"O Futuro em pauta: Grupo EQM investe em programas ambientais"

No dia Mundial da Água, entrevista especial com a bióloga, Sônia Roda: “Todos precisam ter conhecimento e adotar a questão ambiental como prática cotidiana. Isso vai desde a conscientização do uso de papel e copos descartáveis nos escritórios à liberação de materiais nocivos no meio ambiente”.

Preservação ambiental, auto-sustentabilidade, energia limpa e combustível ecologicamente correto. Termos que vem ganhando força nos últimos tempos, com a conscientização dos empresários sobre sua responsabilidade para com a natureza e que felizmente parece ter se tornado o assunto da vez no Brasil. Para o Grupo pernambucano EQM, a utilização equilibrada dos recursos naturais já não é novidade e cada vez se torna mais avançado. No momento em que a expansão da cana preocupa, conheça alguns dos doze programas já em andamento, sob supervisão altamente especializada .

Estabelecida no país desde 1895, a centenária usina Cucaú (adquirida pelo Grupo EQM em 2000), situada em Rio Formoso – Pernambuco –, têm se destacado pelas ações de reflorestamento, preservação da fauna e flora locais, comercialização de créditos de carbono e ações que visam à conscientização de seus colaboradores e da população do entorno quanto à necessidade da convivência harmônica entre homem e natureza. O reconhecimento social já pode ser comprovado: com apenas sete anos de gestão, a empresa recebeu por dois anos consecutivos, entre outros, o Prêmio MasterCana de Co-geração de Energia e possui os títulos Empresa Amiga da Criança e Empresa Amiga da Natureza.

Ainda assim, para os diretores do Grupo, esse reconhecimento mostra apenas que as ações efetivadas são um indicativo de acerto, mas consideram que ainda estão apenas a caminho de atender à crescente demanda por preservação natural. Por isso, num salto de qualidade, a usina Cucaú, agora em 2007, resolveu profissionalizar ainda mais suas ações em favor da natureza. Numa iniciativa pioneira no Estado de Pernambuco, a bióloga paraense Sônia Aline Roda, mestre e doutora em Biologia, diretora de projetos do Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (CEPAN), foi contratada exclusivamente para coordenar as políticas de preservação das usinas de cana-de-açúcar do Grupo.

Doze programas, elaborados de acordo com as necessidades de cada região, serão criados, englobando não apenas a usina de Pernambuco, mas também as demais pertencentes à EQM: as destilarias Tuntum, no Maranhão, a Araguaia, no Mato Grosso, e Tocantins, no Estado de mesmo nome (onde foi a primeira a se instalar).

Características dos programas: – O Programa Ambulatorial abrange os cuidados com o lixo produzido no posto de saúde da Vila Cocaú (onde se localiza a Cucaú) e no ambulatório da usina.

– O Programa de Conscientização Ambiental, que dá continuidade a ações já iniciadas pelo grupo.

– A Emergência Ambiental terá uma programação elaborada pela CIPA. Há também o programa de Qualidade do Ar e outro específico para a Água.

– O Programa Carbono (certificado pela Organização das Nações Unidas) para a emissão de créditos será aperfeiçoado com relatórios semanais produzidos para acompanhar e monitorar o processo de co-geração, e obter mais Certificados de Redução de Emissão (CER).

– O Programa Florestal, que visa à recuperação de áreas degradadas, de Áreas de Preservação Permanente (APP) e Reservas Legais (RL). Ele foi dividido nos subprogramas Viveiro, Mata Ciliar, Reservas Legais e Áreas Degradadas, Aceiros, Biodiversidade, RPPN, de Controle e Retirada de Madeira e Caça, e de Controle Biológico de Pragas.

– O Programa Urbano irá contemplar inicialmente situações verificadas no entorno da Usina Cucaú, e o Programa Institucional destina-se a vincular o nome da usina a ações ambientais. Para implementar os programas, será proposta a criação de um comitê interno de meio-ambiente capacitado para analisar e discutir ações ou intervenções nessa área, que contará com a participação do empresário Eduardo de Queiroz Monteiro, presidente do Grupo EQM e o maior entusiasta da iniciativa.

Usina modelo – Para marcar o lançamento das propostas, o grupo participou ativamente do 11º Seminário Regional sobre Cana-de-açúcar, promovido pela Sociedade dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros do Brasil – STAB Regional Setentrional, realizado em Recife neste mês de março. Por dois dos quatro dias do evento, a Cucaú foi tema de palestras. A bióloga Sônia Roda apresentou o tema “Desenvolvimento Sustentável: Compromisso com o Futuro” e o engenheiro agrônomo Vamberto Geraldo de França Silva discorreu sobre: “Observações Preliminares de Colheita Mecanizada na Usina Cucaú”, notável também pelo moderno processo de mecanização de colheita.

Entrevista especial com a bióloga, Sônia Roda: “Todos precisam ter conhecimento e adotar a questão ambiental como prática cotidiana. Isso vai desde a conscientização do uso de papel e copos descartáveis nos escritórios à liberação de materiais nocivos no meio ambiente”.

Como você, bióloga, vê a iniciativa do Grupo EQM de contratar uma profissional para gerir as ações ambientais?

- A iniciativa é sem dúvida um grande avanço no setor sucroalcooleiro. Muitas empresas já vêm contratando profissionais com formação na área biológica, mas em Pernambuco esta ainda não é uma prática habitual. O grupo EQM sentiu a necessidade de contratar um biólogo com uma visão conservacionista (no sentido da conservação dos recursos naturais) dos processos envolvidos em gestão ambiental, o que facilita resolver demandas relacionadas a impactos causados sobre a biodiversidade, e não apenas um administrador de problemas ambientais.

Qual é a expectativa do Grupo com as ações desenvolvidas?

- A expectativa é grande. Isto estimula mais o meu trabalho no grupo. O presidente do Grupo EQM, Dr. Eduardo Monteiro, tem apoiado as ações ambientais que tenho proposto para as empresas até o momento, consciente de que elas irão auxiliar na solução de passivos ambientais das empresas e na solução de problemas já detectados.

Quais foram os critérios utilizados para a elaboração do plano?

- Nossa meta é aliar a conservação aos processos industriais. Foram vários os critérios estabelecidos, sendo dois os mais representativos: um deles é a conservação dos recursos naturais, como água, áreas florestadas, fauna e flora, que estão diretamente relacionados aos processos industriais. Tudo está interligado em uma empresa. Por exemplo, se não manejamos corretamente a água consumida na usina, assim como aquela que é liberada nos efluentes, quem sofrerá as conseqüências no futuro serão as nossas matas ciliares, os fragmentos florestais e toda a biodiversidade associada. Outro critério é o envolvimento dos funcionários nas questões ambientais das empresas.

Qual é o resultado, a longo prazo, que se pode esperar dessas ações?

- Espera-se que a orientação e adoção de ações a curto, médio e longo prazo, conduzam as empresas do grupo ao mais próximo possível da sustentabilidade, monitorando e avaliando permanentemente para efetuar as correções necessárias ao processo ao longo do tempo. Embora um conjunto de práticas ambientais adotadas pelo setor sucroalcooleiro possa resultar em proteção de remanescentes, aumento de cobertura florestal e adequação à legislação, isso não é suficiente para evitar perda de diversidade biológica e empobrecimento regional. Há necessidade de outros setores industriais se adequarem a uma nova consciência ecológica.

Qual é o papel dos colaboradores da usina para que o projeto tenha sucesso?

- Eles devem participar ativamente de todos os programas ambientais, pois são os atores principais, cada um na sua área. São eles os principais responsáveis para uma gestão ambiental bem sucedida, pois vão “fazer cumprir” e monitorar estes programas. Um treinamento em conscientização e práticas ambientais é o primeiro passo, pois deverão fazer parte de uma nova realidade a ser vivenciada pela empresa. Todos precisam ter conhecimento e adotar a questão ambiental como prática cotidiana. Isso vai desde a conscientização do uso de papel e copos descartáveis nos escritórios à liberação de materiais nocivos no meio ambiente. Do administrador ao empregado que manipula os mais complexos equipamentos na fabricação de açúcar e álcool.| Por: B&A