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21/03/2007 - 10:19

Cientistas e produtores mostram os ganhos que País pode ter com o milho transgênico

Representando 886 mil agricultores associados de 1549 cooperativas de seis Estados - 68% desses agricultores donos de áreas de menos de 10 hectares - o diretor executivo da Coodetec - Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola, Ivo Carraro, defendeu ontem, durante Audiência Pública convocada pela CTNBio - Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, o direito de plantio de milho transgênico. "Assim como trabalhamos com a pesquisa e com o plantio de sementes orgânicas queremos ter o direito de trabalhar com a pesquisa e o plantio de transgênicos", declarou. Dos seus 15 minutos de exposição, cedeu cinco para o testemunho do produtor Almir Rebelo, de Tupanciretã (RS). Este foi mais enfático: "Temos que acabar com essa armação internacional ridícula contra o Brasil poder plantar o milho transgênico", afirmou aos participantes da Audiência Pública. Informou ainda que Tupanciretã é o maior produtor municipal de soja transgênica no mundo e que na última safra a produtividade local chegou a 50 sacas por hectare.

Para Silmar Teichert Peske, professor titular da Universidade Federal de Pelotas-RS e também diretor de tecnologia da Abrasem (Associação Brasileira de Sementes e Mudas), o Brasil precisa produzir mais e melhor, tanto o pequeno quanto o grande agricultor. Ele demonstrou que 65% da produção brasileira de milho destina-se ao setor de rações, gerando alimentos para criações de frango, porco e ovos, de extrema importância na dieta alimentar do brasileiro, sem falar nas exportações do segmento dentro do agronegócio. "O milho é componente intrínseco de mais de 600 produtos. Quando falamos dele, estamos falando de uma grande cadeia interligada, passando pelos produtores, criadores, indústrias e consumidores", lembrou. Com relação ao resguardo do patrimônio genético do milho, constantemente argumentado pelos opositores da biotecnologia, informou que existem 18 centros internacionais de germoplasma do milho, incluindo o Cenargen - Centro Nacional de Recursos Genéticos da Embrapa. "Fluxo gênico é inerente ao cultivo do milho e nada tem a ver com transgenia. Há como separar por intervalo de tempo entre os plantios ou por separação espacial. Meu avô já sabia disso", destacou o professor, que também é presidente da Abrates (Associação Brasileira de Tecnologia de Sementes).

Já a presidente do IBCA (Instituto Brasileiro de Educação para o Consumo de Alimentos e Congêneres), a advogada Patrícia Fukuma, ao fazer sua exposição, defendeu a CTNBio como a comissão mista instituída com plenos direitos para deliberar sobre os OGMs (Organismos Geneticamente Modificados) no Brasil, lembrando que o órgão foi instituído dentro do arcabouço jurídico emanado da Lei Nacional de Biossegurança, votada no Congresso e sancionada pelo presidente Lula. "Não estamos aqui para discutir se vamos adotar a biotecnologia ou não. O Brasil já decidiu que adota a biotecnologia quando aprovou a lei em 2005. Temos agora de debater sobre como implantá-la, sobre como podemos contribuir para o seu avanço. Se não concordarmos com algo não será na CTNBio nosso foro adequado, mas no Congresso ou no Judiciário", destacou. Finalizou salientando que no Judiciário, quando um juiz tem que deliberar sobre um problema técnico sempre se municia do parecer de um profissional técnico. "Se a CTNBio é o órgão técnico temos que respeitá-la como tal."

A pesquisadora Leila Oda, presidente da ANBio (Associação Nacional de Biossegurança) também foi uma das expositoras convocadas para a Audiência Pública. Apresentou trabalho conjunto com a pesquisadora Leda Mendonça- Hagler, que partiu de documento lançado em 2006 pela FAO (Fundo da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) com os desafios mundiais do milênio -- Fome, Qualidade de Vida, Escassez de Água e Ambiente Saudável – em que defende o uso de tecnologias avançadas como a biotecnologia para que sejam alcançados. "Quando falamos de perdas agrícolas no cultivo de milho convencional, não estamos falando só de perdas econômicas. Nessas perdas, incluem-se os prejuízos ambientais, já que houve água desperdiçada, se usou combustível e se desgastou o solo desnecessariamente. Se temos uma tecnologia disponível que pode evitar isto, por que emperrá-la?" De acordo com a Embrapa, as perdas agrícolas anuais das lavouras de milho atingem 19% do total da produção.

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