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12/02/2009 - 11:53

Como criar um país sem futuro

O "bolsa-esmola" nos criará um problema sério no futuro e está conduzindo o País a um ponto de não-retorno.

Há tempos nos perguntamos, não de forma arraigada para não chorar, que tipo de País estamos criando. Contudo, a resposta pode nos causar um infinito desgosto. Para quem ainda não se debruçou sobre o assunto, sugerimos uma reflexão mais profunda, pois seu futuro está em jogo.

O Brasil é um País pobre, embora tenhamos, de acordo com nosso nível de desenvolvimento, Produto Interno Bruto (PIB) e renda per capita, a maior carga tributária do planeta. Em outras circunstâncias, com a carga tributária beirando 40% do PIB, o Brasil deveria ser um dos Países mais ricos do mundo, pois, tecnicamente, não faltariam recursos para isso.

No entanto, a dívida interna financeira do governo é tão elevada, que consome boa parte desses tributos. A corrupção, os desmandos e os convenientes desvios, consomem outra parcela considerável. E por aí vai, numa lista interminável. Isso já é grave o bastante e nos coloca num patamar que, provavelmente, é único em todo o mundo. Mas, se não bastasse tudo isso, estamos também, há alguns anos, convivendo com um problema extremamente sério, que nos custará muito no futuro e, acredito, o próprio futuro. Estou me referindo a infeliz criação do “bolsa-esmola”, que nada mais é do que a fusão de várias benesses indevidas, “aperfeiçoadas” (sic) pelo atual governo - que obviamente se apropriou de sua paternidade.

Essa situação, definitivamente, está conduzindo o País a um ponto de não-retorno e já se pode considerar essa situação como irreversível e de extrema gravidade.

Há alguns anos havia apenas adultos no sistema. Há pouco tempo, convenientemente, foram incluídos jovens de 16 e 17 anos, eleitores. Agora, mais pessoas estão sendo introduzidas no sistema, de tal modo que serão, por ora, 12,3 milhões de famílias agraciadas com o dinheiro da nação, dinheiro daqueles que pagam impostos.

É claro que não temos nada contra ajudar as pessoas mais pobres, presentes em uma nação que, por apresentar as condições acima citadas, não tem como se desenvolver e atingir a justiça e equilíbrio social adequado. O problema é o modo como isto está sendo feito, onde há um claro incentivo ao desemprego.

Há cerca de três anos, mais precisamente em dezembro de 2005, o jornal Folha de S. Paulo dedicou duas páginas inteiras a esse tema, mostrando que diversas pessoas não queriam trabalhar, embora isso fosse possível, pois a consequência seria a perda do “bolsa-esmola”. Bem como, a aposentadoria especial para quem não contribui.

No início de 2008, em conversa com algumas pessoas de uma importante entidade industrial do norte do País, soubemos que dias antes, uma moça perdeu sua empregada doméstica, que ganhava R$ 400,00, porque ela preferia ganhar R$ 110,00 do governo. Arguida qual o sentido, a resposta foi fulminante. No “bolsa-esmola” ela não precisava trabalhar.

Quando dissemos irreversível, nos referimos ao fato de que esse contingente de pessoas, pela sua extraordinária quantidade (cerca de 60 milhões de brasileiros), tem um poder de pressão fantástico. Ele pode decidir eleições e, manipulado pelos de sempre de plantão, pode fazer estragos. E é claro que o atual governo, com projetos de poder de longo prazo, sabe muito bem disso e manipula o jogo com maestria.

Dessa forma, pode-se imaginar como será a próxima eleição presidencial. Um grupo acusando o outro, afirmando que, se vencida a eleição, esse benefício será retirado, o que semeará o medo pela descontinuidade dessas malfadadas políticas sociais, no mínimo equivocadas.

Essa jogada não é nova e é o que realmente se pode esperar. É só nos lembrarmos da última eleição presidencial, onde, nas últimas três semanas de campanha, o candidato da oposição não conseguiu expor suas idéias. Teve que ficar, visto que foi covardemente acuado, jurando por todos os juros que não privatizaria nada. Claro que também teve enorme culpa pela simples e pura incompetência de não ter encarado os fatos de frente. E porque não dizer, não ter lido e seguido os ensinamentos de nosso artigo publicado em outro jornal uma semana antes da eleição.

Sendo assim, se nenhum governo conseguir retirar esses maléficos benefícios, e a tendência é aumentá-los, qual o futuro da nação? E vide que o valor aumenta – já está ocorrendo novamente - acima daquilo com o qual se reajusta os aposentados que trabalharam uma vida inteira, para não conseguir viver com a miséria que recebem e que se reduz ano a ano. Pensar que o governo não sabe que a melhor forma de ajuda é a criação de empregos, que nos últimos anos poderiam muito bem ter sido criados em face da melhoria da situação econômica, e que teriam ajudado o País a crescer mais, é pura ingenuidade. É óbvio que o governo conhece muito bem o caminho das pedras, aquele da solução decente. Contudo, a intenção não é essa, mas sim criar a dependência eleitoreira. E todos sabem que essa atitude gera votos, e muitos. Já os temos visto. Mas, talvez não seja isso, e sim o próprio povo que não quer ver, ou prefere se acomodar. É incrível ver pessoas fazendo questão de viver de esmola ao invés da dignidade do seu suor e esforço próprio. E abrindo mão de ter mais recursos, já que o simples salário mínimo já é, várias vezes, maior.

. Por: Samir Keedi é economista, professor da Aduaneiras e de várias universidades, e autor de diversas obras em Comércio Exterior.

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