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12/03/2009 - 09:39

China: da desaceleração ao aquecimento

Rodrigo Maciel, secretário-executivo do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), explica como, em apenas um ano, a China passou de uma política de esfriamento da economia para uma política de reativação econômica e qual a relação disso com a crise mundial, ele fala também do papel do produto chinês no mercado brasileiro e as vantagens do investimento no gigante asiático.

Segundo Maciel, ao contrário do que acredita o senso comum, a principal causa da desaceleração econômica da China não foi a crise mundial, e sim as medidas internas adotadas pelo governo chinês desde 2007 para combater a inflação: "É claro que a crise tem uma contribuição significativa, devido à queda da demanda americana e européia."

Maciel observa que a China vinha passando por um período de alta inflação, concentrada no setor de alimentos e que foi se espalhando para outros setores, chegando a um nível insustentável.

Para combater a inflação, o governo chinês teve de adotar medidas para desacelerar a economia, dentre elas: aumentou juros, reduziu investimentos e limitou empréstimos em bancos. Esse pacote atingiu em cheio a construção civil, um setor muito significativo para a economia chinesa. “Isso teve um impacto muito forte na economia chinesa e, somado a isso, no cenário externo, a crise mundial contribui para uma desaceleração ainda maior na economia do país asiático”, disse Maciel.

No fim do ano passado, quando a crise norte-americana começou a potencializar a desaceleração chinesa, Beijing deu meia volta. "Buscando a retomada da atividade produtiva e a geração de empregos, o governo chinês anunciou um novo pacote, agora de estímulo, para manter a economia acelerada, focando principalmente no setor de construção”, observou.

Ele explica que, na China, esse setor fomenta a indústria pesada, que representa mais de 70% de toda a produção industrial daquele país, possibilitando a geração de muito mais empregos do que a produção manufatureira.

Apesar de tudo, Maciel lembra que, em 2008, o país apresentou crescimento de 9%. “ O que é espetacular, sem dúvida nenhuma, mas já abaixo das taxas dos anos anteriores. Desde 2002, a China vinha crescendo acima de 10%. Para 2009, o CEBC estima um crescimento entre 7,5% e 8%, o que sem dúvida continua sendo um crescimento bastante significativo e volumoso num ano de recessão mundial", continuou o secretário-executivo.

Papel do produto chinês no mercado brasileiro - Segundo Maciel, as pessoas acreditam - equivocadamente - que o Brasil importa da China apenas bens finais ou de consumo. “Entretanto, se olharmos a pauta da importação brasileira, verificamos exatamente o contrário: o grande importador de produtos chineses é a indústria brasileira”, apontou.

Maciel chama a atenção para o fato de que a indústria brasileira está se beneficiando de um fornecedor estratégico mais barato, a China, que torna a própria industria mais competitiva, tanto no mercado interno, como externo. “É o caso do setor de telefonia, das empresas de produtos eletrônicos para máquinas compressoras. Cerca de 77% do que o Brasil compra da China são maquinários para abastecer a indústria", afirmou o executivo da CEBC.

Para Maciel, o grande problema é que pessoas ainda vêem a China como na década de 1980, quando ela ainda era basicamente uma exportadora de manufaturas simples. “Grande parte do que ela exporta hoje para o mundo é produto de alto valor agregado”, informou Rodrigo.

“Mais de 68% do que é exportado para mundo tem como origem o capital estrangeiro que está instalado na China. São empresas americanas, brasileiras e europeias que se instalaram no gigante asiático para produzir e exportar para o mundo”, frisou.

Maciel ressalta que os empresários brasileiros precisam entender melhor a China para poder competir com ela, ou trabalhar em conjunto. ?Temos que parar com essa noção retrógrada de que tudo deve ser produzido no Brasil. “As empresas têm que ser competitivas no país e no mundo e é a partir disso que teremos aumento de produção”, conclui Ricardo Maciel. | Podcast Rio Bravo.

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