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22/03/2007 - 09:32

Unibanco quer atingir rentabilidade de rivais maiores

São Paulo - A perda de posições no ranking do sistema financeiro não incomoda o Unibanco, que promete concentrar a expansão da carteira de crédito em 2007 em segmentos de risco menor, fora do empréstimo pessoal tradicional, com destaque para o financiamento de veículos e operações com cartões.

"A minha corrida é por rentabilidade, não por ranking de ativos", afirmou à Reuters o vice-presidente corporativo do Unibanco, Geraldo Travaglia Filho.

Em 2006, ano de forte expansão do crédito e aumento da inadimplência, a adoção de uma política conservadora na concessão de empréstimos levou o banco da família Moreira Salles a perder para ABN Amro e Santander duas posições no ranking de ativos totais entre as instituições financeiras privadas no Brasil, caindo para a quinta posição.

Segundo Travaglia, a meta principal daqui para frente é a de reduzir ainda mais a diferença de retorno sobre o patrimônio líquido do Unibanco, a principal medida de rentabilidade de um banco, em relação aos seus concorrentes.

O executivo destaca o fato de em menos de três anos essa diferença ter caído de 18 pontos percentuais para 6 pontos percentuais na comparação com o Itaú . E de 15 pontos percentuais para 7 pontos em relação ao Bradesco .

"É uma diferença que nunca esteve tão pequena. E esse é o nosso objetivo: como eu consigo me colocar na faixa de retorno dos líderes de mercado. É isso que vai fazer com que o banco tenha uma performance melhor, com que as ações ganhem liquidez, com que os acionistas fiquem satisfeitos... Em suma, é isso que vai fazer com que a companhia cresça", sublinhou.

De acordo com Travaglia, a percepção de que o mercado de crédito pessoal mudou de maneira estrutural nos últimos anos, sobretudo pela franca expansão da modalidade de crédito consignado (com desconto em folha de pagamento), explica essa estratégia.

"O consignado, com o tamanho que tem hoje, alterou a renda disponível dos tomadores e impactou diretamente outras modalidades de crédito pessoal."

Na Fininvest, braço de financiamento pessoal do Unibanco, a taxa de aprovação do crédito chegou a ser de 40 por cento, caiu para algo como 8 por cento e hoje está em torno de 20 por cento.

"Temos muito claro que essas taxas de aprovação jamais voltarão aos 40 por cento", disse o executivo.

Futuro nos cartões - Para analistas do setor, incrementar uma carteira de crédito formada sobretudo nas financeiras e nas parcerias de varejo do Unibanco é hoje um de seus principais desafios.

"Nas financeiras, você acaba tendo uma espécie de monoproduto. Para alavancar isso, você precisa trazer essa base de clientes para outras modalidades de crédito, gerando assim importantes ganhos de escala", comentou a analista Tamara Berenholc, da agência de rating Standard & Poor's.

Uma das apostas do Unibanco nesse sentido está nos cartões de crédito. Mesmo tendo vendido a sua participação na Credicard, o banco é hoje o segundo maior emissor de cartões do mercado, com cerca de 20 milhões, ficando atrás apenas do Itaú.

O financiamento de veículos --que cresceu pouco no ano passado devido a um desmonte de posições do Unibanco no segmento de motocicletas-- e crédito imobiliário também estão na mira da instituição financeira.

A cautela do Unibanco no crédito elevou a rentabilidade do banco e foi bem recebida pelo mercado, mas o fato de o banco ter encolhido em relação aos demais suscitou questionamentos sobre o seu posicionamento.

Eterno alvo -Como tantas outras vezes, levantou rumores sobre a possibilidade de que isso representasse uma oportunidade de oferta hostil de compra por algum interessado em disparar no ranking do setor.

"O porte e a estrutura do Unibanco sempre fizeram com que ele fosse um constante alvo de boatos sobre possíveis aquisições. Deixando de lado o fato de que todo banco tem o seu preço, o que vimos até agora é que o Unibanco continua se fortalecendo para operar de maneira sustentável, mesmo que não por meio de uma expansão de redes como o fizeram Itaú e Bradesco", comentou o ex-presidente de um grande banco estrangeiro no Brasil.

Para o vice-presidente do Unibanco, esse é um assunto que não ganha mais destaque dentro da instituição. "Quanto a ser comprado ou não ser comprado, eu digo só uma frase: estamos sendo comprados desde 1998, ou seja, faz quase 10 anos que estamos sendo comprados", disse.

"Posso dizer, de maneira tranquila, que o assunto de comprar e vender não chega nem a nos aborrecer mais aqui."

Na visão de Travaglia, a discussão que se coloca é outra: se o Brasil só vai ter espaço para dois bancos. "Ou Inter ou Grêmio, ou Palmeiras ou Corinthians, ou Flamengo ou Fluminense. É uma visão da qual eu discordo", concluiu Travaglia.| Por:André Palhano/Reuters

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