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10/02/2009 - 09:44

O desafio síntese de Barack Obama

Após os festejos relativos à posse, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, terá pela frente uma série de problemas herdados da Administração George W. Bush. Uma profunda crise econômico-financeira, os percalços de uma guerra, que parece sem fim para muitos norte-americanos, e o alto antiamericanismo em várias partes do mundo, dentre outros. Desafios que Obama enfatizou em seu primeiro discurso, conclamando a nação a participar de modo ativo no processo de reconstrução da economia e da liderança internacional. O renascimento do espírito norte-americano foi o tema do discurso, mas diversos gestos e ações durante o período de transição indicavam que, sem o engajamento de todos, a grave crise não será superada. O novo estadista deixou claro, sobretudo,que será o líder desse processo, mas não o “salvador da pátria”. O tom do discurso inaugural foi mais denso do que se esperava, mas Obama acertou em tentar desmistificar e, também, diminuir as expectativas quanto à sua administração. Não que isto tenha sido muito efetivo, dado o entusiasmo da massa que acompanhava a posse em todos os cantos do Globo.

No entanto, seu papel como líder foi mostrar que o caminho não será fácil, mas que a história dos Estados Unidos está repleta de exemplos de superação e resgate do sonho americano. O lema da campanha “Yes, we can” (Sim, nós podemos) foi entoado em diversos momentos como um mantra, mostrando que a eleição de Obama já é um reflexo de que mudanças são possíveis.

Por outro lado, ao conclamar à participação e ao engajamento, Obama, ao invés de diminuir, gerou novas expectativas. Garantir a transparência é um dos maiores desafios de sua gestão, pois é preciso alterar toda uma tradição de distanciamento entre o público e os governantes. As novas tecnologias serão essenciais nesse processo, mas a sociedade precisará perceber que sua participação é relevante. Caso contrário, o governo perderá credibilidade do público e as desconfianças aumentarão. Neste caso, os próximos meses são decisivos na implementação de um modelo de comunicação mais democrático e plural..

Os assessores de Obama conhecem o poder da população mobilizada. Por isso, algumas medidas já vêm sendo tomadas desde o final das eleições. O estabelecimento de um canal de comunicação com diferentes grupos sociais durante a transição foi parte do processo. Em diversos momentos, os assessores enviaram e-mails apresentando os planos e ações do novo governo. Estima-se em mais de 10 milhões os e-mails cadastrados. Outra ação foi a manutenção no site da transição (www.change.gov) de seções abertas à participação do público. Os cidadãos tinham acesso aos documentos e às propostas da equipe de transição, como também eram estimulados a comentar e apresentar novas ideias.

Espera-se que essa nova fase de governança democrática seja estendida aos assuntos externos, pois a opinião pública global também esta ávida por maior transparência e diálogo. Obama despertou o entusiasmo e a esperança nos norte-americanos e na grande maioria dos seis bilhões de terráqueos. Manter um diálogo aberto com tão distintos públicos será um grande desafio para a sua gestão, a síntese de sua capacidade de intervir na história. Se tiver sucesso, os reflexos serão importantes para se vislumbrar um novo horizonte na política americana e global.

. Por: Denilde Holzhacker é doutora em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (2006) e professora de Relações Internacionais das Faculdades Integradas Rio Branco.

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