnson adquiriu a divisão da Pfizer que fabrica produtos livres de prescrição médica, a Pfizer Consumer Healthcare, aumentando sua fatia de mercado e faturamento.

No Japão, as empresas do mercado farmacêutico estão sendo pressionadas a se fundir para poder competir no exterior. Seja para ganhar novos mercados estrangeiros, seja para eliminar a concorrência e se fortalecer no mercado, as empresas que atuam no mercado de saúde brasileiro estão seguindo o mesmo caminho.

Vimos, nos últimos anos, os hospitais mais importantes do país buscarem gestão profissional – ainda que, em alguns casos, os próprios médicos que vinham acumulando essa função tivessem de investir mais na formação administrativa.

Estamos vendo os laboratórios de análises clínicas se profissionalizando e se consolidando no mercado através de aquisições. São inúmeras as compras de outros laboratórios feitas pelo Dasa e pelo Fleury nos últimos anos, por exemplo, além dos casos de empresas que abriram seu capital através de IPOs (Initial Public Offering) – que é a oferta inicial de ações ao público através de uma bolsa de valores. Nesse caso, Dasa, Medial, Odontoprev e Profarma podem ser citados como exemplos.

Todo esse movimento deveria visar não apenas um posicionamento individual mais fortalecido no mercado, mas garantir mais benefícios aos agentes e consumidores que participam desse setor, oferecendo serviços de melhor qualidade, com profissionais mais capacitados, investimentos em pesquisas e novas tecnologias, além de agilizar e melhorar todo o processo de atendimento aos pacientes.

Infelizmente, não se pode dizer que o objetivo da “concentração” no setor de saúde tem priorizado o paciente. Por enquanto, o que estamos assistindo são empresas acumulando riquezas, ‘engordando’ o caixa, racionalizando operações administrativas e fazendo boas operações financeiras.

Quanto à medicina... Ora, tem sido tratada como ‘apenas um detalhe’. Só que um detalhe como esse pode comprometer toda a imagem de um setor, construída ao longo de anos e que alguns poucos ainda tentam manter através da qualidade – que, em muitos casos, se traduz em vidas.

Se, por um lado, precisamos de empresas financeira e administrativamente mais saudáveis e ágeis em um mundo cada vez mais competitivo, por outro não podemos abrir mão da saúde de nossos pacientes. Com certeza, ainda há quem saiba fazer uma empresa ser rentável, viável e, principalmente, oferecer medicina de qualidade.

. Por: Luis Natel é administrador de empresas e superintendente da URP Diagnósticos Médicos

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