Os truques para excluir as mulheres

São Paulo – Nomes diferentes para cargos iguais: este é o principal truque que as empresas que discriminam mulheres usam para perpetuar a diferença de pagamento, o que impede a caracterização de uma prática de exclusão. É o que revelam presidentes de Seccionais da Associação Brasileira de Recursos Humanos, que fizeram uma avaliação da situação da mulher no mercado de trabalho em uma conferência virtual promovida pela ABRH-Nacional.

Segundo José Itajara, presidente da ABRH-SC, a discriminação se dá de diversas formas, mas as principais são a utilização de nomenclaturas diversas para funções iguais e uma série de dificuldades impostas às mulheres no momento da promoção.

Um exemplo significativo de nomenclaturas diferentes que distinguem funções similares é o que muitas empresas usam quando definem um cargo como sendo “secretária” e outro como “assistente ou gerente de operações”, por exemplo. Em muitos sentidos estas atividades são similares, pois as secretárias atuais viabilizam uma série de atividades operacionais que mantém as empresas atuando, mas com remunerações inferiores àquelas pagas aos gestores de operações.

Segundo Maria Sampaio, presidente da ABRH-BA, as práticas discriminatórias contra as mulheres podem ser facilmente percebidas quando se analisam as estruturas salariais das empresas: “Uma análise até mesmo superficial sobre cargos e salários vai permitir avaliar se a empresa pratica algum tipo de discriminação. Mas talvez a hora da verdade esteja mesmo no momento em que a empresa distribui lucros: nesta hora, os casos de discriminação se tornam ainda mais evidentes”, explica Sampaio.

Ana Cristina Araújo, presidente da ABRH-PI, reforça o caráter discriminatório que muitas remunerações variáveis assumem. Segundo ela, é por meio da remuneração variável que algumas empresas mascaram a diferenciação que fazem entre determinados grupos, pois os ganhos variáveis ou participação nos lucros decorrem, muitas vezes, das avaliações subjetivas feitas por chefes homens. | Site: www.abrhnacional.org.br | Blog: http://abrhnacional.org | SlideShare: www.slideshare.net/abrh