Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

17/02/2009 - 11:01

Pesquisa mostra realidade de artigos de vestuário de inverno


A Abeim - Associação Brasileira do Varejo Têxtil, que congrega em âmbito nacional o varejo de grande superfície formado pelas grandes redes, divulgou os dados do Estudo do Suprimento do Mercado Interno de Jaquetas, realizado pelo Instituto de Estudos e Marketing Industrial (Iemi).

Pela primeira vez é feito um estudo que oferece informações estatísticas detalhadas e realistas sobre a produção de artigos de vestuário de inverno (jaquetas e blusões) pela indústria têxtil brasileira e qual o patamar atual de oferta e demanda destes itens no Brasil. "Temos dito há anos que a indústria brasileira não consegue suprir a demanda nacional de artigos de inverno, em especial jaquetas, e que as constantes barreiras às importações provocam risco de desabastecimento, além de elevar os custos destes produtos para o consumidor. Os dados da pesquisa vieram comprovar isso", afirma Sylvio Mandel, presidente da Abeim.

Mesmo após o recuo do governo na exigência de obrigatoriedade das Licenças de Importação para uma pequena parcela dos artigos de vestuário, a indústria de vestuário continua sendo um dos setores mais protegidos da economia nacional, com exigência de Licenças de Importação para mais de 90% dos produtos, penalizando o varejo têxtil de grande superfície e seu público-alvo, em especial a população de baixa renda. O varejo têxtil representado pela Abeim registrou a abertura de 160 novas lojas em 2008, passando de 1.138 estabelecimentos em 2007 para 1.295 no ano passado. O número de empregos diretos cresceu 13%, com cerca de 140 mil funcionários. "Esta participação na geração de empregos, formação de mão-de-obra, arrecadação de impostos e no atendimento ao consumidor de baixa renda tem que ser levada em conta pelas pessoas que decidem a política econômica do País", diz Mandel.

Em razão da crise mundial, o governo brasileiro tem adotado um discurso contra o protecionismo. "Manter esta proteção à indústria têxtil é, no mínimo, incoerente neste momento", enfatiza Mandel. Por isso a Abeim defende a posição de que todos os produtos de vestuário devam estar isentos desta obrigatoriedade, bem como a adoção de mecanismos que facilitem a entrada de produtos de inverno (em especial jaquetas) ao País.

O interessante é que a pesquisa indica que a própria indústria nacional não demonstra interesse em produzir estes tipos de artigo, como os que são produzidos lá fora. De uma relação inicial de 720 confeccionistas que declaravam atuar na produção de jaquetas e blusões no Brasil, apenas 507 são efetivamente fabricantes. E o que é mais expressivo: deste montante, apenas 37% (190 empresas) são produtores de jaquetas de tecidos artificiais e sintéticos (foco principal da pesquisa), as demais fabricam exclusivamente jaquetas ou blusões de jeans.

"De um universo de 720 empresas que a indústria têxtil informa produzir jaquetas, apenas 190 efetivamente fabricam este item no Brasil. Não é por vontade própria que o varejo importa artigos para atender a demanda nacional. A importação de jaquetas e blusões é a única forma de acesso do consumidor de baixa renda a esta categoria de produto. Restringir a importação é o mesmo que limitar o acesso a esta faixa da população", acrescenta Mandel.

"O Brasil não tem vocação para produzir jaquetas de tecidos sintéticos e os pólos de malharias também não estão preparados para abastecer as grandes redes nas quantidades e especificações exigidas. Temos que facilitar a importação destes artigos urgentemente", diz Mandel.

A indústria têxtil nacional é constituída hoje por 21.113 empresas (considerando as que têm 5 ou mais empregados), tendo como principal item de produção as roupas de uso geral, onde se enquadram as jaquetas e blusões. As pequenas empresas (de 5 a 19 funcionários) respondem por cerca de 70% do total e estão concentradas especialmente na região Sudeste (53,7%), com forte vocação para produção de itens de verão.

A produção nacional de jaquetas representa 1,8% do volume do vestuário em geral confeccionado no País, o que representa 109 milhões de jaquetas/ano, movimentando R$ 1,7 bilhão/ano. Trata-se de uma produção sazonal, em função do clima quente. A própria indústria considera a produção de jaquetas um mercado de baixa escala produtiva, com uma oferta quase ilimitada de produtos importados de boa qualidade a custos competitivos.

Em relação ao consumo aparente (produção local, menos as exportações, somadas as importações) destes produtos, a pesquisa revela uma expansão do consumo dos brasileiros pelos diferentes tipos de jaquetas e blusões, de 3% entre 2005 e 2008. E, ao contrário do pensamento corrente de que houve uma invasão de importações, o estudo mostra que as jaquetas importadas representam em geral uma participação estagnada em volume de peças, na casa de 13% estimado para 2008 (contra 14% em 2005).

"A Abeim buscou comprovar com números a realidade das importações de artigos de inverno e derrubar argumentações equivocadas a favor do protecionismo à indústria de vestuário que não possui vocação para este segmento", conclui Mandel.

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira