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26/02/2009 - 07:37

Diferencial a ser resgatado no embate contra a crise

Once upon a time.... num hotel nos Estados Unidos, o burburinho e os protestos indignados evidenciam haver ali um grande problema. Até o gerente já havia sido chamado para providenciar solução urgente. Os hóspedes, aflitos, não conseguiam concluir o breakfast, pois uma robusta fatia de pão enroscara na torradeira (daquelas de esteira giratória). Parou a máquina! Parou o café da manhã! Parou o hotel! Indiferente ao caos instalado, um brasileiro entra no salão, serve-se de café com leite, vai à torradeira, pega uma faca, desenrosca o pão, agora uma apetitosa torrada, passa manteiga, senta-se à mesa e come. Ohhhh! Os nativos formam nova fila em frente ao aparelho e, de modo ordenado, aguardam sua vez de esquentar o pão...

Análogos à performance do brasileiro no insólito episódio são o perfil menos burocrático e a capacidade administrativa, criativa e pragmática dos profissionais, executivos e empresários de nosso país. Virtudes determinantes ao sucesso das pessoas e das empresas, pois contribuem para a rapidez nas decisões, soluções objetivas e focadas nos verdadeiros problemas. Essas qualidades, não há dúvida, foram decisivas no enfrentamento das mais graves crises, da inflação de dois dígitos dos anos 80, da instabilidade política e até do impeachment de um presidente da República e seus nocivos efeitos na economia real.

Nos últimos anos, exigências curriculares superlativas e a valorização crescente do conhecimento agregaram mais virtudes aos executivos brasileiros: educação continuada, pós-gradução, MBAs, poliglotismo! Em paralelo, celulares e notebboks os mantêm permanentemente online com a empresa e o mundo. Todos esses importantes e desejáveis avanços, contudo, não podem extinguir aquelas virtudes atávicas de nossos gestores, em especial numa conjuntura sensível como a presente, quando o Brasil e o mundo defrontam-se com uma das mais corrosivas crises da história do capitalismo.

É um momento importante de reflexão sobre a descaracterização da identidade que se verifica nos últimos anos em profissionais brasileiros. Pesquisas indicam que numerosos gerentes e diretores, em função de sua faixa etária, jamais haviam enfrentado uma turbulência como a atual. Estavam acostumados a administrar a prosperidade; agora, terão de gerir a escassez. É hora de resgatar a criatividade, a ousadia responsável e a infinita capacidade de encontrar soluções para o aparentemente impossível.

É inexorável exercitar as brasileiríssimas virtudes gerenciais, logísticas, operacionais e de governança corporativa e de enfrentar a presente crise com a mesma capacidade criativa, coragem e competência que sempre caracterizaram nossos executivos nos mais duros embates. As empresas são instituições feitas à imagem e semelhança de seus dirigentes, profissionais e colaboradores. Portanto, serão capazes de superar as adversidades conjunturais à medida que seus recursos humanos tiverem, em paralelo ao conhecimento, muita disposição, criatividade, serenidade e visão estratégica.

. Por: Arthur Vasconcellos, engenheiro com MBA na Harvard Business School, é sócio da CT-Partners na América Latina, empresa norte-americana especializada no recrutamento de executivos de alto nível.

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