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21/03/2007 - 08:56

Encontro do ministro Celso Amorim com o presidente da Indonésia é marcado pela busca de cooperação bilateral


O ministro Celso Amorim foi recebido em Jacarta, em 20 de março, pelo presidente da Indonésia, Susilo Yudhoyono. Na ocasião, o ministro Amorim entregou carta do presidente Lula convidando o presidente indonésio a visitar proximamente o Brasil.

Durante o encontro, do qual participou a ministra do Comércio da Indonésia, Mari Pangestu, foram examinadas as possibilidades de cooperação entre os dois países nas áreas de etanol, biodiesel e petróleo, as perspectivas de ampliação do intercâmbio comercial nos setores de aviação civil e militar e a evolução das negociações da Rodada Doha da OMC, entre outros temas.

“Gostaria de dizer, em primeiro lugar, que me honrou muito ter sido recebido pelo Presidente Susilo. É minha primeira viagem à Indonésia. Vim aqui desta vez para participar da reunião do G-33. Ainda que o Brasil não seja membro do G-33, está coordenando outro grupo de países em desenvolvimento, o G-20, ao qual a Indonésia também pertence.

Por darmos grande importância, como país em desenvolvimento, à Rodada do Desenvolvimento de Doha, cancelei até mesmo alguns compromissos que tinha para poder vir aqui. Acho que valeu a pena pela importância dessa reunião e pelo momento das negociações. Minha vinda abriu também a possibilidade de discutir alguns assuntos bilaterais com o Presidente da Indonésia, a quem transmiti o convite do presidente Lula para visitar o Brasil, a fim de que nossos dois grandes países, esses dois gigantes, possam estreitar ainda mais suas relações. A Indonésia tem 240 milhões de habitantes, mais ou menos, e o Brasil está perto dos 200 milhões. Não temos tido grande proximidade. É bem verdade que temos trabalhado em conjunto, e de forma muito estreita, em organizações internacionais, em assuntos relativos à Organização Mundial do Comércio, às Nações Unidas e em outros foros, como o G-15, mas nem tanto na relação bilateral.

Acredito que há enormes oportunidades. Para mencionar uma delas apenas, cito a área de biocombustíveis - etanol, biodiesel - que constitui nova oportunidade para os países em desenvolvimento. Acho que nossos dois países podem trabalhar em conjunto nessa área, bem como em muitas outras, como em programas sociais, em comércio. Já há investimentos indonésios no Brasil. O Brasil também tem um importante investimento aqui: uma empresa brasileira comprou uma empresa canadense que explora níquel neste país. Mas penso que muito mais pode ser feito, em áreas como a aviação civil e na cooperação militar. Muito pode ser feito especialmente agora, quando somos ambos duas democracias bem consolidadas, que têm sido capazes de lidar com as respectivas situações econômicas. Considero que o momento é particularmente favorável para estreitar a cooperação bilateral.

Portanto, uma vez mais, gostaria de demonstrar meu reconhecimento à Indonésia por organizar esta reunião. Gostaria também de agradecer ao presidente Susilo por receber-me; como mencionei a ele, ao transmitir a mensagem do presidente Lula, esperamos muito que possa visitar o Brasil em breve, e que o Presidente Lula também possa vir à Indonésia.

Quais são as suas expectativas em relação à reunião do G-33? Primeiramente, acho que a reunião do G-33 é muito importante para, mais uma vez, expressar a unidade dos países em desenvolvimento. Entendo que o convite feito ao Brasil, que não é membro do G-33, deve ser visto como um sinal da importância dessa unidade dos países em desenvolvimento, pois foi isso que nos permitiu progredir desde Doha, em Cancún e depois em Hong Kong.

Em segundo lugar, espero também que o G-33, que, de modo geral, trata de preocupações relativas ao desenvolvimento rural, à agricultura familiar e à agricultura de subsistência, transmita uma mensagem firme, que defenda não apenas cada interesse individual, mas que também pressione por negociações. É muito importante que os países desenvolvidos, em especial os Estados Unidos e a União Européia - também o Japão e outros, mas especialmente esses dois grandes blocos -, percebam que, embora estejamos todos defendendo, é claro, nossos interesses, estamos comprometidos com a conclusão bem sucedida das negociações. E para que as negociações sejam concluídas com êxito, há que se levar em conta fundamentalmente – de modo equilibrado, mas fundamentalmente – os interesses dos países em desenvolvimento. Espero que esse encontro mande uma mensagem firme no sentido de pressionar pelas negociações, mostrando que todos nós – falando agora em nome dos países em desenvolvimento – estamos preparados para fazer a nossa parte. Mas que são os grandes países, é claro, que devem ter a maior responsabilidade, em especial no que se refere à eliminação ou diminuição dos subsídios.

O que o G-20 pode fazer? Muitos dos países que são parte do G-33 são também membros do G-20, inclusive a Indonésia. A Indonésia, a Índia, a China e tantos outros. Mas o G-20 tem um espectro mais diferenciado de países, incluindo grandes exportadores agrícolas, como o Brasil ou a Argentina ou a Tailândia. São países que também se preocupam com a agricultura familiar e de subsistência. Nós pudemos fazer propostas que, em muitos aspectos, ofereciam um meio termo como solução, e isso aconteceu mesmo em áreas mais amplas, como acesso a mercado. As propostas que estão sendo discutidas agora em relação a acesso a mercado se baseiam nas propostas do G-20; até mesmo as idéias que estão sendo discutidas em relação à redução de subsídios baseiam-se também nas propostas do G-20. Assim, esperamos que o G-20 possa ajudar a reduzir diferenças em temas difíceis como produtos especiais e mecanismos especiais de salvaguardas, que são tão importantes para os países do G-33. Esperamos que possamos reduzir as diferenças, mas só poderemos fazer isso se entendermos bem os interesses dos países do G-33.”

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