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13/02/2009 - 08:39

Economia Nacional em 2009

As previsões mais recentes sobre o crescimento da economia no próximo ano voltam a sofrer reduções. O Boletim Focus, publicação semanal elaborada pelo Banco Central com base em consulta a executivos da área financeira sobre os principais indicadores da economia, indicam uma queda na expectativa para a evolução do Produto Interno Bruto brasileiro. Claro que, em se tratando de pesquisa semanal, esses resultados refletem mais os ajustes das expectativas anteriores face ao agravamento da crise econômica, do que, propriamente, uma previsão para o desempenho da riqueza nacional. De qualquer forma, funciona como um verdadeiro termômetro do pessimismo que começa a ser manifestado pela classe empresarial brasileira. Há um mês a previsão era de 3,55%. H oje já se admite crescimentos inferiores a 3,0%. Aliás, isso está em linha com aquilo que os melhores estudiosos de nossa economia conseguem ver para 2009. Já ninguém ousa mais pensar em números superiores a 3,0%, exceção feita, naturalmente, pelo governo federal que insiste em admitir um quadro mais otimista.

Essa estimativa reflete a expectativa de mercado de que o agravamento da crise financeira internacional, agora claramente desembarcada na economia real, produza maiores efeitos no crescimento econômico brasileiro em 2009. Esses efeitos andavam escondidos no fato de que as altas de juros promovidas pelo Banco Central para conter as expectativas inflacionárias passaram, como era de se esperar, a produzir efeitos somente agora, nos meses de outubro e novembro, com conseqüências já visíveis na queda das vendas, no aumento dos estoques, na redução da produção industrial e nos níveis de emprego.

A tudo isso é preciso adicionar ainda dois elementos de natureza recessiva: a fuga de capitais estrangeiros e a queda dos preços das commodities. Capitais estrangeiros saem do Brasil para, entre outras coisas, acudir às necessidades de caixa das matrizes, cada vez mais agravadas pela escassez do crédito internacional. Quanto às commodities, a exportações brasileiras encontram-se atingidas, sobretudo nos setores de mineração, siderúrgico e agrícola. Com a queda das exportações e a repatriação de divisas para o exterior, o dólar acaba por valorizar-se mais de 60%, desde o início da crise.

Ainda para 2008, os especialistas projetam a dívida líquida do setor público em 40% do PIB, contra uma expectativa anterior de 40,45%. Para 2009, a estimativa mantém-se em torno de 39%. Com isso mantém-se a confiança na capacidade brasileira de honrar seus compromissos. A estimativa para o déficit de US$ 29 bilhões no saldo das transações correntes em 2008 permanece mantida sem alterações significativas. Entretanto, para 2009, as expectativas prevêem um resultado negativo de US$ 33,20 bilhões.

Em relação ao superávit comercial (saldo positivo das exportações menos as importações), as expectativas para 2009 já apontam para um resultado pífio, algo entre US$ 6,0 e US$ 12, bilhões, enquanto as projeções para o investimento estrangeiro direto começam a ser reavaliadas para um número inferior a US$ 30 bilhões.

Estas previsões reforçam o entendimento de que o grau de desaceleração de nossa economia não será modesto. Certamente não se trata de uma depressão econômica, mas também certamente já podemos falar em uma recessão, que estaria a exigir do governo mais do que medidas monetárias. Espera-se agora por uma nova política fiscal, capaz de reduzir o dispêndio e de proceder a uma expansão agressiva dos níveis de investimentos. O risco, entretanto, ao observar as ações do Ministério da Fazenda, é o de que isso venha a ser feito apenas quando já for tarde demais.

. Por: Celso Cláudio de Hildebrand e Grisi, diretor -presidente do Instituto Fractal de Pesquisas de Mercado, professor da Faculdade de Economia Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo.

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