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11/02/2009 - 08:46

Douglas Luís Tres, gestor estadual do projeto SIS, em entrevista

A ameaça de novos concorrentes, o poder de barganha dos clientes, os produtos substitutos, a capacidade de negociação dos fornecedores e a rivalidade entre a concorrência são os cinco fatores responsáveis pela maior ou menor competitividade de uma empresa. Conhecidos como as Cinco Forças de Porter, foram apontados em 1979, pelo teórico da administração Michel Porter. Naquela época, estudiosos começaram a abordar uma técnica conhecida como Inteligência Competitiva, ou IC, cujo objetivo é adiantar tendências e mostrar caminhos para que empresas e instituições possam se antecipar aos concorrentes e a todas as outras forças de Porter. Passados trinta anos, a utilização de inteligência competitiva ainda é, de acordo com o gestor estadual do Sistema de Inteligência Setorial do Sebrae/SC (SIS/Sebrae), Douglas Luís Três, “restrita aos grandes players”, ou seja, a IC – que em suma significa ‘saber antes’, ainda é privilégio de poucos, limitada, na maioria das vezes, a grandes empresas. Na contramão dessa realidade, há pouco mais de um ano, o projeto de SIS (www.sebrae-sc.com.br/sis) leva a micro e pequenos empresários catarinenses informações estratégicas para auxiliá-los em seus planos de gestão e na tomada de decisões. O projeto atende quatro setores da economia catarinense: vestuário, calçados femininos, móveis seriados de madeira (APL de São Miguel do Oeste) e apicultura, cada um deles ligado a um respectivo APL (Arranjo Produtivo Local). Na entrevista que segue, Douglas Luís Três avalia o andamento do SIS e indica os rumos do projeto para 2009.

. Em que momento o Sebrae percebeu a necessidade de oferecer a inteligência competitiva aos empresários catarinenses de vestuário, calçados, móveis e mel? - Douglas: Quando o SIS foi lançado, em 2007, a proposta de um projeto de IC setorial não era nova para a diretoria nem para as gerencias do Sebrae/SC, pois o projeto resultou de pesquisas e avaliação de possibilidade que começaram dois anos antes. O diagnóstico foi de que os setores contemplados pelo projeto careciam de ações que impulsionassem um incremento inovador, como a inteligência competitiva, à gestão das micro e pequenas empresas.

. Como você avalia a participação e o uso do SIS pelos empresários cadastrados até agora? - Douglas: Modesto. Temos um longo caminho a percorrer até que os empresários brasileiros, principalmente os das micro e pequenas empresas, incorporem o uso de relatórios de gestão na hora de tomar decisões estratégicas para suas empresas. O esforço de nossa parte é direcionado para a divulgação dos benefícios que a ferramenta pode oferecer ao tomador de decisão. Os empresários precisam ‘enxergar’ suas empresas e o cenário a seu redor por uma lente diferente daquela até então usada. Eles estão evoluindo nessa perspectiva, mas o processo é lento. Faltam-lhes ações mais pragmáticas, da governança como um todo, que os ofereçam soluções que correspondam as suas expectativas. O SIS é um excelente ponto de partida nessa caminhada.

. Há pretensões de expandir o SIS para outras regiões do país? - Douglas: Sim. Pelos relatórios de acesso ao sistema, sabemos que pessoas de todo o país estão acessando o portal do SIS. Além disso, recebemos visitas de internautas do Reino Unido, Espanha, Portugal, Estados Unidos, Alemanha e Suécia. A estratégia do projeto para 2009 é mobilizar a governança nacional dos setores no sentido de buscar maior aderência por parte dos empresários de outros estados.

. O que significa para o Sebrae/SC ser um dos precursores de núcleos de inteligência competitiva setorial no país? - Douglas: No Brasil, como exemplo, tínhamos a experiência do NICS Farma [IC setorial para o setor farmacêutico], no Rio de Janeiro, muito bem consolidada. Mas, dentro do sistema SEBRAE, o SEBRAE/SC é o pioneiro nesta metodologia. Colhemos o bônus da vanguarda, mas amargamos o ônus de tatearmos em um terreno pouco sinalizado e cheio de percalços. Oferecemos aos empresários cadastrados uma tecnologia customizada, restrita apenas para os grandes players do setor. Isso é um grande desafio, motiva-nos a cada passo.

. Como foi feita a seleção do público-alvo do projeto? - Douglas: No Sebrae/SC temos um planejamento plurianual, no qual buscamos contemplar setores que oferecem maior capacidade de resposta aos nossos investimentos e estímulos. No caso do SIS, analisamos o orçamento disponível para cada região e chegamos aos setores que seriam o foco do projeto.

. Se, em determinada região, todos os empresários de um mesmo setor aderirem ao uso da IC, eles continuarão tendo vantagens uns sobre os outros - Douglas: Absolutamente. A vantagem competitiva que os empresários buscam depende de características como o posicionamento de mercado, que é resultado de um esforço no sentido de buscar a liderança por custo, diferencial ou enfoque. A diferenciação e o baixo custo são vantagens que a empresa adquire por saber lidar melhor com as condições de mercado do que seus concorrentes. Nas regiões onde o projeto atua percebemos empresas se posicionando de forma diferente. Isso, por si só, garante que uma mesma informação pode ser estratégica para uma, mas não para outra empresa. Nosso esforço concentra-se em fazer com que o empresário entenda essa dinâmica e, sabendo efetivamente quem são seus concorrentes, defina suas estratégias. O mercado é amplo e tem espaço para muita gente, porém só sobreviverão os mais rápidos, ágeis e com melhor estratégia.

. Por que o foco inicial de vestuário em SC foi Criciúma e não o Vale do Itajaí, se, tradicionalmente, a região é tida como referência da indústria têxtil e da moda no estado de Santa Catarina? - Douglas: Essa é uma questão interessante. A região da AMREC (Associação dos municípios da Região Carbonífera), tradicionalmente, é uma região que dedica seu esforço empreendedor para atividades como a cerâmica. Porém o Sebrae vem acompanhando a movimentação da economia naquela região e percebeu que o setor de confecções já está entre os 05 mais importantes, se considerado o valor adicionado fiscal, número de empregos gerados e empresas constituídas. Ao mesmo tempo em que o setor desponta como uma das principais atividades econômicas, também carece de apoio e tecnologia (de produção e gestão). Nesse sentido nosso esforço inicialmente tem sido direcionado para atender essa parcela de empresários. Para o ano de 2009 a intenção é levar o projeto para as demais regiões do estado, incluindo o Alto Vale e Vale do Itajaí. | Talita Garcia.

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