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Brasil cria rede para pesquisar fusão nuclear como alternativa energética

O ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, assinou nesta terça-feira (7), no Instituto de Física da Universidade de São Paulo, a portaria que cria a Rede Nacional de Fusão (RNF), que irá reunir inicialmente 70 pesquisadores de 17 instituições nacionais que desenvolvem pesquisas nessa área. É o começo da união de esforço do país para dominar a tecnologia da fusão nuclear controlada, uma fonte de energia limpa e com capacidade de suprir grandes demandas. A cerimônia foi organizada pela Sociedade Brasileira de Física (SBF).

A RNF será coordenada pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), unidade do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), e já tem garantida para este ano R$ 1 milhão para sua implantação. “A partir do ano que vem os recursos sairão por meio de editais”, disse o ministro, durante o ato de assinatura da portaria. De acordo com ele, embora a tecnologia da fusão nuclear só venha a ter aplicações práticas daqui a 30 ou 40 anos, o Brasil precisa estar preparado para quando isso ocorrer. “Se não investirmos em pesquisa nessa área, quando a aplicação vier não teremos condições de aproveitá-la”, explicou.

Segundo presidente da SBF, Adalberto Fazzio, o objetivo da RNF é promover o avanço da pesquisa em fusão nuclear no Brasil, desenvolvendo a capacitação científica e técnica necessárias para a viabilização dessa tecnologia como fonte de energia. “É fundamental que o país estabeleça uma política energética atendendo a demanda imediata sem esquecer o médio e o longo prazo, explorando as diversas alternativas existentes”, disse Fazzio. “E dentre essas alternativas a longo prazo está a fusão nuclear controlada.”

Ela é o mesmo processo físico que gera a energia das estrelas, fundindo o núcleo de átomos de hidrogênio. No caso da fusão termonuclear controlada, tecnologia que o homem começa a dominar, são fundidos núcleos leves de deutério e trítio, dois isótopos do hidrogênio. Isótopos são átomos de um elemento químico, cujos núcleos têm o mesmo número atômico (mesmo número de elétrons), mas massas diferentes. O deutério e o trítio, embora leves são mais pesadas que o hidrogênio. Quando fundidos, liberam grande quantidade de energia. É diferente do que ocorre nas usinas nucleares de hoje, nas quais a liberação de energia se dá por fissão nuclear, ou seja, a divisão por reação em cadeia dos núcleos dos átomos. O deutério é encontrado na água e o trítio, no solo.

A fusão nuclear controlada teve sua viabilidade científica demonstrada nos anos 1990, com equipamentos denominados tokamaks, desenvolvidos por cientistas russos. Os primeiros experimentos bem-sucedidos foram realizados na Europa, com o tokomak Joint European Torus (JET) e nos Estados Unidos, com o tokamak Tokamak Fusion Test Reactor (TFTR). São pequenos reatores, onde ocorre a fusão de núcleos atômicos.

Agora o desafio é desenvolver reatores grandes o suficiente para gerar energia para abastecimento público. Já há um projeto de um protótipo de reator de fusão nuclear chamado International Thermonuclear Experimental Reactor (ITER), que será construído na França. É o resultado da colaboração internacional entre a Comunidade Européia, Rússia, Japão e Estados Unidos. Recentemente China, Coréia do Sul e Índia juntaram-se ao grupo. “A intenção do Brasil é ir gradualmente se integrando ao ITER”, revelou o ministro Sergio Rezende.

O Brasil já vem realizando pesquisas nessa área há cerca de trinta anos, com grupos de cientistas em várias instituições. A RNF pretende coordenar e ampliar essas atividades, estabelecer prioridades e gerenciar as colaborações internacionais. Além disso, com a RNF, o Brasil pretende desenvolver tecnologias próprias e ingressar no esforço internacional que busca viabilizar o uso da fusão nuclear em larga escala. Para o futuro, está prevista a criação de um Laboratório Nacional de Fusão, a ser implantando na estrutura da CNEN.

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