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17/02/2009 - 10:39

Mercado Financeiro: Perspectivas da Semana

Novos dados econômicos referentes ao quarto trimestre seguiram mostrando rápida deterioração da atividade, com destaque para as regiões desenvolvidas. O PIB da Zona do Euro recuou 1,5% na comparação com o trimestre anterior, enquanto que no Japão a contração foi ainda mais expressiva, de 3,3%. Os números da economia japonesa, divulgados no dia 16 de fevereiro (16/02), causam moderado impacto negativo nos mercados internacionais neste início de semana, embora ligeiramente esvaziados pelo feriado nos EUA nesta segunda-feira.

Na última semana, a volatilidade voltou a marcar o comportamento dos preços dos ativos, diante dos temores de que o plano de estímulo econômico de US$ 789 bilhões aprovado nos EUA não será suficiente para livrar a maior economia do mundo de uma profunda recessão. A falta de detalhamentos em relação ao plano de recuperação do setor financeiro, anunciado pelo secretário do Tesouro Timothy Geithner também repercutiu negativamente entre os investidores, com as ações dos bancos sofrendo fortes oscilações diante das incertezas sobre a solvência de grandes instituições nos EUA e na Europa.

No Brasil, a semana foi pouco intensa em termos de indicadores econômicos, ficando restrita apenas aos dados de inflação – que mostraram aceleração entre os agrícolas no atacado e algumas pressões sazonais no varejo – e números antecedentes da indústria referentes a janeiro, que sinalizaram uma incipiente recuperação em relação ao “fundo do poço” alcançado em novembro e dezembro, mas piora na comparação com janeiro de 2008. Esta será, inclusive, uma marca nos dados de atividade nos próximos meses: estabilização na margem, mas retração em relação ao ano passado. Reforçamos nossa projeção de crescimento de apenas 0,7% do PIB em 2009.

A agenda da semana é carregada de indicadores e eventos importantes, tanto em termos domésticos como internacionais. Por aqui, destaque para números do mercado de trabalho (Caged e taxa de desemprego), do setor externo (conta corrente, IED) e de inflação (IPCA-15 e 2º prévia do IGP-M), além de importantes balanços corporativos (Vale, Gerdau, Usiminas, entre outros). Nos EUA, após o feriado de hoje, a semana reserva dados de atividade (indústria e setor imobiliário), inflação e os balanços do Wal Mart e da HP. Finalmente, na Europa serão anunciados resultados de alguns bancos (ING, BNP Paribas, Commerzbank) e da multinacional Nestlé.

Nos mercados, a semana deverá ser novamente marcada pelas oscilações, diante das incertezas no exterior e da volatilidade dos preços das commodities, fatores que têm condicionado os movimentos dos ativos domésticos. Na Bovespa, a semana tem dois vencimentos importantes – opções (hoje) e índice futuro (quarta), o que amplia a imprevisibilidade sobre o comportamento das ações. A despeito de toda insegurança ainda existente, continua se configurando uma tendência de recuperação para a renda variável, a partir do retorno dos capitais estrangeiros. No câmbio, caso o ambiente externo se acomode, a cotação do dólar pode migrar gradativamente para a direção de R$ 2,20.

Para Ficar Atento – Drivers da Semana.: Vendas no Varejo – BRA: Dados referentes a dezembro serão anunciados nesta terça-feira (17/02), pelo IBGE, e devem seguir mostrando o arrefecimento do comércio varejista.

. Inflação – BRA: Os índices desta semana seguirão em aceleração, refletindo aspectos sazonais de pressão, como alimentos e mensalidades escolares. Destaque para o IPCA-15 na próxima sexta-feira (27/02).

. Contas Externas – BRA: O déficit da conta corrente de janeiro será conhecido nesta semana e deve ter apresentado um novo crescimento, diante do mau resultado da balança comercial neste mês. Já os investimentos diretos continuam com volumes satisfatórios, a despeito da tendência de queda por conta da intensificação da crise.

. Mercado de trabalho – BRA: A taxa de desemprego medida pelo IBGE, que sai na sexta, deve ter crescido em janeiro. É padrão observar elevação do desemprego no início do ano, mas neste momento há o impulso adicional do esfriamento rápido da atividade. Provavelmente um dia antes (quinta) o Ministério do Trabalho irá informar o desempenho do mercado formal de trabalho em janeiro, após o número recorde de demissões de dezembro.

. Plano de ajuda aos mutuários EUA: Na quarta-feira o governo dos EUA irá anunciar um novo plano, com o objetivo de reduzir as execuções imobiliárias. O aumento da inadimplência do setor é foco importante de preocupações no país.

. Dados Atividade – EUA: Diversos números serão conhecidos, como produção industrial, construção de casas novas, indicadores antecedentes, Empire manufacturing e Fed Philadelphia. Mais provável que mantenham o sinal de fragilidade da economia.

. Balanços Corporativos: No Brasil, destaque para a Vale, siderúrgicas (Gerdau e Usiminas) e Banco do Brasil. Nos EUA, as atenções estarão voltadas para o resultado da Wal Mart e outras varejistas menores, além da HP. Na Europa, destaque para o setor financeiro (BNP Paribas, ING, Commerzbank) e Nestlé.

Antecedentes industriais têm ligeira reação, mas seguem fracos: Após alcançar níveis mínimos dos últimos anos em dezembro, o setor industrial começa a se estabilizar, conforme apontado por diversos indicadores antecedentes. Porém, os números dos próximos meses, apesar de não tão ruins quanto os recentes, deverão mostrar recuo na comparação com 2008, cuja base é elevada.

Os indicadores antecedentes da indústria brasileira começaram a dar sinais de estabilização em janeiro, após as quedas vertiginosas observadas em novembro e dezembro. Entretanto, em virtude das bases de comparação elevadas de 2008, os números seguem bem mais baixos do que os registrados no mesmo período do ano passado.

O percentual mais chamativo dentre os dados foi o crescimento de 92% na produção de veículos em janeiro ante dezembro. Todavia, é preciso lembrar que no último mês de 2008 houve praticamente a paralisação da produção em várias montadoras, o que tornou o resultado de dezembro um ponto fora da curva. Tanto é que, em relação a janeiro de 2008, a produção deste primeiro mês de 2009 foi 26% inferior.

A incipiente melhora nos números na margem sugere que o processo de ajuste de estoques, necessário a partir do recuo da demanda no último trimestre de 2008, pode estar sendo concluído. Deste modo, os próximos levantamentos não devem repetir as duas quedas abissais da produção industrial na série mensal em novembro e dezembro (-7,2% e -12,4%), mas sim números positivos na margem (em janeiro deve ser forte), além de variações negativas em relação aos mesmos períodos de 2008.

Para janeiro, os modelos que consideram tais indicadores apontados acima indicam que o crescimento ante dezembro pode ficar entre 7% e 10% (série com ajuste sazonal), embora o sinalizador da produção industrial da FGV (SPI) tenha projetado um número ligeiramente inferior (5,7%). Como tal pesquisa se refere apenas à indústria paulista, cujo peso dos bens duráveis é maior, é provável que o percentual nacional supere esse patamar, fincando no intervalo mencionado acima. Já na comparação com janeiro de 2008, os modelos sugerem uma variação entre -8% e -10%.

Índices de Inflação e Expectativas Futuras: A trajetória de alta dos índices prevaleceu na última semana, embora mais intensa entre os IGPs, diante da recuperação dos preços agrícolas no atacado. Os IPCs seguem influenciados por aspectos sazonais, como alimentação, mensalidades escolares e tarifas de transporte, fatores que devem perder fôlego ao longo dos próximos levantamentos.

Os índices de inflação continuaram em aceleração nos levantamentos iniciais de fevereiro, com destaque para a reação dos preços das commodities agrícolas, que pressionaram os índices gerais de preços no atacado.

Tanto o IGP-10 como a 1º prévia do IGP-M de fevereiro superaram as expectativas dos analistas, puxado pelo aumento de produtos agrícolas, como soja, milho e açúcar. Após a forte desvalorização das commodities na parte final de 2008, os preços mostraram uma moderada recuperação a partir de meados de janeiro, situação que, entretanto, não deve persistir além deste mês.

O IGP-10 variou 0,54% em fevereiro, a maior alta de um IGP desde novembro. O IPA agrícola subiu 3,24%, e foi o grande foco de elevação do índice neste mês, dado que o IPA industrial se manteve no terreno negativo (-0,45%). O IPC manteve praticamente a mesma variação de janeiro (0,64%, ante 0,62%), enquanto que o INCC acelerou para 0,43%. Com o resultado de fevereiro, o IGP-10 acumulado em 12 meses desacelerou pelo terceiro mês consecutivo, para 7,95%.

Já o IPC-Fipe iniciou fevereiro em aceleração, apresentando variação de 0,49% na primeira quadrissemana do mês – de 0,46% no fechamento de janeiro. A despeito do início da desaceleração observada no grupo educação e da deflação mais forte entre os itens de vestuário, a alta dos alimentos e do grupo habitação fez com que a inflação iniciasse o mês mais pressionada. De todo modo, como a variação em educação (4,77%) ainda impacta fortemente o índice neste momento, sua eliminação até o final do mês deverá permitir a desaceleração do IPC nas próximas semanas.

Nesta segunda-feira a FGV anunciou o IPC-S da 2º semana de fevereiro, que apresentou um recuo mais intenso em relação ao resultado anterior. A variação foi de 0,59% (de 0,81% na 1º semana), puxada pela menor alta em educação (1,93%, de 2,91%). Ao longo da semana serão conhecidos o IPCA-15, a 2º prévia do IGP-M e a 2º quadri do IPC-Fipe.

Expectativas Futuras: Após a elevação observada na última semana, a mediana das expectativas para o IPCA de 2009 voltou a recuar, de acordo com o Boletim Focus divulgado nesta manhã pelo BC.

Economia Internacional: Nos EUA, o varejo deu um pequeno sinal de melhora na margem em janeiro, embora as vendas sigam bem abaixo do observado em 2008, além de não haver perspectivas positivas consistentes no curto prazo. No Japão e na Zona do Euro, a expressiva contração do PIB no 4º trimestre de 2008 confirmou o agravamento do cenário econômico nas regiões desenvolvidas.

Estados Unidos: Poucos indicadores foram anunciados na última semana, entre eles os números das contas públicas, da balança comercial, vendas do varejo e do índice de confiança do consumidor.

As vendas no varejo tiveram um crescimento inesperado em janeiro, de 1% na comparação com dezembro. Entretanto, houve queda de 9,0% em relação a janeiro de 2008, além de ser pouco provável a manutenção do crescimento mensal num curto prazo, diante da deterioração do mercado de trabalho e da continuidade da perda de confiança por parte dos consumidores. Nessa linha, o índice mensurado pela Universidade de Michigan voltou a recuar na prévia de fevereiro, se aproximando novamente do mínimo alcançado em novembro.

Já os dados referentes aos déficits orçamentário e comercial seguem em trajetória distintas. Enquanto a balança comercial tem mostrado uma evolução mais positiva, com o recuo mais intenso das importações, o déficit do setor público aumenta drasticamente a cada mês, refletindo a expansão fiscal cada vez mais agressiva com o objetivo de estimular a economia. Com os dados de janeiro, o déficit público já acumula mais de US$ 900 bilhões, algo em torno de 6% do PIB. E a tendência é que este número aumente ao longo dos próximos meses, podendo encerrar o ano na faixa de 8% do PIB.

Para esta semana a agenda volta a se intensificar, com destaque para importantes dados de atividade econômica, como produção industrial, indicadores antecedentes e índices regionais de atividade. Além disso, também serão divulgados números do setor imobiliário, além da ata da última reunião do FOMC e dos índices de inflação PPI e CPI.

Zona do Euro e Japão – Contração do PIB confirma cenário preocupante: A economia da Zona do Euro encolheu além do esperado no 4º trimestre, confirmando o intenso impacto sofrido pela região com a crise internacional recente.

De acordo com dados divulgados na última sexta-feira, o PIB recuou 1,5% na comparação com o trimestre imediatamente anterior e 1,2% ante o 4º trimestre de 2007. Foi a pior contração trimestral desde o início das estatísticas consolidadas do bloco, em 1995, e também a primeira recessão pela qual a região atravessa desde a adoção da moeda única, em 1999.

Teve contribuição decisiva para este resultado negativo a forte contração de 2,1% do PIB da Alemanha, a maior economia da Zona do Euro, sendo o declínio mais acentuado no produto do país desde 1987.

Membros do Banco Central Europeu já haviam antecipado nos últimos dias que os números apontariam uma substancial queda do produto, e sinalizaram que um afrouxamento monetário adicional poderá ser apropriado em março, após a decisão de estabilizar a taxa de juros tomada neste mês.

Já a economia do Japão, a 2º maior do mundo, teve a mais forte contração em três décadas no 4º trimestre de 2008. O PIB do país recuou 4,6% na comparação com o 4ºT 07 e 3,3% ante o 3º trimestre, ou 12,7% em termos anualizados. A forte queda das exportações no período (13,9%) explica boa parte deste resultado altamente negativo do PIB, dado o elevado peso do comércio exterior no desempenho econômico do país. [ Projeção Schahin - Departamento Econômico (Banco Schahin )/Silvio Campos Neto, economista-chefe.

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