Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

10/03/2009 - 09:44

Eduardo Viveiros de Castro e Alberto Mussa no Encontros na Travessa

Um dos mais importantes antropólogos da atualidade - e considerado um dos maiores pensadores do novo século -, Eduardo Viveiros de Castro divide com o público seu conhecimento das sociedades amazônicas e do pensamento indígena. Colega e discípulo de Lévi-Strauss, que o considera fundador de uma nova escola na antropologia, o professor do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro participa de debate com o escritor Alberto Mussa, na Travessa do Shopping Leblon, na próxima quinta-feira, dia 12 de março, a partir das 20h. Um dos mais singulares autores de sua geração, Mussa acaba de lançar Meu destino é ser onça, onde recria uma grande narrativa mitológica da tribo tamoio - os tupinambá do Rio de Janeiro. Após estudar os fragmentos de registros feitos pelo frade André Thevet sobre a cultura indígena, durante a ocupação da Baía de Guanabara, em 1550, e cotejá-los com as demais fontes dos séculos 16 e 17, o autor apresenta um ensaio ficcional do mito tupinambá, que abarca a história completa do universo.

Em 12 de março, às 20h, na Livraria Travessa/ShoppingLeblon, Afrânio de Melo Franco 290 - loja 205A, Leblon, Rio de Janeiro (RJ). Telefone: (21) 3138-9600. MEU DESTINO É SER ONÇA, Alberto Mussa . Editora Record , 272 páginas | Preço: R$ 39,00.

Um dos autores brasileiros mais premiados de sua geração, Alberto Mussa lança seu quinto livro, MEU DESTINO É SER ONÇA. Nele, literatura e ensaio se confundem - ou, como o escritor explica, trata-se um ensaio ficcional do mito tupinambá. Se nos livros anteriores Mussa debruçou sobre as culturas africana (em O trono da rainha Jinga) e árabe (O enigma de Qaf), dessa vez o autor investiga um outro povo e suas histórias: “Disse uma vez que me interesso por distâncias, históricas ou etnológicas. Não consigo escrever sobre o real, o presente, sobre minhas experiências pessoais, angústias ou frustrações. Minha literatura é uma busca pelo Outro, pela Diferença. É o que me estimula intelectualmente.”

Em torno de 1550, durante a ocupação da Baía de Guanabara pelos franceses, um certo frade católico, chamado André Thevet, andou pelos matos, acompanhado de um intérprete, registrando vários aspectos da natureza americana e da cultura dos indígenas com quem conviveu - a outrora poderosa tribo dos tamoio, como também eram conhecidos os tupinambá do Rio de Janeiro. Entre as informações mais interessantes obtidas pelo frade, destaca-se uma série de relatos míticos - que viriam a formar o maior corpus de mitologia tupi de todo o período colonial.

Escrito após extensa pesquisa, o livro é calcado nas informações colhidas diretamente dos tupinambás por historiadores e cosmógrafos que desembarcaram no país junto com os primeiros europeus. Da história contada pelos índios para Thevet, Hans Staden, padre Anchieta, Cardim e outras fontes dos séculos 16 e 17, o escritor tirou a massa bruta para montar uma espécie de quebra-cabeças e reconstituir uma grande narrativa mitológica dos tupinambá - que abarca a história completa do universo, de suas obscuras origens ao iminente cataclismo final -, preenchendo algumas lacunas, deixando outras. “Quis criar o ‘mito que poderia ter sido’, o ‘mito baseado em mitos reais’. É onde reside a literariedade do texto”, conta o autor.

O tema central de MEU DESTINO É SER ONÇA é a busca da terra-sem-mal, só atingível com a prática do canibalismo - costume que tanto repugnou aos europeus. Todavia, como se pode perceber nas entrelinhas, a complexa metafísica tupi aponta para uma surpreendente conclusão: a de que o rito antropofágico era, para os índios, a principal aquisição da cultura, capaz de transformar em Bem o Mal inevitável inerente à natureza. Segundo Mussa, “no jogo canibal, cada grupo depende totalmente de seus inimigos, para atingir, depois da morte, a vida eterna de prazer e alegria. O mal, assim, é indispensável para a obtenção do bem; o mal, portanto, é o próprio bem.”

Além do mito indígena - escrito num estilo simples, para evitar interferências de caráter autoral - o livro reproduz todas as fontes empregadas na restauração, o que torna este volume ainda mais interessante para o leitor contemporâneo, leigo ou especialista.

Alberto Mussa nasceu no Rio de Janeiro em 1961. Escreveu os contos de Elegbara, prefaciados por Antonio Houaiss e Hermano Vianna (para a edição Record); e os romances O trono da rainha Jinga, vencedor do concurso de bolsas da Biblioteca Nacional; O enigma de Qaf, que ganhou os prêmios da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) e da Casa de Las Américas, além de ter sido considerado pelo jornal O Globo um dos dez melhores livros de 2004; e O movimento pendular, prêmios APCA e Machado de Assis da Fundação Biblioteca Nacional. Traduziu diretamente do árabe a coletânea de poesia pré-islâmica denominada Os poemas suspensos. Sua obra tem sido estudada na Universidade de Stanford, Califórnia, e foi publicada em Portugal, Cuba, Itália e Inglaterra. Figurou na revista literária Europe entre os cinco autores mais representativos da prosa brasileira atual. Segundo o Le Monde e o Die Zeit, foi uma das revelações do IV Festival Internacional de Literatura de Berlim.

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira