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11/02/2009 - 09:39

Saint John Nepô


Há algo deliciosamente trágico, uma flor putrefata brotando sobre as emanações pútridas de uma democracia desvirtuada, que continuará irritando nosso fino olfato.

O caso do castelão de São João Nepomuceno é de causar arrepios ao cadáver de Catilina. Ou não?

Vamos nos entender. O péssimo gosto daquele aborto arquitetônico, daquele castelinho montado com peças Lego, já seria suficiente para cassar o proprietário. Isso é quebra do decoro ambiental, agressão à paisagem, atentado ao pudor estético. A propósito: existe um proprietário? Mesmo naquele pujante município deve haver algo parecido com um Registro de Imóveis. Ao invés de 'ele diz que...', "não, ele diz que doou", "ele nem sabe do que se trata", " ele sustenta que...", irmãos, basta investigar onde se deve. Nada de efeito lampadário, com o bêbado procurando as chaves debaixo do lampadário, pois lá tem luz!

Que economia de discursos daria essa simples operação! Ah, era poste de iluminação, não lampadário! OK. Vamos colocar o tal bêbado na rua e torcer para que não seja assaltado.

O contaminado confesso pelo vírus da amizade (ele sustenta ser vício, nevermind), que ora deixa de ser corregedor veria logo a confirmação ou o desabamento de sua versão, mas isso seria deixar de complicar? Como admitir uma solução simples?

Que o valor possa estar defasado em relação ao valor atual, nada mais fácil de explicar. A Receita Federal não permite reavaliar, (houve apenas uma oportunidade nos últimos dez anos) para não perder a oportunidade de dar uma mordida na hora da venda do imóvel. No caso acima, a mordida fica mais difícil - apesar de injusta. Morder quem? No caso, foi colocada uma focinheira. Mas não vamos nos afastar desse assunto palpitante, enveredando por outro, igualmente empolgante!

A dúvida mais profunda é: como pôde um Severino, um... (preencha), um (preencha de novo) etc. conseguir os votos necessários para se eleger. (ou pegou carona com o tal de coeficiente eleitoral?). O eleitor, a exemplo do nosso dignitário máximo, poderá dizer que não sabia. E é possível. Com a quantidade de analfabetos funcionais que se acotovelam nas seções eleitorais, tudo é possível. Sem contar que aquele edifício, motivo de orgulho para Le Corbusier, Niemeyer , Lúcio Costa etc., passou despercebido esses anos todos. Anônimo e sem dono, como vulgar vira-lata nas ruas de Nijni Novgorod! E os colegas que permitiram ser esse deputado alçado à função na qual permaneceu por tempo comparável à meia-vida de um elemento trans-uraniano (com hífen)? Como foi possível que tantas excelências do baixo clero, nobreza e terceiro estado (de cheque) tenham escolhido aquele senhor para desempenhar um papel - em tese importante.

A verdade é que não existe a doutrina do Partido A, do Partido B, existem apenas doutrinas financeiras - dinheiro de campanha que, cedo ou tarde, preferivelmente cedo, irá retornar para o generoso doador, acrescido de uma remuneração proporcional ao risco. Há exageros nessa afirmação? Claro. Há algum fundo de verdade? Claro, também. Não vamos transformar nosso Parlamento numa Escola de Base, linchando-o baseados em evidências inverídicas. Nem por isso vamos passar por rematados imbecis.

Causa um relativo espanto o fato de não haver nenhum Grampógenes cuidando da história.

Então, vamos deixar de falar nessa tentativa de transformar SJNepomuceno em um novo Mônaco, ou numa Las Vegas - com cassino Bellagio e tudo, quem sabe? Mesmo legalizando o jogo, quem iria lá? Estão brincando? Nem daria para lotar as 36 suítes! O senhor deputado já perdeu alguns anéis, poderá perder os dedos, e daí? Os demais - com as exceções de praxe - estarão lá, cerrando fileiras e desmoralizando a instituição do Congresso e a imagem da democracia.

. Por: Alexandru Solomon, formado pelo ITA em Engenharia Eletrônica e mestrado em Finanças na Fundação Getúlio Vargas, é autor de ´Almanaque Anacrônico`, ´Versos Anacrônicos`, ´Apetite Famélico`, ´Mãos Outonais`, ´Sessão da Tarde`, ´Desespero Provisório` , ´Não basta sonhar` e o recente livro/peça ´Um Triângulo de Bermudas`. (Ed. Totalidade). Confira nas livrarias Cultura (www.livrariacultura.com.br), Saraiva (www.livrariasaraiva.com.br), Laselva (www.laselva.com.br) e Siciliano (www.siciliano.com.br).| E-mail do autor: [email protected]

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