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20/02/2009 - 10:32

As duas faces da moeda chamada Obama

Na história dos Estados Unidos existem alguns presidentes que se tornaram personalidades históricas e que influenciaram de alguma forma não apenas outras nações como, também, outras culturas, afinal, como esquecer personagens da história como George Washington, Abraham Lincoln, John Fitzgerald Kennedy, apenas para citar alguns.

Entretanto, a mesma Nação que produziu líderes incontestes também foi capaz de contribuir negativamente com governantes com resultados, digamos, desastrosos, casos de Richard Milhous Nixon, George Herbert Walker Bush e seu filho George Walker. Bush, dentre outros.

O primeiro citado, por muito pouco, não foi contemplado com o maior escândalo que um Presidente pode sofrer e, por conseguinte ser retirado do poder via impeachment depois dos acontecimentos em Watergate. George Bush conduzia seu governo sem grandes deslizes até a guerra com o Iraque, o começo de uma grande rivalidade com Saddam Houssein. Os motivos não foram muito claros, como em todas as guerras, diga-se de passagem, porém, o sentimento deflagrado gerou conseqüências à população americana que não foram imediatamente sentidas.

Como em toda guerra os efeitos acontecem, podem ser imediatos ou não. No caso americano, o efeito foi silencioso, com o inimigo se armando e instruindo com tecnologia e informação norte-americana, o resultado está marcado para sempre com a destruição das torres gêmeas em 11 de setembro.

Esse tipo de tática, aliás, é típica da cultura ianque, com seus órgãos de inteligência, milícia oculta, como CIA, FBI, etc. fatos esses que geraram a guerra fria com a antiga URSS.

E, quando a prosperidade, o desenvolvimento econômico e o progresso comercial estavam em seu apogeu na terra do Tio Sam em decorrência do governo de Bill Clinton e seu superávit econômico, mesmo com os escândalos que o cercaram, eis que o seu sucessor decide levar os Estados Unidos a um novo confronto com um velho inimigo: o Iraque.

George W. Bush seguiu a trilha iniciada por seu pai e deflagrou uma guerra que somente cessou com a captura de Saddam, através de um sentimento revanchista, mas justificado pelos ataques terroristas recentes o Presidente conseguiu convencer o Congresso americano a financiar seu intento e a convencer, inclusive os próprios americanos, de que a guerra era legítima e necessária a ponto de lhe ser concedida a reeleição com mais quatro anos no poder. O resultado pretendido foi alcançado: o Iraque caiu, Saddam foi executado, todavia, todo desejo tem um preço, não é mesmo?

No caso americano o preço a ser pago foi caro demais, em apenas oito anos todo o progresso se esvaiu trazendo consigo a crise e a recessão. Tudo o que Clinton havia deixado como legado fora destruído. O presente mostra um período negro: uma crise na economia, uma recessão e um desemprego assustador e, além disso, os problemas transcenderam os limites territoriais americanos, pois desde meados de 2008 que a economia mundial oscila para pior.

George W. Bush fez o que parecia impossível: apequenou os Estados Unidos. A Nação que já tinha levado um duro golpe na sua auto-estima e em sua soberba com os atentados terroristas agora se vê envolta numa falta de perspectiva econômica.

Assim, a população norte-americana percebeu que eleger Bush fora um erro, mas agora já era tarde demais, pois o dinheiro havia sido gasto e o próximo presidente teria duas nações para cuidar e custear, já que o Iraque agora está sob o domínio, ainda que temporário, dos EUA.

E como num conto de fadas surgem dois candidatos a mocinhos dessa trama: os candidatos democratas Barack Obama e Hillary Clinton. Ambos possuem o ineditismo em seu sangue e qualquer que fosse o resultado marcaria seu nome na história como o primeiro presidente negro ou a primeira mulher no poder.

De tal sorte que restava à população americana escrever uma nova história ou optar pelo continuísmo da política Bush, através do candidato John McCain. Em muitos momentos da campanha era mais interessante acompanhar a disputa entre os democratas do que a própria corrida presidencial.

Barack Obama ganhou as prévias do partido e também a simpatia de todos aqueles que eram contrários à política Bush, sejam americanos ou não. O seu slogan de campanha foi sugestivo: Change – we can believe in. Acima de toda a propaganda eleitoral existe algo mais buscado no imaginário das pessoas: a esperança.

Barack Obama ganhou as eleições americanas não apenas por ser competente, por ser o primeiro negro, por ter grandes discursos, mas sim, por representar a esperança americana de que os tempos sombrios possam se dispersar e que o desemprego desapareça.

A cerimônia de posse foi aguardada e assistida por milhares de pessoas, o tom o discurso do novo presidente foi duro e agressivo contra seu antecessor e, hoje existe uma verdadeira lua-de-mel em torno das promessas feitas por Obama.

Esse é um lado da moeda, mas um País com problemas financeiros graves, com recessão, educação em colapso, uma taxa de desemprego crescente, uma adesão em massa ao seguro desemprego o que denota a dificuldade atual, somada às perdas constantes de tropas no Iraque, a mantença daquele País, etc. Será que o novo Presidente conseguirá reverter oito anos em poucos meses?

E se o desemprego continuar a crescer? Se o progresso não chegar? Se a economia continuar ruim? Qual será a tolerância não apenas americana, mas, também a mundial? Esse lado da moeda Obama ainda não conhece, contudo, sabe que o risco existe, pois existe muito em jogo que não pode ser jogado fora pelo descrédito ou por uma crise maior do que muitos pensam e propalam.

. Por: Antonio Gonçalves, advogado, pós-graduado em Direito Tributário (FGV), Direito Penal Empresarial (FGV) e Direito Penal - Teoria dos Delitos (Universidade de Salamanca - Espanha). Mestre em Filosofia do Direito e Doutorando pela PUC-SP. É especialista em Direito Penal Empresarial Europeu pela Universidade de Coimbra (Portugal); em Criminologia Internacional: ênfase em Novas armas contra o terrorismo através do Istituto Superiore Internazionale di Scienze Criminali, Siracusa (Itália); e em Direito Ambiental Constitucional pela Escola Superior de Direito Constitucional. Fundador da banca Antonio Gonçalves Advogados Associados, é autor, co-autor e coordenador de diversas obras, entre elas, "Quando os avanços parecem retrocessos -Um estudo comparativo do Código Civil de 2002 e do Código Penal com os grandes Códigos da História" (Manole, 2007) e "A História do Direito São Paulo" (Academia Brasileira de História, Cultura, Genealogia e Heráldica, 2008).

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