Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

05/03/2009 - 11:15

Desculpe Antonio Ernesto

Nosso ex presidente do CNA por cinco mandatos, Antônio Ernesto Werna de Salvo, também era membro do Colégio Brasileiro de Juízes, do Conselho Técnico do Serviço de Registro Genealógico da Associação Brasileira de Criadores de Zebu - ABCZ e presidente da Associação dos Criadores de Guzerá do Brasil, sempre foi marcante em suas palestras.

Em uma de suas visitas ao Pará, ao citar as diversas vantagens de clima, solo, vegetação, situação geográfica, hidrografia e outros dados produtivos regionais, lembrou da nossa responsabilidade com a produção de matrizes e reprodutores puros de origem (P.O.) e fulminou os ouvintes com a pergunta:

- Qual o país do mundo teria uma fazenda, conduzida pela iniciativa privada, produzindo genética zebuína adaptada ao trópico úmido em larga escala como a Cedro em Marabá, no sul do Pará ? Questionou ainda quanto valeria este empreendimento rural de alta tecnologia para a sociedade urbana e produtores da região ?

Como Zootecnista responsável técnico pela fazenda na época, confesso que recebi a indagação com imensa satisfação e depois juntamente com o sr. Benedito Mutran Filho proprietário e nossos colegas da administração brindamos com o mesmo entusiasmo que saudávamos os títulos nacionais que trazíamos das exposições de Uberaba - MG.

No início de 2007, alcançamos a classificação de Área Livre de Aftosa com Vacinação no sul do Pará, em junho do mesmo ano faleceu Antonio Ernesto. O Pará agora com 20 milhões de cabeças de bovinos e bubalinos em seus pastos nem lembra mais do tempo que era importador de carne. Exportamos carne e genética e atraimos o investimento de grandes grupos, tão necessário para um Estado que tem bolsões de miséria e precisa de trabalho e emprego para uma imensa população rural.

O maior investidor, chegou com números nunca vistos na agropecuária mundial e com um investimento estimado de R$ 1,5 bilhões. É a Agropecuária Santa Bárbara, que fora antes cortejada pelos Estados de Rondônia, Goiás, Bahia e Mato Grosso para instalação deste mesmo projeto.

É a maior em criação de gado de corte criado a pasto do mundo, instalada em 500 mil hectares, localizada em 15 cidades paraenses, com um rebanho de 513 mil cabeças, inseminando 42 mil fêmeas, proporcionando 12 mil empregos diretos e 60 mil indiretos, cadastrando 500 fornecedores na região. No ano de 2008, realizou o abate de 110 mil bovinos nos frigoríficos paraenses e teve o nascimento em suas cultivadas pastagens de 1.200 bezerros (as).

Neste investimento, esta a fazenda Cedro, citada como exemplo de produtividade zootécnica. Nesta propriedade rural modelo estão 20 mil cabeças de gado, onde 8 mil tem registro de puro de origem, da indiana raça nelore, a mais importante raça de corte no mundo, responsável por produzir a necessária e nobre proteína animal através do pasto. Na Cedro, 100% das matrizes são multiplicadas por Inseminação Artificial (I.A.), Transferência de Embriões (T.E.), ou Fecundação In Vitro (F.I.V.) todas no programa de avaliação "Paint" da Lagoa da Serra e de suas baias continuam a nascer animais campeões e recordistas de importantes eventos.

Os tratadores, inseminadores, motoristas, vaqueiros, administradores, tratoristas, agronomos, veterinários, zootecnistas e outros da equipe da Cedro, hoje não estão mais avaliando a Diferença Esperada na Progênie (D.E.P.) e nem o Intervalo Entre Partos (I.E.P.) ou o Ganho de Peso Diário (G.P.D.), dados técnicos importantes para a seleção. Estão aguardando as tais Reintegrações de Posse por Varas Agrárias distantes do mundo rural.

Os brasileiros e especialmente os paraenses não mereciam estar assistindo estas cenas, na consolidada e reconhecida fazenda Cedro. Repetimos o descaso com a próxima e antes rica fazenda Peruano, também de seleção genética na raça nelore que ardeu em chamas no passado recente e hoje é a fotografia da miséria humana. No campo, local da gente que conhece o cheiro da terra molhada e o bem curar de um umbigo da cria que nasce, brotou a ira dos que fazem de uma enxada sua arma.

Desculpe Antônio Ernesto, continuamos de luto. Nossa gente merecia outra história.

. Por: Guilherme Minssen, zootecnista, diretor da FAEPA.

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira