Programas de Segurança Pública de Diadema impressionam observadora da ONU

Espanhola Gemma Galdon esteve hoje na cidade e afirmou políticas de combate à criminalidade podem ser reproduzidas em outros países.

O modelo de combate à criminalidade implantado pela Prefeitura de Diadema impressionou Gemma Galdon. A representante do CIFAL/Barcelona (Centro Internacional de Formação de Atores e Autoridades Locais), entidade ligada à ONU (Organização das Nações Unidas), esteve ontem na cidade da Grande São Paulo para conhecer os projetos desenvolvidos pelo município na área de segurança pública.

“É muito interessante o trabalho integrado que Diadema desenvolve. A segurança não é abordada só como um assunto de polícia. Existe uma preocupação social em torno do problema”, afirmou Gemma Galdon.

O conjunto de projetos apresentados durante todo o dia de hoje à observadora da ONU tiraram Diadema do posto de uma das cidades mais violentas do Brasil. Em 1999, no auge da onda de criminalidade que assolou a cidade, foram registrados 111,62 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes. A taxa foi decaindo gradativamente ao longo dos anos e Diadema encerrou 2008 com 21,19 assassinatos para cada 100 mil habitantes.

O eixo-principal do programa de combate à violência em Diadema está no fechamento de bares às 23h. Em 2001, um estudo mostrou que dos 238 homicídios registrados naquele ano, 60% ocorreram entre 23h e 6h nas proximidades de locais que vendiam bebidas alcoólicas para consumo imediato.

Esse cenário resultou, em 2002, na criação da lei 2.107, que determina o fechamento de bares às 23h. Passados dois anos da medida em vigor, a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e a norte-americana PIRE (Pacific Institute for Research and Evaluation) passaram a desenvolver estudos para medir o impacto da nova regra.

O levantamento concluiu que nos dois primeiros anos da medida, 273 vidas foram poupadas em Diadema graças ao fechamento antecipado dos bares. Média de 11 pessoas que deixaram de ser assassinadas por mês no período.

Ações conjuntas - Além do fechamento de bares, várias outras ações foram desenvolvidas pela Prefeitura de Diadema para reduzir os índices de criminalidade na cidade. Alguns exemplos são a integração das polícias Civil e Militar e da Guarda Civil Municipal, a mediação de conflitos entre a população, a formação continuada dos atores envolvidos na área da segurança, além de campanhas pelo desarmamento infantil e adulto.

A cidade também conta com o Centro Integrado de Videomonitoramento, com câmeras espalhadas pela cidade com capacidade para até 2 km de zoom, e com um mapeamento criminal, que cruza dados de violência com os pontos de vulnerabilidade social do município para o desenvolvimento de políticas públicas específicas nas áreas de educação, geração de emprego e renda, entre outros.

O reconhecimento internacional veio em 2005. Diadema foi a única cidade brasileira convidada pela ONU a apresentar seu projeto de combate à violência no 11º Congresso Mundial de Prevenção ao Crime e Justiça Criminal, realizado pelas Nações Unidas em Bangkok, na Tailândia, diante de 140 líderes mundiais.

No Brasil, várias cidades já reproduziram programas adotados por Diadema no combate à violência. Segundo Gemma Galdon, apesar de Diadema se distinguir socialmente de outras cidades na América e na Europa, seus problemas na área criminalidade são semelhantes aos de outras metrópoles. “Muito do que vi aqui pode ser reproduzido em outros lugares do mundo”, disse a observadora.

Roteiro – A observadora do CIFAL/ONU Gemma Galdon chegou em São Paulo às 7h. Após uma apresentação na Prefeitura de Diadema do trabalho desenvolvido pela Secretaria de Defesa Social, que coordena as ações do programa de redução de criminalidade na cidade, o grupo fez um roteiro de visitação pela cidade, que incluiu paradas no Centro Integrado de Videomonitoramento e no Centro de Treinamento da Guarda Civil Municipal.