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20/03/2007 - 08:56

Exposições comemoram o Dia do Artesão em Brasília

Brasília - Milhares de artesãos de todo o País comemoram o Dia do Artesão, dia 19 de março. Estima-se que cerca de 8 milhões de famílias de todas as regiões sobrevivam da produção e venda de produtos desenvolvidos manualmente. Tecelagem, cerâmica, bordados, rendas, pinturas, nós, crochê e tricô, entre tantas outras técnicas são replicadas, misturadas e reinventadas pelos artesãos. Nos últimos anos, o artesanato brasileiro vem sendo agregado à moda.

Em Brasília, o Dia do Artesão é comemorado em duas exposições. A 'Praça do Artesão', que acontece até esta segunda, e a 'Mestres de Ofícios', que prossegue até 31 de março. Em cada uma delas, 20 artesãos apresentam seu talento em peças finas e variadas. As mostras são apoiadas pela Secretaria de Trabalho do Governo do Distrito Federal, pela unidade do Sebrae no Distrito Federal e os dois shopping centers da capital.

Na mostra Mestres e Ofícios, estão expostas peças como mandalas e santos feitos em cerâmica, colchas bordadas, bijuterias de sementes, acessórios de flores do cerrado e totens, entre outras. A mostra está montada na Praça das Artes do shopping Conjunto Nacional.

Francisca do Vale Araújo, artesã de São Luís (MA) radicada em Brasília há dez anos, levou para a 'Praça do Artesão' belas bolsas, jogos americanos, porta-celulares e forros de bandeja entre outras peças feitas com palha e fibra de buriti, tecidas em macramê e tingidas naturalmente. A artesã trabalha enquanto participa da exposição, despertando a atenção de quem visita o shopping Casapark.

Desde os sete anos, Francisca trabalha com artesanato. Aprendeu a técnica com a mãe. "As mulheres da minha família, todas, fazem essa arte", diz a artesã. Ela conta que um dia, ao assistir a televisão, viu que o artesanato tinha valor em Brasília. Isso aconteceu há cinco anos. Procurou o Sebrae no DF e começou a participar de feiras e eventos. Suas vendas deram um salto. A vida dela e de sua família mudaram com a renda a mais.

Foi convidada a ensinar macramê no Sesc. Tornou-se instrutora em vários cursos para mulheres, geralmente donas de casa, segundo ela. "Gosto muito de ensinar", diz. Sem cerimônia, Francisca revela como consegue as tonalidades da fibra de buriti: casca de pequi e ferro; urucum e ferro; só urucum; beterraba com ferro; e cebola. Pregos fazem o papel de ferro nas receitas caseiras de Francisca. Ela não se incomoda de contar seus segredos de produção.

Quando perguntada sobre a situação do artesão no mercado de trabalho, da falta de reconhecimento oficial à profissão, Francisca não manifesta preocupação. Pelo contrário, acha que o trabalho do artesão nunca foi tão valorizado, especialmente na capital federal. "Gostaria de trabalhar até viver", diz animada. Até viver tudo que tem para viver, explica. Sim, gostaria de aposentar-se oficialmente como artesã, com direito ao reconhecimento da profissão e o ganho de uma aposentadoria, como a de outros profissionais.

Jovens artesãos - Na exposição no Casapark, desperta a atenção a participação de jovens artesãos. Entre eles, Nanrery Mendonça Sérgio, 27 anos, apresenta suas alegres bonecas. "Descobri essa profissão num curso de gesso. Fazia esculturas para lojas exporem bijuterias e acessórios", revela Nanrery. Desde os sete anos, gosta de trabalhar com as mãos. Estudou até o Ensino Médio e como não conseguia emprego, começou a fazer artesanato. Uma mochila no formato de boneca foi o início. Agradou colegas e amigas e ela passou a produzir sob encomenda. Dessa etapa para a produção em série e exposição em feiras foi um pulo. "Onde abre um espaço para artesão, estou lá", acrescenta.

Hoje, a artesã vende seu trabalho nos finais de semana e feriados em uma feira permanente tradicional nas proximidades de Brasília, a Feira do Guará. "Esse ano quero começar a vender para lojas", declara. Sobre seu dia-a-dia comenta que trabalha muito, de segunda a segunda. "A gente trabalha mais do que outras pessoas. Não temos férias, nem feriado". Nanrery espera o dia em que o País reconheça oficialmente a profissão do artesão. "Temos uma carteirinha do Governo do Distrito Federal, que comprova a nossa profissão, senão poderíamos ser expulsos de alguns locais ou perder nossas mercadorias", diz ela.

Cada expositor tem uma história para contar. O Dia do Artesão é comemorado por eles com grande satisfação. "Estamos vivendo o melhor momento do artesanato", afirma Nilce Parente de Alencar Corres, instrutora do Sebrae no DF e professora de bordado. Ela faz parte da Associação de Bordadeiras de Taguatinga. "Nasci em Pernambuco, fui criado no Ceará e vim para Brasília há 25 anos". Nilce já ajudou a fundar outros grupos de bordadeiras no DF. "Nunca vai faltar cliente para o artesanato", afirma convicta.

Para comemorar com mais alegria o Dia do Artesão, Nilce diz que só falta a aprovação do Estatuto do Artesão, que está tramitando no Congresso Nacional. "Não é todo mundo que faz tudo isso", fala apontando as bancas de artesãos repletas de belos produtos na exposição do Casapark.

Mestres de Ofícios, na Praça das Artes (térreo) do Conjunto Nacional, até 31 de março Praça do Artesão, térreo do Casapark Shopping, até 19 de março | Por: Vanessa Brito e Márcia Gouthier/ASN

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