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10/03/2009 - 10:47

“Palavra (En)cantada”, de Helena Solberg

Dia 10 de março (terça-feira) às 10h30, no Cine Academia de Tênis, sala 1 (Academia de Tênis José Farani - SCES Trecho 4, Conj. 5, Lote 1B)

Palavra (En)cantada, documentário de Helena Solberg, discute a relação entre música e poesia no Brasil.

Brasília - Em um país com uma forte cultura oral como o Brasil, a música popular pode ser a grande ponte para a poesia e a literatura. O interesse em promover o debate e a reflexão sobre esse tema foi o ponto de partida do novo filme de Helena Solberg: o documentário Palavra (En)cantada. Dois anos depois de muita pesquisa e a filmagem de entrevistas em maio e junho de 2007, o longa chega aos cinemas no dia 13 março de 2009. O filme ganhou o prêmio de melhor direção de longa-metragem/documentário do Festival do Rio 2008.

O filme conta com a participação de Adriana Calcanhotto, Antônio Cícero, Arnaldo Antunes, BNegão, Chico Buarque, Ferréz, Jorge Mautner, José Celso Martinez Correa, José Miguel Wisnik, Lirinha (Cordel do Fogo Encantado), Lenine, Luiz Tatit, Maria Bethânia, Martinho da Vila, Paulo César Pinheiro, Tom Zé e Zélia Duncan. A maioria das entrevistas foi feita em casa e alguns deles cantaram e tocaram canções especialmente para o documentário, fato que realça a atmosfera intimista do longa-metragem.

Depoimentos surpreendentes e belo repertório - O roteiro do Palavra (En)cantada tem sua narrativa construída na costura de depoimentos, performances musicais e bela trilha sonora. A abertura do filme é surpreendente, com Adriana Calcanhotto cantando, em franco-provençal, versos de Arnaut Daniel, poeta provençal do século XII, considerado um dos maiores da história, um artesão da integração entre palavra e som.

A partir da idéia sugerida por Lenine, de que os compositores brasileiros são descendentes diretos do trovador, o filme lança olhar sob diversos aspectos da formação cultural brasileira. Dos intérpretes que declamam poesia nos palcos aos cantadores nordestinos que improvisam diversos gêneros na viola, passando pelo Rap que, segundo o rapper Ferréz, “é uma mera continuação do cordel”, Palavra (En)cantada é uma reflexão sobre a tradição oral e a diversidade cultural brasileira, resultado do cruzamento entre as culturas erudita e popular.

“Criou-se no Brasil uma situação que não existe em nenhum outro país: uma canção popular fortíssima, que ganhou uma capacidade de falar e cantar para auditórios imensos, e levar para esses auditórios poesia de densa qualidade, com a leveza que a canção tem”, observa no filme o músico e professor de literatura da USP, José Miguel Wisnik.

Poetas-letristas, autores de livros que se tornaram compositores, poetas que tentam usar a música para ganhar mais dinheiro, poetas do morro, tudo isso é assunto do Palavra (En)cantada. O filme é costurado por passagens instigantes, como a declarada rejeição de Chico Buarque ao título de poeta, e emocionantes, como as imagens captadas de Hilda Hilst pouco antes da sua morte, reclamando que os poetas não são valorizados no Brasil e contando que, para ganhar mais dinheiro, pediu para Zeca Baleiro musicar seus poemas.

“Entrevistar pessoas muito assediadas e que já foram entrevistadas inúmeras vezes é um desafio. Abri o jogo com o Chico (Buarque). Ele riu muito e disse: ‘Então pergunta alguma coisa que nunca me perguntaram’. Este foi o meu fio condutor. Queria que os entrevistados sentissem que eu estava ouvindo pela primeira vez o que estavam me contando”, diz Helena Solberg.

Filme é rico em imagens raras - Palavra (En)cantada apresentará imagens inéditas no Brasil, como a encenação de Morte e Vida Severina, de João Cabral de Mello Neto, no Festival de Teatro Universitário de Nancy, na França, em 1966. Merecem destaque também imagens raras, que foram restauradas pela produção do filme, de Dorival Caymmi, nos anos 40, cantando e tocando O Mar ao violão.

O documentário também resgata um depoimento histórico de Caetano Veloso no Festival da Record, em 1967, logo após cantar Alegria, Alegria. Nele, Caetano fala de sua inspiração ao compor a música e ressalta a liberdade no uso da guitarra na música brasileira: “No Rio de Janeiro, disseram “Caetano vai usar guitarra numa música, quando chegar na Bahia vai tomar uma surra de berimbau”. O que eles não sabiam é que os baianos estão além!”.

Ponto de partida - A idéia do projeto surgiu há mais de três anos. No começo de 2005, Marcio Debellian, autor do argumento do filme, apresentou um projeto à Bienal do Livro para realizar pocket-shows de música e poesia durante o evento. O objetivo era mergulhar no universo particular de grandes compositores brasileiros, seus livros e autores preferidos, e como a relação de cada um com a poesia/ literatura influenciava o seu processo criativo. O conceito do projeto era trazer música, leitura de poesia e bate-papo para espetáculos pequenos, de atmosfera intimista. Mas acabou crescendo e se transformando em um longa-metragem.

“O mergulho nesta pesquisa trouxe à tona assuntos que iam além do impulso criador de nossos artistas, e que falavam de aspectos significativos da formação cultural brasileira. Achei que o assunto merecia ser documentado”, diz Marcio. Ao final de 2005, Marcio Debellian e a Radiante Filmes, produtora de Helena Solberg e David Meyer, celebraram um acordo para a produção do filme. Um ano depois, haviam viabilizado os recursos para início das filmagens. | O site oficial do filme é www.palavraencantada.com.br.

Depoimentos.: Helena Solberg, diretora: “O filme construiu seus fundamentos baseado em 18 entrevistas que fizemos com músicos, poetas, compositores e pensadores que ofereceram suas idéias e opiniões sobre a trajetória da musica popular brasileira nas últimas seis décadas. São artistas e criadores cada um com um processo individual muito especial. Todos nos revelaram suas descobertas através da literatura e da poesia que eventualmente foram fonte de inspiração em seu processo criativo.

Para nossa pesquisa tivemos como coordenador o Prof. Julio Diniz, Diretor do departamento de letras da PUC e seus colaboradores Heloisa Tapajós e Frederico Coelho. Além dos poetas e compositores, considero o que chamo dos nossos “gurus” que iluminaram com suas idéias o projeto: José Miguel Wisnik, Antonio Cícero e Luís Tatit, entre outros.

Wisnik considera o fato de o Brasil não ser uma cultura, por assim dizer, “letrada” e, sim, muito mais oral que compensamos o que poderia ser uma deficiência passando muito diretamente dos meios orais para o rádio e a televisão, para os meios audiovisuais. A música popular brasileira tem um papel muito importante de manter viva a literatura com a qual ela dialoga. Começamos com um conceito e ao longo do fazer fomos descobrindo outros caminhos.

Marcio Debellian, um amigo, me procurou com a proposta de tentarmos fazer um documentário sobre a relação entre música e poesia no Brasil. Este projeto marca o encontro de três linguagens diferentes e de certa forma complementares: o cinema, a literatura e a música. Como promover o ‘diálogo’ destas três formas de expressão na narrativa do filme foi um grande desafio.

É muito curioso que, com um certo distanciamento, vejo que o Palavra (En)cantada segue uma linha que tenho perseguido em meus outros trabalhos: focalizar personagens que possam iluminar com suas memórias e impressões questões que têm a ver diretamente com nossa identidade traçando um mapa dos valores sociais pelos quais nos pautamos. Acho que o filme, mais do que sobre a música e a literatura, é um olhar abrangente sobre nossa cultura.

A literatura foi essencial para a minha formação. Fiz a faculdade de Neolatinas na PUC. Quando entrei eu vinha de muitos anos de colégios franceses onde fui fortemente exposta à literatura francesa. A universidade é onde descubro a riqueza da nossa literatura (incluindo a Latino Americana) e isso foi um deslumbramento para mim. A literatura cria imagens dentro de nós que pertencem só a nós mesmos. Seria como um arquivo privado que consultaríamos o resto da vida. Erza Pound disse: ‘A função da literatura é nutrir de impulsos’.”

Marcio Debellian, autor do argumento e co-produtor: “O impulso para realizar o Palavra (En)cantada vem de gostar demais de música brasileira. Vem também do fato de eu fazer parte daquele grupo de pessoas que pode lembrar da sua história pessoal pelo que ouviu e cantarolou em cada época da vida e, especialmente, pela música ter despertado em mim tanto interesse por poetas e escritores que nunca havia lido. A música me apresentou um universo literário absolutamente fascinante. Hoje, percebo que este traço é comum na formação da minha geração.

Quando vejo o filme pronto, relembro momentos da minha memória afetiva, como quando aos 8 anos de idade, no banco de trás do carro do meu pai, ouvia Matita Perê, de Tom Jobim, sem absoluta noção de que aquilo era inspirado no universo de Guimarães Rosa. Lembro-me das explicações da minha mãe sobre as letras de Chico Buarque e Caetano Veloso: “o cálice” que era “cale-se” e a poesia concreta das esquinas de Sampa. Recordo a ordem das músicas no caderno de violão da minha irmã que iam de Lupicínio Rodrigues a Vinicius de Moraes, e das noites mal-dormidas na casa do meu avô, que até hoje só dorme de rádio ligado.

Remeto-me à descoberta de Antônio Cícero, em 1994, que chegava até mim pelo disco “O Chamado” da Marina, que trazia dois poemas primorosos, “Guardar” e “Eu vi o Rei Passar”, este último presente no filme. Viro cúmplice do depoimento de Adriana Calcanhotto, que diz ter chegado a Fernando Pessoa ainda adolescente via um disco de Maria Bethânia, e penso no meu espanto de ver, pela primeira vez, nossa grande intérprete em cena declamando o poeta português, no espetáculo Imitação da Vida. E como não mencionar a dificuldade que foi decorar a letra do Ciruladô de Fulô, que eu achava que era do Caetano, mas é de Haroldo de Campos?

O Palavra (En)cantada foi meu primeiro trabalho com cinema, e fonte de grande aprendizado em diversos aspectos. Foi uma grande oportunidade trabalhar com tantas pessoas especiais que se juntaram a este projeto, como nossos pesquisadores Júlio Diniz, Fred Coelho e Heloísa Tapajós, e a grande montadora e roteirista, Diana Vasconcellos.

Os realizadores.: Helena Solberg: No mercado de cinema e TV há mais de 20 anos, dirigiu o longa-metragem Carmen Miranda: Bananas Is My Business, filme que mistura documentário e ficção, lançado em 1995. O filme estreou no mesmo mês em Nova York e Rio de Janeiro. No Festival de Brasília, ganhou o Prêmio de Melhor Filme pelo Júri Popular, o Prêmio da Crítica e o Prêmio Especial do Júri. Nos EUA, o filme foi visto em várias salas de cinema, começando pelo Film Forum de New York, ganhou o “Gold Hugo Award” de Melhor Docudrama no Festival Internacional de Chicago, e foi selecionado entre os 10 melhores filmes de não ficção de 1995 pelo crítico Andrew Sarris. Entre outros prêmios, também saiu vitorioso do Festival de Havana e de Uruguai. Foi convidado para mais de 35 festivais de cinema internacionais, e foi transmitido nacionalmente nos EUA em rede de televisão. Helena Solberg também dirigiu vários filmes para HBO, PBS (EUA), Channel 4 Television (Inglaterra), Radiotelevisão Portuguesa (RTP), Corporation for Public Broadcasting, National Geographic Television, e National Film Board of Canadá. O documentário From the Ashes... Nicaragua Today ganhou o prêmio “National Emmy Award,” e entre seus outros filmes, Home of the Brave, The Double Day, Simplesmente Jenny, e The Emerging Woman também ganharam vários prêmios em festivais de cinema internacionais. Vida de Menina é seu primeiro longa de ficção. | www.radiantefilmes.com

David Meyer: Produtor do documentário Palavra (En)cantada e sócio da Radiante Filmes, o americano radicado no Brasil David Meyer assina as produções de filmes como Vida de Menina (2005) e Carmen Miranda: Banana is My Business (1995), ambos dirigidos por Helena SOlberg. David também esteve à frente da direção, roteiro e produção de outros títulos internacionais, como Into the Volcano, Paradise Lost, Jungle Pilots e Profiles: Ronis da Silveira, para a National Geographic Television. Ganhou o Emmy Award por direção do sweu filme “Doc Pomus.” Veja o currículo completo de David Meyer em www.radiantefilmes.com

Marcio Debellian, autor do argumento e co-produtor - Marcio Debellian tem 30 anos, fez graduação em Economia e pós-graduação em Marketing pela PUC-RJ e formação em Teatro na CAL – Casa de Cultura de Laranjeiras - e Laura Alvim. É sócio-fundador da Debê, empresa que atua em consultoria em comunicação e produção cultural para empresas como Saraiva, Souza Cruz, Light, Redecard, OdontoPrev, entre outras. Na área musical, foi responsável pela seleção do repertório do novo CD/DVD do saxofonista Leo Gandelman, “Sabe Você”, que conta com a participação de Chico Buarque, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Ney Matogrosso, entre outros. Ao final de 2008, dirigiu o show de lançamento do novo disco de Rodrigo Bittencourt e já está trabalhando na direção da turnê que Rodrigo e Thais Gullin, compositores da nova geração, farão juntos a partir de março.

Sinopse: “Palavra (En)cantada” – Direção de Helena Solberg (Brasil, 2008). Com depoimentos de Adriana Calcanhotto, Antônio Cícero, Arnaldo Antunes, BNegão, Chico Buarque, Ferréz, Jorge Mautner, José Celso Martinez Correa, José Miguel Wisnik, entre outros. Documentário. Em um país com uma forte cultura oral como o Brasil, a música popular pode ser a grande ponte para a poesia e a literatura. O ponto de partida do filme foi interesse em promover o debate e a reflexão sobre esse tema. A maioria das entrevistas foi feita em casa e alguns artistas cantaram e tocaram canções especialmente para o documentário. 86 minutos. O site oficial do filme: www.palavraencantada.com.br | Trailer: http://www.palavraencantada.com.br/trailer-home

Perfil da Radiante filmes - A Radiante Filmes produziu Vida de Menina e o documentário Carmen Miranda: Bananas Is My Business, assim como vários outros filmes e programas de televisão. Para a National Geographic produziu cinco documentários inclusive Ronis da Silveira, Paraíso Perdido e Jungle Pilots; oito filmes para HBO e também tem filmes para Arts & Entertainment e Turner Broadcasting. Produziu documentários para PBS nos Estados Unidos e BBC na Inglaterra, como Chile: Por la Razón o La Fuerza, Home of the Brave, Café Lena, Nicarágua: das Cinzas e Simplemente Jenny, entre outros.

Palavra (En)cantada.: Direção: Helena Solberg | Produção: David Meyer | Argumento e Co-Produção: Marcio Debellian | Roteiro: Diana Vasconcellos, Helena Solberg e Marcio Debellian | Montagem: Diana Vasconcellos | Coordenador de Pesquisa: Júlio Diniz | Pesquisadores: Frederico Coelho e Heloísa Tapajós | Pesquisa de Arquivo: Antônio Venâncio.

Equipe São Paulo: Diretor de fotografia - Pedro Farkas A.B.C. | Câmera - André Luiz de Luiz | Logagem - Fernando Rozzo | Assistente de câmera / logagem - Thais Taverna | Eletricista - Fernando Baia | Maquinária - Neto (José Dantas de Assis Neto) | Som – Gabriela Cunha | Assistente de som - Vinícius Casimiro | Direção de produção - Maria Farkas | Equipe Rio de Janeiro:Diretor de fotografia – Luis Abramo | Câmera – Stefan Kolumban Hess | Assistente de câmera / logagem – Reginaldo Lopes | Elétricista – Hélio Xerem | Assistente elétrica – Dininho | Som – Cristiano Maciel | Direção de produção – Marcelo Ferrarini | Assistente de produção -- Liana Frota Codina | Fotografia adicional -- Mustapha Barat | Som adicional -- Heron Alencar, Toninho Muricim | Assistente de montagem – Welington Dutra | Projeto gráfico e videografismos: Tecnopop | Música Incidental – Leo Gandelman e Nico Rezende | Finalizador – Marcelo Pedrazzi, Afinal Filmes | Edição de som/Mixagem – Denilson Campos | Laboratório: Labo Cine do Brasil| Assessoria jurídica: Correa e Figueiredo – Advogados | Rights Clearance: Solberg, Soares e Chafir – Advogados Associados | Ancine: Lei Rouanet e Audiovisual | O Palavra (En)cantada conta com o patrocínio e apoio das seguintes empresas: | Editora Saraiva | Saraiva Megastore | Suzano Holding | C&A .

Cabine de Imprensa do documentário “Palavra (En)cantada”, no dia 10 de março, às 10h30, no Cine Academia de Tênis, sala 1 (Academia de Tênis José Farani - SCES Trecho 4, Conj. 5, Lote 1B). Só para convidados. Informações: (61) 3242-9058/2845.

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